Este artigo objetiva estabelecer relações entre a psicologia, como campo de produção de saberes e práticas, e questões centrais suscitadas pelas chamadas teorias transviadas (queer) e aleijadas (crip). Essas teorias surgem como contraponto às epistemologias que concebem os sujeitos de forma universalizante e normalizadora, e levam em conta como enquadramentos tais como os de gênero, sexualidade, raça e deficiência se inscrevem nos corpos e produzem subjetividades localizadas social, histórica e politicamente. Entendemos que suas contribuições se dão no sentido de trazer à tona os mecanismos de classificação, hierarquização e exclusão produzidos e perpetuados pelos ideais da corponormatividade e da cisheteronorma, que conferem inteligibilidade a determinados corpos, enquanto relegam outros à abjeção. Por fim, pontuamos a necessidade de a psicologia, ao ser interpelada por esses saberes contra-hegemônicos, haver-se com a própria implicação no processo de adequação e normalização dos modos de existência dissidentes, bem como nas relações de poder que sustenta por meio de seus discursos e práticas.
Resumo No contexto atual de retrocessos no campo da saúde mental, dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos, os falatórios poéticos de Stella do Patrocínio ecoam como registros de um passado manicomial que insiste em retornar. O objetivo deste artigo é problematizar os falatórios de Stella do Patrocínio, contidos no seu livro póstumo “Reino dos bichos e dos animais é o meu nome” (2001), no que se refere às sexualidades. A partir de um diálogo interseccional, tais falatórios permitiram ver uma sexualidade associada a enquadramentos normativos de gênero, raça e classe e seus efeitos nos processos de subjetivação. Além disso, foi evidente a articulação entre a lógica asilar, a biopolítica e a eugenia com os saberes e práticas das ciências psis que tendem à tutela e normalização das sexualidades, principalmente de corpos como o de Stella. Portanto, Stella nos deixa importantes contribuições e questionamentos para o campo da psicologia.
Este artigo tem como objetivo analisar as fotografias de Diane Arbus, especificamente os (des)enquadramentos dos corpos freaks/monstruosos. Para isso, inicialmente, problematizamos a ética na fotografia e sua utilização como um dispositivo disciplinar que reifica a norma, principalmente quando se trata do controle e da vigilância dos corpos. Posteriormente, analisamos a vida e algumas obras de Diane, além da relação que a fotógrafa estabelecia com as pessoas fotografadas. Foi possível identificar nas fotos desta artista uma “outra” estética que abre fissuras epistemológicas ao queer e crip e rompe com enquadramentos fotográficos históricos de captura dos corpos freaks/monstruosos a partir das lentes da espetacularização e/ou da tragédia. As fotografias de Arbus permitem que vejamos corpos não passíveis de serem aprisionados e retratam existências que rechaçam a norma; corpos monstruosos desejantes, vidas vivíveis.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.