Justino de Sousa Junior[2]As formulações de MARX[3] a respeito da educação, da escola e das lutas proletárias pelo direito de acesso ao saber socialmente produzido representam um paradigma fundamental para balizar as discussões atuais, nestes tempos em que tudo mudou e nada é novidade.Muitos dos aspectos da contemporânea dinâmica do capital são fenômenos que fogem ao alcance das formulações marxianas; outros são fenômenos sobre os quais MARX apresenta alguma contribuição por ter feito projeções razoáveis. O próprio dado do esgotamento ecológico, por exemplo, não foi objeto de preocupação daquele autor, até porque esta é uma realidade que só veio se configurar como um quadro radicalmente dramático nas últimas décadas do século XX[4].Porém, de um modo geral, os grandes traços do desenvolvimento social como a tendência a mundialização das relações produtivas; a constante transformação dos processos de trabalho no sentido da predominância dos recursos científico-técnicos e instrumental avançado em relação ao trabalho vivo e a crise social do trabalho, enquanto atividade produtora de mercadorias; o aprofundamento das contradições sociais e a "barbárie" como resultado do movimento auto-expansivo e destrutivo do capital, além da contradição entre a dinâmica mundializada do capital de um lado, e os limites nacionais dos Estados de outro; tudo isso, são questões que podem ser mais bem compreendidas através da contribuição teórica marxiana.A crise da escola, por sua vez, segundo a forma como se apresenta hoje, sob muitos aspectos, se coloca como um desafio à análise de cunho marxista, justamente porque está diretamente associada aos fatores da estrutura em crise da dinâmica mundializada do capital. Esta dinâmica, entretanto, a despeito da inegável aparência de novidade pode, como dissemos acima, ser compreendida com maior profundidade sob a perspectiva teórica de MARX; afinal, sob o véu de novidade, esconde-se uma alma anciã. A perspectiva marxiana para a educaçãoVejamos resumidamente quais eram os principais pontos destacados por MARX os quais deveriam compor o conjunto das preocupações proletárias na sua luta por educação. Para MARX, inicialmente, a escola tem um lugar muito bem definido dentro das preocupações proletárias. A escola, tal como se estrutura na modernidade, é uma instituição burguesa, no sentido de que é filha da sociedade do capital, na medida em que toma parte na dinâmica desta sociedade. Portanto, a escola como microestrutura da sociedade burguesa, seria incapaz de se transformar numa instituição antagônica à dinâmica social à qual está vinculada.No entendimento de MARX, a escola faz parte da dinâmica da sociedade produtora de mercadorias, desse modo, tal como ocorre em todas as microestruturas desta sociedade, a escola também é permeada por contradições sem, contudo, negar a dinâmica da qual é parte integrante.Com efeito, a importância da escola para a caminhada emancipatória do proletariado não se esvai. Esta importância reside justamente no fato de a escola ser o local privilegiado onde as camadas s...
Este artigo pretende afirmar a idéia da existência de um programa marxiano de educação dentro do qual se destacam: o trabalho, a escola e a práxis como atividade político-educativa. Defende-se que o problema da educação em Marx se constitui numa elaboração complexa em que vários elementos se mostram organicamente articulados. O programa marxiano de educação aparece relacionado às elaborações marxianas feitas em face de três elementos importantes do cotidiano (educativo) das classes trabalhadoras: o caráter educativo das relações contraditórias do trabalho (ainda que se refira ao trabalho abstrato), o momento da educação escolar, de preferência em união com o trabalho, e, por último, a práxis político-educativa desenvolvida nos diversos momentos associativos dos trabalhadores nos sindicatos, partidos, locais de moradia etc., quando os trabalhadores atuam política e coletivamente como classe social defendendo seus interesses e fortalecendo sua organização, sua educação/formação política como classe social potencialmente revolucionária. Partindo de uma nova concepção a respeito da relação trabalho e práxis, procura-se discutir a absolutização do trabalho e o esquecimento da práxis realizados pela tradição dos estudos da área. Considera-se que esse esquecimento da práxis mutila e empobrece a contribuição do programa marxiano de educação.
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