Indicadores diversos sugerem uma crescente demanda por história pelo público leigo nos últimos anos, demanda que vem sendo suprida por profissionais não treinados na academia. Os objetivos deste texto são os de pensar o próprio conceito de história pública e sua aplicabilidade no Brasil, assim como analisar três autores leigos que se tornaram best-sellers como escritores de história no Brasil. Nosso argumento é o de que a difusão massiva dessas obras tem implicações de ordem técnica e ética diante das quais cabe aos historiadores treinados no sistema de pós-graduação se manifestar.
ResumoA quebra da autoridade do historiador acadêmico sobre a produção do conhecimento histórico no contexto da difusão das mídias digitais é o centro da reflexão aqui proposta. Parte-se da consideração da historicidade dos sujeitos da produção e do consumo da histó-ria, passando aos desafios lançados pela difusão exponencial da história possibilitada pela internet, para se chegar à discussão da função social do historiador acadêmico hoje. Palavras-chave: Historiografia; história pública; mídias digitais.
O que narram os historiadores? Para uma genealogia da questão narrativa em história 1 Jurandir Malerba * Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre -RS, Brasil RESUMO O argumento deste artigo é o de que a discussão em torno do caráter e da função da narrativa histórica vinha se desenvolvendo numa clave específica pela filosofia analítica anglo-saxônica, cuja linha de pensamento e argumentação fora nitidamente abandonada em poucos anos com a irrupção do paradigma linguístico pós-estruturalista, e, paralelamente das teses do crítico literário norte-americano Hayden White, no início dos anos 1970. A ruptura nessas linhas de reflexão acabou obliterando o potencial da reflexão que vinha se desenvolvendo antes que todas suas premissas fossem exauridas. Na primeira parte deste texto relata-se um debate recente entre dois expoentes da filosofia da história. Em seguida, uma breve recensão bibliográfica acerca do tema da narrativa histórica na perspectiva da filosofia analítica. Palavras-chave: narrativa histórica; narrativismo; filosofia analítica da história; filosofia analítica da linguagem; teoria da história.
ABSTRACTIn this paper it is argued that the debate on the nature and function of historical narrative developed under a specific key for Anglo-Saxon analytical philosophy, whose line of thought and argument was clearly abandoned a short time due to the emergence of the paradigm linguistic poststructuralist and, in parallel, the theses of the American literary critic Hayden White, in early 1970s the break in these lines of thought led to the abandonment of reflection before all its potential to be explored. In the first part of this text we report a recent debate between two exponents of the philosophy of history. Then a brief literature review about the historical narrative theme from the perspective of analytical philosophy is given. Keywords: historical narrative; narrativism; analytic philosophy of history; analytic philosophy of language; theory of history.
E ste ensaio exprime algumas observações heterodoxas. N a primeira parte do texto, vou insistir na necessidade de se buscar apreender opensamento de Elias em sua integridade sistemática (ou dinâmica, sendo fiel à sua teoria do processo civilizador), para evitar operigo da deletéria apropriação fragmentária. Na segunda, aproveito as andanças do ofício para pensar em voz alta alguns indicadores da presença de Elias dentro do círculo muito bem delimitado da historiografia brasileira dos anos 1990. Entretanto, a avaliação de sua recepção por nossas ciências humanas, considerada em sua ampla difusão editorial (em virtude da quase tradução de sua obra completa) e acadêmica (no interior de nossas pós graduações), aguarda um investigador mais obstinado.Percorrer a obra de Elias permite descortinar um pensamento original, ancorado em instrumentos conceituais epressupostos teóricos próprios, que ajusta contas com toda uma tradição gnosiológica, ao mesmo tempo em que lança ao debate uma interpretação particular da história humana. Digamos, sem rodeios, que a espinha dorsal do modelo interpretativo dinâmico das sociedades humanas, de Elias, constitui-se na percepção dessas configurações sociais complexas a que chamamos "sociedades" edas personalidades dos "indivíduos" como duas dimensões de um mesmo e único processo, o que implica na idéia de evolução, de desenvolvimento social-não bastasse opróprio título de sua teoria eprincipal obra explicitá-lo. Na construção de sua teoria da sociedade ocidental Elias percebeu o movimento de transformação das forças produtivas, porém nunca as tomou como o substrato das formas de consciência ou algo que o valha. Ele percebeu grupos
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