Resumo: O trabalho argumenta que a geografia física surgiu a partir das reflexões e postulados da ciência humboldtiana. Essa formada no contexto da naturphilosophie e no desenvolvimento de novos instrumentos e avanços das ciências exatas, permitindo a construção de um modelo de natureza e superfície da terra baseado no princípio transcendental das leis universais da natureza, materializadas em princípios regionais.Palavras-Chave: Ciência Humboldtiana; Geografia Física; Naturphilosophie; Sensibilidade; Mensuração.Humboldtian science: relations between the measurement and the sensitivity in the genesis of physical geography.Abstract: The study argues that the physical geography emerged from the ideas and postulates of science humboldtiana. That formed in the naturphilosophie and the development of new tools and advances in exact sciences, enabling the construction of a model of nature and the earth's surface based on the principle of transcendental universal laws of nature, material on regional principles. Lenoir (1981), a naturphilosophie pode ser classificada em três fases, uma transcendental kantiana, uma romântica dominada pela filosofia-da-natureza de Schelling e pela concepção orgânica de kosmos e uma terceira corrente, a naturphilosophie metafísica, dominada pela filosofia da natureza de Hegel.
Introdução.O objetivo desse trabalho é demonstrar que a geografia física moderna possui sua gênese na ciência humboldtiana, que, por sua vez se desenvolveu as partir de uma relação dialética entre a naturphilosophie romântica 1 (LENOIR, 1981), com o mecanicismo newtoniano. Na matriz da naturphilosophie romântica, podemos localizar as reflexões de Schiller, Schelling, Goethe e Alexander von Humboldt. No entanto, para Georges Gusdorf (1985) é um tanto complexo e perigoso situar Alexander von Humboldt apenas na naturphilosophie romântica, pois para o autor (GUSDORF, op.cit) Humboldt está na encruzilhada epistê-mica entre Schelling, Schopenhauer e Hegel, pois ao mesmo tempo em que manifesta fortes traços do idealismo romântico, marcado pelo vitalismo; permite a entrada do materialismo schopenhauriano transformado pela metafísica de "O mundo como vontade e representação" (SCHOPENHAUER, 2005) e pela complexa noção de matéria e ciência que caracterizou a discórdia entre Schpenhauer e Hegel (VITTE, 2007).A nosso ver, a gênese da geografia física moderna situa-se justamente nesse contexto filosófico e epistemológico, cuja maior preocupação era justamente qualificar a superfície da Terra, a partir de uma enorme quantidade de dados coletados pelos viajantes. É nesse sentido, que mais do que descrição ou a sistematização de um inventário e sua correspondente hierarquização e distribuição em um espaço geométrico, que caracterizava a superfície da Terra até o século XVIII e sua transição para o XIX (CAPEL, 1995); antes, a geografia física representou a possibilidade de reflexão sobre a natureza e a conseqüente construção simbó-lica sobre a superfície da Terra e distribuição espacial da natureza na mesma e suas relações com a cultura. Essa posição da geografia física frente à construção da modernidade foi garantida por um profundo debate filosófico, cujo amalgama foram à noção de espaço e a crítica radical a ciência mecanicista do século XVII.Os motores que promoveram a desconstrução da concepção cartesiana-newtoniana de maté-ria e mecânica da matéria, fundamentos metafísicos para se pensar o espaço e a natureza; foi a revolução francesa e, de outro lado, a revolução kantiana, onde as noções de matéria, movimento como desenvolvidas nos Primeiros Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza, de 1768 (KANT, 1990) e as noções de teleologia da natureza e de experiência estéti-ca, desenvolvida na Crítica do Juízo de Kant, em 1790(KANT, 1995, foram fundamentais para des-teologizar a natureza e inventar a superfície da Terra e por conseqüência a geografia física.
Para o conhecimento em Geografia, não se pode desconsiderar, a influência que o movimento romântico exerceu no contexto de sua sistematização enquanto conhecimento unificado por um corpo teórico e metodológico dotado de cientificidade. A ciência geográfica se consolida na Alemanha em meados do século XIX, com fundamentos teóricos, filosóficos e metodológicos advindos de uma hibridização entre concepções românticas e positivistas, de mundo, de ciência e de sociedade. Assim, este artigo tem como objetivo principal levar ao leitor um pouco da geografia desenvolvida por Alexander von Humboldt, reportando-se também ao contexto filosófico e histórico da época, bem como a discussão de natureza presente em seus textos.
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