Resumo O artigo apresenta os resultados de uma investigação realizada junto a pessoas com quadro psiquiátrico grave de um grupo psicoterapêutico. Partindo da metodologia do Laboratório de Humanidades (LabHum), foram realizados 11 encontros para a discussão da obra O Alienista. Das 22 pessoas que participaram da dinâmica, 14 eram usuários em sofrimento mental. Posteriormente, foram realizadas seis entrevistas de História Oral de Vida, analisadas pela Imersão/Cristalização, técnica inspirada na Fenomenologia Hermenêutica. Os eixos temáticos encontrados foram loucura, estigma, formas de tratamento, ciência, poder e o LabHum. A experiência do LabHum mostrou que este é um espaço com efeito terapêutico, promovendo entre os participantes uma maior compreensão de suas histórias de vida e do lugar que ocupam na sociedade, através da experiência do difuso e do indeterminado, algo que a literatura proporciona. O estudo apontou para a pertinência do LabHum enquanto uma possibilidade terapêutica que é capaz de contribuir e agregar com as formas existentes de tratamento, em consonância com valores e diretrizes da Reforma Psiquiátrica.
O presente artigo tem como objetivo apresentar parte dos resultados de uma investigação realizada com pessoas com quadro psiquiátrico grave de um grupo psicoterapêutico. Partindo da metodologia do Laboratório de Leitura (LabLei), foram realizadas duas experiências literárias: 1) Leitura da obra “O Alienista” de Machado de Assis, com 11 encontros; e 2) Leitura da obra “O sonho de um homem ridículo”, de Fiódor Dostoiévski, com oito encontros. No total, 25 pessoas participaram, sendo 17 usuários em sofrimento mental, seis terapeutas e dois pesquisadores. Posteriormente, foram realizadas seis entrevistas de História Oral de Vida que puderam ser analisadas a partir de uma compreensão winnicottiana. Como resultado, o Laboratório de Leitura (LabLei) se mostrou efetivo como um coadjutor do espaço terapêutico, favorecendo um modo de comunicação não repetitiva e reveladora de outros materiais psíquicos, proporcionando um espaço potencial integrador do mundo externo e interno, além de fomentar a expressão artística e a criatividade.
Partindo de uma investigação que procurou compreender as repercussões da leitura e da discussão de obras literárias entre estudantes e profissionais da área da Saúde, as reflexões teórico-metodológicas deste artigo nasceram das dificuldades enfrentadas na hora de “organizar”, “analisar”, “compreender” e “interpretar” o vultoso volume de material qualitativo produzido. Desse modo, em um esforço de organizar e, ao mesmo tempo, evitar compreensões ingênuas, sistematizamos um método imersivo fundamentado na fenomenologia hermenêutica, em que as narrativas produzidas foram transcriadas em uma nova produção textual, como resultado da tentativa de explicitar as compreensões das narrativas obtidas. Surpreendidos pelos bons resultados dessa Compreensão Interpretativa, concluímos que esse método pode ser adequado não somente para o aprofundamento em textos narrativos, mas para organizar discursos, apreender percepções, significados e compreensões, possibilitando interpretações plausíveis e interligadas, sobretudo quando há uma demanda vultosa de dados qualitativos.
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