O objetivo deste texto é analisar as relações entre referencialidade e subjetividade em textos literários contemporâneos à luz das teorias de Luiz Costa Lima sobre o “sujeito fraturado” e de como, a partir disso, pode-se chegar a um entendimento mais amplo das teorias bakhtinianas de polifonia e dialogismo.
A temática bíblica está presente em várias obras do escritor judeu-gaúcho-brasileiro Moacyr Scliar (1937-2011) desde o início de sua carreira. Entretanto, tal temática ocupará um papel central nas narrativas apenas nos últimos romances publicados em vida pelo autor. Neste artigo, analisarei somente o romance A mulher que escreveu a Bíblia (1999), embora aquilo a que chamo de “tríade bíblica scliariana” conte ainda com os romances Os vendilhões do Templo (2006) e Manual da paixão solitária(2009). As três obras têm em comum o fato de serem construídas por meio da recriação, reinvenção e ficcionalização do mundo, episódios e personagens bíblicos a partir de um olhar contemporâneo. Assim, vemos surgir nas narrativas os grandes tópicos de nosso tempo, como as questões de gênero e sexualidade, os papéis familiares, intolerância religiosa, poder e corrupção e a dimensão errática e plural da História, entremeados e enlaçados ao olhar que supostamente os contemporâneos dos fatos narrados na Bíblia e os contemporâneos de sua escritura e da canonização de seus livros tinham dos mesmos. Ao proceder tal mescla de olhares e de procedimentos narrativos, Scliar constrói narrativas de alcance universal que, não obstante, muito revelam da cultura e da sociedade brasileiras.
Neste texto, pretende-se examinar os processos históricos e culturais contemporâneos da formação da identidade e imaginários judaicos no Brasil como parte integrante das formulações mais gerais sobre a identidade nacional e suas interações mútuas com as outras micronarrativas identitárias que a compõem, avaliando os diferentes “pesos” a elas atribuídas no nosso senso de pertencimento cultural.
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