A partir de uma série de experiências de trabalho em situações de desastre, notadamente na região serrana do Rio de Janeiro, Brasil, no início de 2011, este artigo pretende contribuir com a reflexão a respeito da atuação do psicólogo em um contexto de desastres. Inicia-se por uma breve retomada histórico-institucional da questão no Brasil, para, então, apresentar algumas reflexões conceituais e práticas da saúde mental a esse respeito; e, por fim, discutir princípios e diretrizes de intervenção em situações de desastre, tendo como pano de fundo o cenário fluminense de janeiro de 2011. Pretende-se, com isso, argumentar que a intervenção do psicólogo num contexto de desastres deve ser articulada com outras instâncias, contextualizada e descolada da noção de traumatismo como principal operador da clínica.
Resumo: Eventos críticos (EC) são eventos que dão início a uma cadeia de incidentes, resultando em uma situação de desastre, a menos que um sistema de segurança interfira para evitá-lo ou minimizá-lo. Este artigo apresenta um relato de experiência durante um EC em que psicólogas elaboraram a estratégia de gestão da atenção psicossocial e saúde mental decorrente do incêndio na boate Kiss, ocorrido em 2013, na cidade de Santa Maria (RS). O objetivo deste relato de experiência é apresentar e analisar a estratégia elaborada de apoio psicossocial e de saúde mental. Fazendo uso de métodos qualitativos, iniciamos a discussão descrevendo a rede pública de Atenção Psicossocial do município na época em que ocorreu o incêndio. Na sequência, delineia-se uma análise descritiva das medidas tomadas nas primeiras 24 horas após esse evento e, finalmente, apresentam-se as estratégias elaboradas para os meses subsequentes. Para esse relato foram utilizados dados e referências do Sistema Único de Saúde e do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, contemplando o panorama nacional no momento da intervenção. Dentre os resultados destacam-se a imprescindibilidade do trabalho articulado no nível loco-regional e o delineamento da avaliação sistemática envolvendo os três entes federados. Atividades e ações elaboradas como resposta foram estruturadas de forma condizente com as necessidades psicossociais do público-alvo, bem como com as diretrizes e políticas (inter) nacionais, enfocando a criação de uma estratégia articulada e sustentável em um curto e médio prazo e visando o bem-estar psicossocial dos afetados. Palavras-chave: Intervenção na Crise, Serviços de Saúde Mental. Saúde Pública. Intervenção Psicossocial.
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