Como toda imagem, o autoretrato solicita a distância, nem que seja a distância de um braço, como é o caso das selfies. Assim, o texto é constituído por sete pequenas seções, sete movimentos de distanciamento reflexivo – provisórios, tênues, hesitantes – que têm em comum o nome próprio, o gesto, a escrita e a transmissão, tópicos que se organizam em torno de um clichê fotográfico de minhas avós, entre outros apelos, que habitam o visível como exigência (Mondzain). Responder à exigência do que pede a se constituir como imagem é o movimento que, por sua vez, me constitui como artista.
O ensaio apresenta a obra do artista israelense Micha Ullman. Seu apego ao solo ganha forma em escavações que afirmam a nova realidade das práticas (anti)monumentais a partir da segunda metade do século XX, que conduzem nosso olhar a um movimento descendente, levando-nos a tomar consciência das complexas relações entre subterrâneo e superfície, memória e esquecimento. A obra de Ullman confere forma à memória traumática, que dificilmente se integra à vida, e faz surgir inscrições, grutas, criptas escavadas no espaço urbano e na história. Ullman ativa um novo eixo de operações artísticas – a partir do Oriente Médio –, criando relações tensas e necessárias com o Ocidente. No texto, são feitas aproximações entre Ullman e Hélio Oiticica, assim como à poesia de Paul Celan.
O texto aborda a série Perigosos, subversivos, sediciosos (‘Cadernos do povo brasileiro’), que integra a mostra Hiatus: a violência ditatorial na América Latina, com curadoria de Márcio Seligmann-Silva, realizada no Memorial da Resistência / Estação Pinacoteca, São Paulo, de 21 de setembro de 2017 a 12 de março de 2018. Feito a partir de publicações censuradas na ditadura civil-militar brasileira, o trabalho consiste na montagem de livros e imagens de arquivos, propondo a experiência de um novo livro – expandido e espacializado.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.