Neste estudo, faz-se uma revisão dos percursos do Ensino de História como campo e objeto de estudo, buscando construir uma reflexão sobre as heranças legadas por essa trajetória aos pesquisadores e às propostas atuais do campo. Para tal intento, percorre-se um caminho que parte da história do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e do Colégio Pedro II, passa pela inauguração da temática do Ensino de História como objeto de reflexão teórica e culmina em uma breve síntese das presentes frentes investigativas que compõem o campo de pesquisa do Ensino de História no Brasil.
Parte-se do pressuposto de que o tempo presente constitui um objeto de análise privilegiado do historiador, cuja contribuição é produzir reflexões de natureza histórica que combatam o efêmero, produzam sentidos da experiência diante do esquecimento e forneçam elementos de inteligibilidade do contexto. Investiga-se como o tema das Jornadas de Junho de 2013 é apresentado nos livros didáticos de História, tomando como corpus as 19 coleções inscritas no PNLD 2017, destinadas aos anos finais do ensino fundamental. Em tal corpus, analisa-se a narrativa historiográfica adotada, as propostas de atividades, as interpelações positivas e negativas atribuídas ao assunto, os materiais que subsidiam o tema e, por fim, as orientações destinadas aos professores para ancorar a abordagem em sala de aula, conforme disposto no Manual do Professor. Conclui-se que a narrativa das Jornadas de Junho de 2013 nos livros didáticos de História é predominantemente descritiva, baseada em fontes jornalísticas, com restritas possibilidades de estabelecer análises diacrônicas do fenômeno. Há, todavia, abordagens que trazem os eventos de forma problematizadora, expondo a conjuntura a partir de diversos ângulos e dando voz a diferentes sujeitos/grupos sociais
Na mitologia grega, heróis são tidos como semideuses, personagens situados em uma posição intermediária entre os homens e os deuses, cujos poderes eram superiores aos dos humanos em força e inteligência, embora não possuíssem a prerrogativa da imortalidade. A palavra provém do latim heros, e aos poucos foi sendo adotada para designar, nas sociedades ocidentais, o homem ilustre, famoso por suas façanhas e virtudes, que leva a cabo uma ação heroica em prol da coletividade. A figura do herói, ao longo dos séculos, foi se plasmando nos textos de poetas, cronistas e historiadores, nos manuais escolares, em museus, monumentos, estatuária, toponímia, edificações, coleções arqueológicas e históricas, de acordo com as circunstâncias políticas e sociais de cada época e de cada sociedade. A história escolar se constituiu como o locus privilegiado para a disseminação de uma dada cultura histórica, fortemente vinculada às chamadas memórias de bronze, ao fortalecimento do sentimento patriótico e à construção da nação. No Brasil, a obra de José Veríssimo (1985), intitulada A Educação Nacional, é exemplar para se compreender o papel do ensino de História na construção da nacionalidade. Publicado no Pará em 1890 e reeditado no Rio de Janeiro em 1906, o livro reflete a visão de um autor preocupado com a educação e com os problemas pedagógicos da sua época. Como se vê, a obra é escrita um ano após a proclamação da República e reeditada no momento em que se discutia a chamada Nova República, momentos efervescentes da política nacional. José Veríssimo era um homem do seu tempo, bastante interessado nas experiências educacionais de países como Estados Unidos, França, Alemanha, Inglaterra, Portugal, mas estava de costas para as nações latino-americanas. Ao tratar da história pátria e da educação nacional, o autor
Neste artigo, perscruta-se um corpus de 63 trabalhos – 48 dissertações e 16 teses – que tematizam a aprendizagem histórica, advindos de programas de pós-graduação stricto sensu brasileiros, a fim de identificar seus aportes teóricos e conceituais, em um recorte temporal de treze (13) anos (2005-2018). Dessa análise resulta um mapeamento compreensivo que permite visualizar a existência de três matrizes teóricas basilares dos estudos sobre aprendizagem histórica no Brasil, a saber, (1) a Teoria da História de Jörn Rüsen; (2) os estudos da History Education inglesa e (3) uma terceira via matricial, a “desviante”, cujos estudos têm como aporte autores do campo da Educação e da Psicologia.
A história escolar, ao longo das últimas décadas, tem sido palco de profundas controvérsias quanto ao seu lugar nos sistemas educativos e ao seu papel na formação da consciência histórica dos jovens. No marco das culturas globalizadas, visualiza-se um crescente fascínio pelo passado e, paradoxalmente, coloca-se em questão se (e o que), de fato, podemos aprender com a História. O artigo ora apresentado resulta de um projeto internacional e interinstitucional intitulado Jovens e a História no Mercosul, tomando dados sobre a cultura histórica de estudantes secundaristas brasileiros, ao analisar os personagens da história que habitam suas representações sociais. Trata-se de buscar compreender as interpretações que os sujeitos fazem do passado, considerando as representações sociais como lugar de confluência entre a cultura, as práticas sociais, a memória coletiva e as suas identidades sociais. Os estudantes indicaram os três principais heróis nacionais em sua opinião, por ordem de importância, e os dados foram tratados pelo software Evoc 2000, com base no conceito de núcleo central da Teoria das Representações Sociais.
Em 2020, o mundo foi fortemente afetado pela pandemia provocada pelo SARS-CoV-2, situação agravada no Brasil pelo aprofundamento da crise econômica e pela inábil coordenação da crise sanitária pelo governo federal. O contexto resultou na suspensão de atividades presenciais nas instituições educativas e a subsequente instalação do ensino remoto. No presente artigo, buscamos problematizar os impactos das restrições dos elementos físicos que até a pandemia subsidiaram o que se compreende como aula de História. Apontamos que os impactos do ensino remoto dependem, em grande medida, das intencionalidades da História escolar. Quando se opera com a interação viva e potente entre os sujeitos do ensinar-aprender, muito se perde com a interdição da aula presencial e também com a ausência de interação virtual qualificada, na ocasião do ensino remoto.
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