o título proposto (profissão e educação) sugere, logo de início, antinomia entre os dois conceitos, embora o correto fosse, talvez, se desejamos confrontar as duas posturas, opor educação à profissionalização, pois.educação é um processo e profissão um resultado. Ou seria mais correto, como hoje se faz e como os textos legais determinam, tratar a profissionalização como uma sub classe da classe geral "educação", dividindo esta em: .a) geral; b) profissional ou profissionalizante? Ora, todo mundo parece saber o que seja educação profissional ou profissionalizante, porque todo mundo pensa saber o que seja uma profissão (quando tentamos penetrar na semântica do conceito é que percebemos não ser tão fácil defini-lo).Mas o que seria, então, educação geral?! Quando Jean Píaget tenta descrever o que seja "esquema de ação", afirma que "esquema é o que é comum a várias ações", isto é, é aquilo que é geral, na singularidade de cada ação, donde se conclui que, na diversidade das ações, aparentemente diferentes, há sempre algo geral imanente, o que, transpondo para nossa real ou aparente antinomia, significa que, na singularidade múltipla das profissões, há sempre algo que seria objeto da educação geral, mesmo porque o ser humano não dispõe senão do seu comportamento (motor, verbal e mental) para realizar a multiplicidade das tarefas que denominamos profissionais. Como, então, distinguir, no processo educativo, o que seria "geral" (isto é, "esquemático", no sentido piagetiano) e "profissional"? Não seria, então, melhor atentarmos para o resultado, em vez de nos atermos aos mecanismos do processo? Neste caso, sabemos, nitidamente, que o resultado da educação profissional ou profissionalizante é a "profissão". Mas, qual seria o resultado da educação geral? Uma "generalização"? Poderemos, então, opor "comportamento profissional" a "comportamento geral" ou "generalízante"? E onde ficaria o "geral" que todo comportamento singular ou particular contém?! Retomando a antinomia do título, poderíamos, em vez de confrontar educação e profissão, conservar da expressão "educação" seu nobre sentido helênico de paidéia (formação do homem como membro epístêmico da espécie), denominando a educação profissional ou profissionalizante de adestramento (a transmissão ao homem genérico de habilidades adequadas para a sua participação social, em determinado grupo, num certo momento de sua história), expressão que tem a vantagem de incluir não só as habilidades "produtivas", como a aprendizagem sócio-cultural característica do grupo ( e aqui se começa a perceber que não é tão fácil, como parece, definir profissão, da mesma forma como não é fácil caracterizar o que seja produção: caçar, por exemplo, é uma atividade produtiva, mas poder-se-ia dizer o mesmo do ato de a criança mamar em sua mãe?). Educar, nesta perspectiva, seria "estimular esquemas (gerais) de ação", e adestrar seria "exercitar ações particulares não-transferíveis para outra situação" (e aqui, novamente, pergunta-se se há ações particulares que não terminem em esquemas gerais). Neste ...
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