É preciso pintar, não para se fazer uma obra, mas para se ver até onde uma obra pode ir.
Dentro de uma perspectiva epistemológica, este texto propõe uma reflexão liminar sobre a semiologia, a partir da própria nomenclatura: falar “semiologia” ou “semiótica” implica significações, fincadas em pressupostos e fundamentos diferenciados.
na clavE do dEcadEntisMo portuguêsFundado, em 1915, pela "Geração Orpheu", o Modernismo português ocupa, na cena da literatura universal, lugar especial, sobretudo pela figura ímpar de Fernando Pessoa (1888-1935, que se "outrou" em tantos que o "baú", por seu imprevisível acervo, não cessa de fascinar. Ao lado do poeta de Mensagem (1934), inscreve--se outro nome, quase um seu irmão-gêmeo -Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) -, que, embora não goze, como Pessoa, de uma fabulosa fortuna crítica, tem, também, uma produção, em prosa, em drama, em epistolografia e em poesia, tão polissêmica que não deixa de entusiasmar a quantos de sua obra tenham o privilégio de se achegarem. Tributário, como Álvaro de Campos -heterônimo pessoano -, do futurismo, que promoveu em seu país, Mário de Sá-Carneiro teceu, febrilmente, o elogio do cosmopolitismo e da civilização mecânica, a ponto de tomar emprestado às técnicas publicitárias os slogans e o grafismo, como fica mais que patente no poema "Manucure", publicado, em junho de 1915, no segundo e último número da revista Orpheu, de que extraímos este paradigmático fragmento: "E eu sempre na sensação de polir as minhas unhas / E de as pintar com um verniz parisiense, / Vou-me mais e mais enternecendo / Até chorar por Mim... / Mil cores no Ar, mil vibrações latejantes, / Brumosos planos desviados / Abatendo flechas, listas volúveis, discos flexíveis, / Chegam tenuamente a perfilar-me / Toda a ternura que eu pudera ter vivido, / Toda a grandeza que eu pudera ter sentido, / Todos os cenários que entretanto Fui... / Eis como, pouco a pouco, se me foca / A obsessão dé-bil dum sorriso / Que espelhos vagos reflectiram...". No primeiro número da revista Orpheu, publicado em março de 1915, Fernando Pessoa apresentou o decadentista poema "Opiário", justamente dedicado "Ao Senhor Mário de Sá-Carneiro", onde se lê esta alucinante estrofe inaugural: "É antes do ópio que a minh'alma é doente. / Sentir a vida convalesce e estiola / E eu vou buscar ao ópio que consola / Um Oriente ao oriente do Oriente".ALEA VOLUME 12 NúMERO 2 JULHO-DEzEMBRO 2010 p. 341-346
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