Pensar o modo como a valorização do corpo vem se tornando o imperativo do viver contemporâneo parece ser uma questão fundamental para o campo da Psicologia. O culto ao corpo se mostra como característica de nossa época e encontra-se assentado na busca diária por um corpo perfeito capaz de superar qualquer problema e corresponder qualquer expectativa. Visto pelos meios de comunicação como algo que pode ser manipulado ou modificado, o corpo vem se tornando pólo dos mais profundos desejos e um grande objeto de investimento. Discutir a relação que estamos construindo com o nosso corpo na atualidade é a preocupação deste artigo.
Neste artigo pensaremos a noção de medicalização da sociedade e da existência cotidiana como um discurso de "tecnificação" da vida. Aderida a uma crença quase absoluta no discurso técnico, a contemporaneidade parece se anestesiar com as descobertas de substâncias que prometem solução para todos os problemas. O medicamento se apresenta como um possível exemplo desse aparato que, baseado em alta tecnologia, promete o alcance de um bem-estar pessoal e social. Este discurso "tecnificante" da vida se apresenta quase como discurso mítico, onde a apreensão da realidade se dá através de uma narrativa cuja eficácia é determinada pela potência misteriosa das substâncias.
RESUMOAo corrermos os olhos nos conceitos fundamentais das psicologias, psicoterapias e psicopatologias vigentes, percebemos que na maioria das vezes elas continuam basicamente comprometidas com uma compreensão dos fenômenos através de nexos causais psicodinâmicos. A psicossomática, neste cenário, acaba sendo uma análise das causas psíquicas atuantes sobre as regiões corporais, sistemas e órgãos envolvidos nas patologias. Com a contribuição de Heidegger, a esfera somática se desvela como um modo de realização da existência humana e, sendo as queixas psicossomáticas um fenômeno tão presente na clínica contemporânea, pensamos ser plenamente justificável a proposição deste artigo no qual os fenômenos psicossomáticos deixam de ser vistos como um desequilíbrio funcional nas relações mente-corpo, para serem concebidos numa relação de imanência com a existência.Palavras-chave: corpo; existência; psicossomática. ABSTRACT Body and Existence: Another Way of Understanding PsychosomaticWhen we analyze the fundamental concepts of psychology, psychotherapy and psychopathology available these days, we realize that in general they are basically committed to the understanding of phenomena through psychodynamic causal links. Psychosomatic in this scenario is considered an analysis of psychological causes acting over body regions, systems and organs involved in pathologies. With Heidegger"s contribution, the somatic sphere is conceived fundamentally as a means of realization of human existence. Therefore, as psychosomatic complaints are a current phenomenon in contemporary clinical practice, we consider our proposition in this article justifiable because, according to it, psychosomatic phenomena are not seen as a functional unbalance in mindbody relations; instead, they are understood as immanent to human existence. A psicossomática tem sido tema de inúmeros questionamentos. Entender sua organização de sentido é preocupação que se manifesta dos mais diferentes modos, sobretudo no contexto da ciência moderna. Historicamente, a questão da psicossomática tem feito emergir diversas produções de sentido. São recortes de uma temática que se oferece rica, atraente e aberta a muitas possibilidades de compreensão. KeywordsA psicossomática surge como uma tentativa de entendimento dos possíveis fatores psicológicos das doenças. Ao lado dos estudos da fisiologia, aparecem estudos do campo da psicologia, na busca das causali-
RESUMONeste artigo pretendemos discutir a relação entre o uso e a propaganda de medicamentos na atualidade tendo como base de discussão a chamada cultura do consumo. Queremos pensar a publicidade como um instrumento capaz de potencializar a crença no poder dos fármacos, apresentando-os como síntese de ciência e tecnologia a serviço da saúde e do bem-estar e, sobretudo, como solução rápida para problemas típicos do mundo contemporâneo. O dever de consumir os mais recentes produtos vem se tornando condição não apenas de uma afirmação social como também uma via única para aplacar nossas dificuldades diárias. Inseridos nesta lógica do consumo, entendida como apropriação, criamos, com a ajuda da publicidade, um mundo de promessas de soluções imediatas facilmente vendidas no comércio virtual, nos supermercados, nas lojas de departamentos, nos shoppings centers. Queremos problematizar este conjunto de práticas e valores contemporâneos que vêm tornando o nosso modo de viver um produto descartável. Palavras-chave: publicidade; consumo; medicamentos. ABSTRACT Advertising and Drugs: A world of images and promisesThe aim of this article is to discuss the relation between the contemporary use and advertising of pharmaceutical