Este artigo tem por objetivo realizar uma análise comparativa de duas obras clássicas da historiografia da educação brasileira. A primeira é o livro publicado por José Ricardo Pires de Almeida, intitulada Instrução pública no Brasil (1500-1889): história e legislação publicada pela primeira vez em 1889; a segunda se refere ao livro A Instrução e as Províncias – 1° Volume Das Amazonas às Alagoas de Primitivo Moacyr, publicada em 1939. Nesta análise, intencionamos explicitar as características e compreender as concepções teóricas e metodológicas que nortearam a construção da escrita desses autores. Para a análise, recortamos a instrução pública no período do Império na Província do Rio Grande do Norte, após o Ato adicional de 1834. As deliberações de Michel de Certeau (1982) acerca das relações entre a história e a escrita embasaram a nossa investigação sobre o fazer história dos autores. A realização deste estudo ressaltou a importância das obras para o campo da História da Educação e demonstrou que as escritas eram permeadas pelas relações políticas e culturais da época, associadas às práticas de registro e compilação de informações, prioritariamente oficiais, defendidas pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). O foco central dessas escritas era as ações estatais no âmbito da educação.
A relação entre a história e a escrita nos permite refletir sobre o discurso e a prática do fazer história. Nestes termos, este artigo objetiva realizar a análise historiográfica da obra “Um século de ensino primário” de Nestor dos Santos Lima, publicada em 1927, por ocasião do centenário da lei de 15 de outubro de 1827 que deliberava sobre a criação das escolas de Primeiras Letras no Brasil. O livro de Nestor Lima é analisado a partir das deliberações de Certeau (2002) acerca da operação historiográfica e compreendido como um documento-monumento, resultado de um esforço voluntário ou involuntário para impor ao futuro uma determinada imagem (LE GOFF, 1990). Atentamos ao lugar social do autor, sua prática e escrita histórica. Na escrita da história do ensino primário, o autor faz uso de dados estatísticos sobre a progressão da escola primária no período, dados sobre matrículas e frequências, passando por informações detalhadas sobre a criação de escolas e as respectivas localizações, além de listas completas com nomes de professores e as escolas onde atuavam nas diversas povoações da antiga província. Escreve a partir de fontes compiladas e coligidas no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e do Arquivo da Secretaria Geral do Estado. Pela análise, destacamos que o autor, ao construir seu livro como um modo de divulgar as diversas providências da Lei e suas consequências, diretas e indiretas através do século transcorrido, produziu relevante fonte para a escrita da História da Educação do Rio Grande do Norte.
Resumo O nosso estudo se dedica à análise das representações de Nestor dos Santos Lima sobre a organização escolar nas Repúblicas do Rio da Prata a partir de sua viagem pedagógica, realizada no ano de 1923, às cidades de Buenos Aires e Montevidéu. O intelectual norte-rio-grandense Nestor dos Santos Lima se destacou no cenário estadual e nacional pela sua atuação enquanto educador, advogado e historiador, e pela sua participação nas diferentes e mais relevantes instituições educacionais e culturais do Estado durante a primeira metade do século XX. Nosso referencial teórico é composto pelas contribuições de Roger Chartier, Michel de Certeau e Jean François Sirinelli. O corpus documental para a pesquisa se constitui, principalmente, pelo relatório da viagem produzido pelo intelectual. A partir do olhar do viajante, foi possível identificar os principais elementos que caracterizavam a organização do ensino, sobretudo primário e normal, nas cidades visitadas.
Este artigo tem como objetivo investigar a atuação do intelectual brasileiro Abílio Cézar Borges (1824-1891) no Congresso Pedagógico Internacional realizado em Buenos Aires no ano de 1882, enquanto representante do Império do Brasil. Abílio Borges nasceu no interior da Bahia, cursou a Faculdade de Medicina, atuou como diretor de instrução pública e fundou colégios na Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Publicou diversas obras destinadas a alunos e professores, e recebeu o título de Barão de Macahubas em 1881. Para a realização do estudo, buscamos responder aos seguintes questionamentos: quem foi esse intelectual da educação do século XIX? qual o percurso de sua formação e atuação profissional que lhe conferiram as credenciais necessárias para representar o Brasil no Congresso Pedagógico Internacional de 1882? e quais eram as suas ideias pedagógicas? Com base no método indiciário de Carlo Ginzburg, recorremos, principalmente, a fontes hemerográficas coletadas em repositórios digitais brasileiros e argentinos. Nos pautamos, sobretudo, nas contribuições de Michel de Certeau e Jean François Sirinelli que nos auxiliam na compreensão do percurso do intelectual. O Barão de Macahubas destaca-se no cenário educacional do período enquanto diretor de escolas, educador, autor de livros, preocupado em fazer circular suas ideias sobre a educação nacional.
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