As religiões de matriz africana, de modo geral, evidenciam uma centralidade à figura da mulher, o que pode ser percebido tanto em sua mitologia quanto nas práticas que são vivenciadas dentro dos terreiros. Todavia, o intuito dessa pesquisa é identificar não apenas como as mulheres se inserem no campo afro-religioso, mas, sobretudo, como a religião se insere na vida dessas mulheres. Portanto, o objetivo geral dessa tese pauta-se em compreender as experiências religiosas de mulheres que ocupam os cargos de Iyalorixá, iyabassé, ekede e médiuns no Ilê Axé Egun, investigando como essas experiências com o sagrado atravessam as suas trajetórias de vida e corroboram na formação de suas identidades pessoais e coletivas. Para tanto, a fim de contextualizar o tema, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o campo das religiões afro-brasileiras, e, ainda, sobre a forma como os aspectos femininos são abordados e valorizados no mundo dos Orixás, assim como foi discutido o papel singular das mulheres na história de formação das comunidades de terreiro no Brasil. Por fim, para se responder ao objetivo central dessa pesquisa, foi adotada a metodologia qualitativa. Desse modo, foi desenvolvida a observação participante nas sessões públicas do Ilê Axé Egun e foram aplicadas entrevistas semiestruturadas com seis mulheres que exercem diferentes funções na casa. A finalidade das entrevistas foi compreender como a experiência religiosa está presente em suas vidas, sendo possível constatar nas narrativas que os laços criados com as Entidades, Orixás e com a família de santo foram capazes de transformar suas trajetórias pessoais, modificando suas personalidades e trazendo um estímulo para a melhoria de suas vidas. Concluiu-se, assim, que a religião impactou e impacta diretamente na construção de identidades individuais e coletivas dessas mulheres. Na esfera individual, suas vidas foram afetadas de tal maneira que essas mulheres afirmam que se enxergam como uma pessoa antes e uma pessoa totalmente outra depois do ingresso na religião. Algumas sentem a sua vida mais serena, passaram a ter mais paciência e cautela, outras, no entanto, se apresentam mais encorajadas e rigorosas em situações de tensão. Em comum, as interlocutoras afirmam que a religião é a base para tudo em suas vidas, englobando nessa concepção do todo tanto as suas ações, como as suas expectativas e escolhas. Pela via da coletividade, as identidades são construídas na medida em que essas mulheres se sentem pertencentes a uma rede, onde estão todos e todas conectados em laços de reciprocidade. A vivência no barracão lhes nutre de afeto, segurança e apoio. Sendo assim, a religião atua como sustento de vida e fonte de poder para as mulheres do Ilê Axé Egun.
RESUMOO presente artigo tem como objeto de pesquisa a Festa de Nossa Senhora do Rosário da cidade de Bela Vista de Minas, situada na região metalúrgica do Médio Rio Piracicaba, MG. Desde o ano de 1950 esse festejo é realizado pelo grupo de Congado local, como um modo de prestar homenagens à sua padroeira. As festas executados pelo Congado apresentam grande notoriedade no cenário das manifestações religiosas de cunho popular do estado de Minas Gerais, preservando as tradições que remetem a um passado escravocrata do Brasil Colonial. O objetivo desse trabalho é analisar a identidade congadeira a partir dos símbolos culturais que compõem a rememoração da coroação dos Rei e Rainha congos, a partir dos conceitos de hibridismo, tradução cultural e terceiro espaço. A metodologia adotada foi a observação participante, e a análise dos dados foi realizada a partir dos pressupostos teóricos dos Estudos Culturais. Este estudo revelou que a construção da identidade cultural congadeira foi capaz de superar as posições binárias e hierarquizadas das religiosidades católica e de matriz africana, criando uma terceira narrativa, que contribuiu de forma positiva para o reconhecimento dessas identidades diaspóricas. PALAVRAS-CHAVE: Congado. Hibridismo Cultural. Identidade. ABSTRACT The present article has as object of research the Festa de Nossa Senhora do Rosário at the town of
Entre os séculos XVI a XIX, negros de origem Banto foram escravizados e transportados à força para o Brasil. Apesar de perderem muitos dos seus costumes originais, através de instrumentos como a linguagem, a dança e a música, conseguiram dar continuidade a certas práticas culturais, especialmente àquelas que associavam o divertimento à religião. Esses elementos se tornavam vivos especialmente nas festividades associadas às Irmandades religiosas, nas quais negros e negras praticavam bailados próprios, cantos e danças em homenagem ao santo padroeiro daquela confraria e entronizavam os seus próprios reis. Composto por esse conjunto de rituais, o Congado apresentava características de um catolicismo negro peculiar. Realizado ainda nos dias de hoje, o Congado e o Reinado muito nos dizem sobre a dinâmica pós-diaspórica e sobre os meios de adaptação e resistência dos negros no Brasil. Neste viés, o objetivo deste trabalho é refletir sobre a relevância dos Congados e dos Reinados como manifestações que resguardam uma memória ancestral. A metodologia consiste em uma revisão bibliográfica sobre as temáticas do Catolicismo Africano, Catolicismo Negro, Irmandades negras e Congado.
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