drugs based on the so-called culture of consumption. We discuss advertising as a means of strengthening the belief in the power of these drugs, presenting them as a synthesis of science and technology to promote health and well being and, particularly, as a quick solution for typical problems of the contemporary world. The obligation to buy the latest medicines is becoming a symbol of social affirmation as well as the only way to weaken our daily problems. Using a logic of consumption as ownership, we create, with the help of advertising, a world of promises concerning immediate solutions, easily sold through on line shopping, supermarkets, department stores and shopping centers. We discuss this set of contemporary practices and values which are turning our way of life into a disposable product. Keywords: advertising; consumption; pharmaceutical drugs.A medicalização da sociedade é um fenômeno que tem sido sinalizado por vários autores desde o século XIX, quando o saber científico se espalhava pelos vários domínios sociais. Mas foi a partir da década de 1940, com a introdução dos psicofármacos, que este fenômeno tornou-se cada vez mais intrusivo na vida cotidiana. A discussão que se pretende aqui, proveniente de um tema de tese de doutorado que está sendo realizada no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, diz respeito ao processo de medicalização da existên-cia que vem se constituindo na nossa contemporaneidade, tomando como base analisadora a sua relação com a chamada cultura do consumo que vem tornando a saúde uma extensão do mercado e o medicamento a sua mais preciosa mercadoria. Queremos compreender de que forma o discurso sobre medicalização tem alcançado tamanha evidência e repercussão na sociedade contemporânea e estabelecido padrões de comport...
RESUMO Este artigo pretende refletir sobre o tema da morte na atualidade, tendo como base de diálogo a fenomenologia e a hermenêutica. Temos como pressuposto que morte e angústia são fenômenos inerentes à vida. Fenômenos que, em nossa sociedade, se tornam cada vez mais sufocados pelos dispositivos contemporâneos de nivelamento e despotencialização da dimensão trágica do existir. Temos o propósito de discutir a finitude bem como a angústia como disposições provocadoras de tematização de nossas possibilidades mais próprias de ser. Pensar o modo pelo qual se configura nossa relação com a finitude e o quanto esta relação caracteriza os diferentes modos de ser na atualidade é a preocupação deste artigo.
Este artigo elucida duas questões centrais: a primeira se debruça sobre a necessidade em se formar psicólogos e a segunda procura entender o para que de tal formação, relacionando ambas às questões com nosso momento histórico, na tentativa de refletir sobre esta formação que, ainda hoje, se encontra por vezes atrelada somente à noção de especialista. Queremos discutir uma formação de profissionais que por vezes se configuram como meros reprodutores de conceitos e técnicas destituídos da História e, para isso, colocaremos em cena uma formação psi que, comprometida socialmente, prioriza o humano, reiterando no ato de viver o caráter pleno de luta política e o da afirmação de modos singulares de existir
Este trabalho possui o objetivo de apresentar o projeto de Extensão Diálogos em Psicologia, vinculado ao Laboratório de Estudos em Psicoterapia, Fenomenologia e Sociedade, coordenado pela Profa. Dra. Jurema Barros Dantas do Departamento de Psicologia. O Diálogos em Psicologia é voltado para a discussão das questões do contemporâneo, com problematização e troca de saberes entre os vários olhares das práticas psicológicas por meio, sobretudo, do necessário debate interdisciplinar e multiprofissional acerca dos diversos temas emblemáticos de nossa época. O projeto se inciou em 2015 com palestras realizadas, exclusivamente, no âmbito da UFC e se expandiu a partir de 2016 em parceria com uma escolada rede pública do ensino médio suas ações. Essa extensão do projeto foi intitulada Diálogos Itinerante como uma forma de marcar, declaradamente, a proposta de promoção de espaços de reflexão crítica sobre a interface entre o saber da psicologia e as questões da atualidade que, incluisve, são promovedoras de sofrimento psíquico Atualmente as atividades ocorrem por meio de ciclos de palestras mensais desenvolvidas ao longo do ano na UFC e neste espaço público educacional de Fortaleza. Essas ações são norteadas pelos temas gerais de pesquisa anual do laboratório, de modo a consolidar a vinculação entre ensino, pesquisa e extensão. No ano de 2018 a temática central vem sendo “Relações Amorosas”, compreendendo que o panorama da “Modernidade Líquida” atravessa o fenômeno do amar, assim como a própria configuração dos relacionamentos na atualidade. Ressalta-se a necessidade de fomentar tais práticas como inclusão social e difusão cultural, mantendo laços mais estreitos com a sociedade.
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