Este artigo trata do sofrimento como categoria identitária reconhecida pelos quilombolas de Pução, no Maranhão, e sua expressão nas manifestações culturais da comunidade. Desde o século XIX a comunidade vem passando por variados processos de expropriação que refletem os ciclos econômicos impostos à região onde está localizada. Os quilombolas relatam histórias de luta e sofrimento pela permanência no território, que demonstram sua ancestralidade na área e conformam o sofrimento como marcador identitário desse coletivo. O objetivo deste artigo é refletir sobre como esse marcador se expressa nas manifestações culturais da comunidade, mais especificamente no culto às almas e tambor de crioula. Essas manifestações são desenvolvidas como verdadeiras narrativas do processo de ocupação do território e cruza das trajetórias individuais e coletivas de seus habitantes.
Este trabalho apresenta reflexões preliminares acerca da experiência etnográfica no quintal de uma mulher que, segundo sua comunidade de pertença, “vira bicho”, o que corresponde à categoria nativa de populações amazônicas, “engerar”, referente a um processo mágico de metamorfose. O encontro com essa mulher se deu em uma comunidade quilombola na ilha do Marajó (PA), formada a partir da relação afroindígena, constituinte de um complexo cosmológico povoado de seres sobrenaturais que mantêm relações profundas com seus diferentes ambientes. Neles são estabelecidos vínculos complexos entre os elementos que os compõem. São lugares de morada em que o humano estabelece laços com os não humanos e com o si mesmo em movimento dialético. Os limites se definem e se borramem constante (re)criação. É onde se produzem cotidianamente os sentidos do ser e estar no lugar, que, por sua vez, institui um movimento criativo, uma ético-estética de atuação e interação com ele.
Este ensaio tem como objetivo apresentar o processo de construção e algumas das imagens resultantes do projeto arte-etnográfico "Dentre: mulheres, plantas e imagens", que se constitui como uma etnografia por imagens sobre a relação de mulheres e plantas, na comunidade quilombola de Mangueiras, município de Salvaterra, Ilha do Marajó/PA. Tecendo um diálogo entre antropologia e arte, percorremos as paisagens co-existenciais dos quintais de cinco mulheres para acompanhar o cotidiano do cultivo de plantas. Adentramos na esfera de um imaginário mítico e místico em torno do feminino e da flora da região, o abordamos por meio da linguagem visual de processos analógicos e artesanais da fotografia, como a cianotipia e o marrom Van Dyke, entrecruzando as raízes de mulheres, plantas e imagens. Palavras-chave: mulheres, plantas, imagens, cultivo Sobre o lugar, Mangueiras Mangueiras é uma das quinze comunidades quilombolas do município de Salvaterra, localizado no Arquipélago do Marajó, Pará. Segundo os moradores do local, Mangueiras seria a mais antiga comunidade quilombola da região, com mais de duzentos anos, onde encontramos ancestrais diretos dos antigos escravizados da região, de negros e indígenas. Distante 24 quilômetros da sede do município, o acesso a esta comunidade se dá a partir da sede por meio de uma estrada de piçarra e pelo rio Mangueiras, braço do rio Paracauari, que divide os municípios de Soure e Salvaterra. This essay presents the art-ethnographic project "Between Women, Plants and Images", an ethnography by images about the relation of women and plants in the quilombola community of Mangueiras, Salvaterra, on the Marajó Islands of Pará, Brazil. The authors construct a dialogue between anthropology and art, strolling through the co-existential landscapes of the backyards of five women, accompanying the daily cultivation of plants. We enter the sphere of a mythical and mystical imaginary relating to femininity and the flora of the region, approached through the visual language of the analogical and artisanal processes of photography, by means of the cyanotype and Van Dyke brown, crisscrossing the roots of women, plants and images.
Neste trabalho apresentamos reflexões preliminares de um estudo sobre o universo mítico que envolve as mulheres e o feminino na região do Marajó. Apresentamos dados das primeiras duas viagens a campo, onde destacam-se duas mulheres em específico: dona Marta, no distrito de Joanes, e dona Joana, em uma comunidade quilombola, ambas localizadas no município de Salvaterra. Aqui, expomos alguns apontamentos suscitados pelo encontro com essas duas mulheres, de forma a pensarmos as suas experiências a partir do diálogo com uma bibliografia específica. A princípio a existência de um mote em comum auxiliou-nos a adentrarmos no universo de seus cotidianos e, mais diretamente de seus quintais, desde onde os saberes relacionados às plantas medicinais emergiram como a ponta de um novelo, que compreende memórias e os saberes em torno de práticas de cura, do xamanismo e do misticismo local, envolvendo, principalmente, a figura feminina que pretendemos abordar ao longo da discussão presente neste artigo.
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