Resumo Discutimos a tentativa de organização do Hospital Proletário na capital da Paraíba nos anos 1930. Para tanto, problematizamos a cobertura do jornal A União sobre esse episódio. O envolvimento de diferentes atores – trabalhadores, associações e médicos – revela a emergência de uma nova forma de pensar e praticar as políticas de saúde. Conforme o projeto varguista de construção nacional, tais ações visavam à formação de trabalhadores saudáveis, aptos para o mercado e úteis para a nação. Apesar de seu fracasso, o projeto do hospital evidencia as diferentes concepções sobre a saúde dos trabalhadores na Era Vargas. Apropriamo-nos dos conceitos de “interdependência sanitária”, “medicina social”, “cidadania regulada” e “trabalhismo”.
In this thesis, we analyse the medical discourses about working classes which circulated in Paraíba between 1930 and1945. Thus, we seek to problematize the unfolding of the doctor's authorized speech about the social representations which were built around the worker's image. Despite the social laws in period, the salaried classes in Paraíba went on facing difficult living conditions and high levels of work exploitation. Besides, the public health network and the social security system remained far too distant from Paraiba's proletariat needs. Within this historical context, whether through the newspapers which circulated among the great public, or through their Medical Society, their conferences and their specialized journals, the doctors elaborated several discourses about the working classes' health and diseases. Many times overlooking the structural reasons for the "maladies" which afflicted these groups, doctor's from Paraíba represented them as a "sick organ", which needed to be "healed" to restore health to the "social body". In this sense, they produced diagnostics and proposed therapeutics with strong disciplinary content, searching to (con) form a "new worker", who would supposedly be healthy, orderly and productive. In order to discuss these issues, we analysed mainly the daily newspapers which circulated through the state and medical journals produced by doctors from Paraíba. In addition to these documents, we have also based our work on laws and decrees about public health and sanctioned work relationships during Vargas' first government. In the analysis of this documental corpus, we approach the theoretical references of Cultural History, especially as it refers to their formulations about the historical and social dimension of the "representations". In order to problematize the relationships between the Brazilian State and the working classes during the getulian period, we dialogued with the notions of labour developed by Ângela de Castro Gomes, and "regulated citizenship" elaborated by Wanderley dos Santos. At last, based on the concepts of "disciplinary power", "discursive device" and "biopolitics", formulated by Michel Foucault, we discuss the participation of the medical knowledge in the social control politics which sought (yet not always achieved) to "govern" workers from Paraíba in the decades of 1930 and 40.
ResumoNeste artigo, analisamos as possíveis articulações entre a produção científica do saber médico e a ideologia política do "trabalhismo" implementada no governo Vargas, problematizando a participação da ciência médica na tentativa de (con) formação das classes trabalhadoras. Para abordar este problema, discutimos especificamente como os médicos que atuaram na Paraíba durante este período se apropriaram dos corpos de trabalhadores que frequentavam os serviços públicos de saúde como "objetos de ciência". Para isso, problematizamos os discursos médicos produzidos sobre os grupos subalternos na revista Medicina, publicação oficial da Sociedade de Medicina e Cirurgia da Paraíba, entre os anos de 1932 e 1942. Além de fornecer novas possibilidades de leitura sobre a produção científica longe dos grandes centros, a análise da documentação permite concluir que tais práticas e discursos médicos não se limitavam à Paraíba, visto que a política de centralização administrativa implementada por Vargas e as redes de comunicação da ciência, de que faziam parte os doutores paraibanos, ligavam as questões locais ao contexto nacional e mesmo internacional. Para discutir as relações entre Estado e classes trabalhadoras no período getulista, nos baseamos na noção de "trabalhismo", desenvolvida por Ângela de Castro Gomes. Já para problematizar as interfaces entre saúde e política no mesmo período, dialogamos com os conceitos de "medicina social", "dispositivo" e "biopolítica", formulados por Michel Foucault. Palavras-chave: História da medicina; História do trabalho; Governo Vargas; Paraíba; Imprensa.
Analisamos as condições de vida dos trabalhadores paraibanos entre 1930 e 1945, demonstrando que o trabalho continuou sendo fator de exploração e adoecimento. Também evidenciamos que, apesar da política repressiva, os trabalhadores reivindicavam direitos, inclusive apropriando-se do discurso oficial. Para tanto, analisamos jornais da época: A União e Voz da Borborema, alinhados com os grupos dominantes; e A Batalha, um “Órgão dos Trabalhadores”.
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