Madrid: Paideia; Ed. Morata, 2000. 232 p.O que diferencia um livro de tantos outros que lemos e nos leva a nominá-lo como um livro especial? Essa pergunta talvez não tenha sentido quando pensamos nas leituras que fazemos com um prazer "que se constrói aos poucos, à medida que se liga a palavra à frase, ao que é dito", leituras nas quais a história ou o conteúdo, em si, quase que passam para o segundo plano, já que passa a importar muito mais "a maneira como esse narrado vai sendo desenvolvido, num crescendo, tomando o leitor por inteiro, prazer desfrutado pouco a pouco até o prazer final, supremo deleite que se sente ao fechar o livro e querer mais..." 1 Mas faz todo o sentido tentar responder a isso quando se trata de resenhar um livro, exatamente porque temos, então, de fazer uma análise e uma indicação -empreendimentos que envolvem refletir sobre e narrar a nossa própria experiência de leitor ou leitora. Corremos alguns riscos nesse processo porque o modo como o fazemos atravessa e demarca outras relações, ainda inscritas no futuro, com o texto em pauta. Pode-se argumentar que essa é, exatamente, a finalidade de uma resenha e, portanto, a atribuição do/a resenhista, de forma que resolvi correr esses riscos pela primeira vez, para falar de um livro que considero especial: Schooling Sexualities, o livro de Debbie Epstein e Richard Johnson, editado pela Open University Press em 1998 e que foi publicado em espanhol no ano passado (2000), por iniciativa da Fundación Paideia, no âmbito da Colección Educación Crítica, dirigida por Jurjo Torres Santomé.Não foi propriamente pelo tipo de prazer acima referido, mas como doutoranda em fase final de curso que fiz minha primeira leitura deste livro de Epstein e Johnson, há quase três anos. Estava envolvida com a escrita de minha tese e essa leitura me foi apontada como um "exemplo" de pesquisa pós-estruturalista, na qual a construção de um referencial teórico-metodológico complexo se fazia por dentro da análise empírica, numa investigação que envolvia procedimentos e dados extraídos de fontes de natureza e amplitude bastante diversas. E a autora e o autor faziam isso utilizando um estilo de escrita que, com essas características (ou apesar delas), conseguia reunir um (para mim) conjunto expressivo de qualidades: consistência, acessibilidade, clareza, simplicidade e rigor.Naquele momento, portanto, não me aproximei do livro em função do tema nele discutido, ou buscando a "aprendizagem" dos referenciais teóricos e dos conceitos-chave ali adotados. O que eu buscava, com a leitura, era visualizar um jeito de analisar e articular dados e conceitos e de narrar esse processo de pesquisar. Um jeito que envolvesse: operar com conceitos mais do que discorrer sobre eles; possibilidades de fazer leituras significativas de aspectos naturalizados ou banalizados do cotidiano; construir um texto que expressasse a conflitualidade e multidimensionalidade do social e da cultura, explorando os efeitos da articulação de gênero com outros marcadores sociais tais como sexualidade e nacionalidade...
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