Ce travail a pour but d'examiner le sens de la question de la perception dans la psychanalyse de Freud à Lacan. On part de la constatation que, chez Freud, l'approche des phénomènes perceptifs est tout d'abord circonscrite au besoin d'établir un « système de perception-conscience » qui fournisse un modèle explicatif quant aux rapports de l'appareil psychique avec la réalité extérieure. Toutefois, sous l'éclairage de l'« hypothèse de l'inconscient », la formulation de ce « système » impose un effort de conceptualisation pour lequel Freud ne trouva aucun support méthodologique dans la physique, la biologie ou la psychologie de son époque. Partant, il fallut l'inventer. L'objectif principal de cette thèse est de montrer que les obstacles rencontrés pour la construction d'une théorie psychanalytique de la perception sont corrélatifs des effets subversifs générés par l'hypothèse de l'inconscient dans le champ de la rationalité psychologique. L'étude se structure ainsi en deux axes principaux : (i) suivre et mettre en évidence la déformation des conceptions classiques de la perception au coeur du régime conceptuel freudien ; (ii) extraire les conséquences des théories lacaniennes du « signifiant » et de « l'objet a » quant à la question des rapports entre conscience et perception. Le premier part de la codification de l'« énigme » de la conscience perceptive via l'« hypothèse de l'inconscient ». On dévoile ensuite la texture temporelle de la perception dans la réalisation hallucinatoire du désir. Plus avant, on repositionne le « fait » de la perception dans le champ de la vérité à partir de la notion de das Ding, pour finalement rencontrer le concept de « dénégation » (Verneinung) comme opérateur logique de la déformation des conceptions classiques de la perception. Le second axe de l'étude démarre avec le démembrement de la « synthèse du moi » par le biais de la théorie du « stade du miroir », révélant le mirage de la « conscience perceptive ». La dissension topique du « système de perceptionconscience » est ensuite littéralisée avec la structure signifiante des « signes de la perception », faisant surgir le sujet de la perception en tant qu'effet du langage, et le perçu, en tant que discours. Enfin, la béance de la structure signifiante est doublée du concept de l'objet a qui sera développé ici à partir de l'expérience du « regard ». Le résultat du croisement de ces deux axes se situe au point de jonction entre la déformation du concept de perception et le surgissement de la cause réelle du perçu.
como expresso por integrantes da alt-right — a direita alternativa norte-americana —concebidas a partir de algumas ideias centrais da Psicanálise em Lacan e Freud, com ênfase nos desenvolvimentos de Slavoj Zizek. Partindo do paradigma da psicanálise extramuros,propôs-se o método da análise psicanalítica do discurso como ferramenta de análisepsicológico-social. O objetivo da pesquisa foi identificar as relações entre a figura histórica do Judeu e esse novo sujeito neonazista por meio da análise do seu discurso. Nossa hipótese é a de que a exclusão do Judeu constitui um ponto nuclear do discurso neonazista e, como tal, imprescindível à sustentação das fantasias ideológicas que lhe são imanentes. Falamos isso a partir de uma perspectiva estrutural, ou seja, que o Judeu tem uma função determinada que é comum entre os mais distintos sujeitos, ainda que não carregue as mesmas conotações ou descrevam um mesmo objeto — a de ser excluído para que se dê consistência ao discurso. O material analisado é de acesso público e decorrente de publicações do portal The Daily Stormer, consistindo em uma coleção de textos e vídeos postados por lideranças da alt-right, além de um curta-metragem documentário que acompanha uma dessas lideranças em manifestaçõesnos Estados Unidos. O resultado são documentos e transcrições em que buscou-se explicitar as referências ao Judeu no discurso neonazista, identificar os tipos de relação que este significante têm com outros e, sobretudo, a posição em que se insere o sujeito neonazista diante dele. Nossa hipótese pode ser parcialmente verificada nos discursos analisados. A centralidade do antagonismo ao Judeu está presente no novo neonazismo, mas ela se expressa muitas vezes de modo distinto do que pudemos observar em análises sobre o nazismo original. Dentre outros aspectos, concluímos que, ao contrário do que coube a Hitler no passado, há a prevalência do que denominamos um líder negativo, cujos indicadores no discurso são os mesmos que aqueles que tentam fazer referência ao Judeu, quer dizer, o discurso se organiza muita mais em volta dessa sorte de líder negativo, o Judeu, que em volta de uma figura de liderança positiva. Com efeito, o Judeu não apenas é o que/quem deve ser excluído mas a que/quem, antes, atribui-setudo aquilo que deve ser excluído para que a sociedade deixe sua suposta trajetória dedegeneração e transcenda tudo que há de mal. Assim, para o neonazista da alt-right, o que deve ser removido está sempre na conta do Judeu, mas este é mais abstrato do que nunca, sua presença percebida por sua negatividade, sua ação executada por intermediários, sejam eles instituições, outras etnias, nacionalidades, religiões, ou figuras específicas. Secundariamente, propomos uma discussão sobre como a exclusão que permeia esse discurso se relaciona com aspectos que são constitutivos do sujeito — e assim da sociedade —, ou seja, como não é possível falar de uma fantasia ideológica que não tenha profunda relação com aspectos fundamentais da subjetivação e o papel do desejo e das relações identificação na delimitação da experiência e ação política.
Resumo Este artigo busca examinar as relações entre percepção, realidade psíquica e desejo sob a perspectiva da psicanálise freudiana. Na primeira parte do trabalho, tratou-se de mostrar que o “esquema” do aparelho psíquico proposto por Freud na Interpretação dos sonhos (1900), evidenciando o mecanismo da regressão alucinatória, descortina a estrutura temporal do desejo, no interior da qual o problema da percepção recebe um sentido propriamente psicanalítico. Na segunda parte, vimos que o aparecimento da noção de das Ding (a Coisa), já no Projeto de uma psicologia (1895), demonstra que o campo dos fenômenos perceptivos se articula em função da relação do sujeito ao “próximo” (Nebensmensch), e, consequentemente, à Coisa do desejo, no enfrentamento do desamparo constitutivo da vida psíquica.
O objetivo geral desta pesquisa foi investigar o estatuto dos conceitos de fantasia e depulsão na teoria e na clínica psicanalíticas, buscando analisar suas bases epistemológicas àluz da crítica promovida por Johann Gottfried Herder ao “primado da visão” no pensamentoocidental, bem como extrair consequências teóricas e clínicas da tentativa, empreendidapela filosofia estética desse autor, de restauração da experiência tátil como dimensãofundante da sensibilidade humana e estruturante dos processos de subjetivação e deconstituição subjetiva. O desenvolvimento desta pesquisa - de natureza qualitativa,documental e bibliográfica - se orientou pela estratégia metodológica do “trabalho doconceito”. Essa estratégia metodológica se caracteriza pela tentativa de compreender umconceito analisando os efeitos de sua relação com a rede conceitual na qual está inserido;estendendo e forçando seus limites de aplicação; e testando sua resistência à variação dascondições de aplicabilidade, bem como a capacidade que ele tem de responder aosproblemas propostos. Ao final da pesquisa, pudemos alcançar os seguintes resultados. Apartir da afirmação freudiana de que a pele não só é a zona erógena por excelência (FREUD,1905/2016, p. 68), como também é a responsável pelo caráter doloroso e cruel da pulsão(FREUD, 1905/2016, p. 68), foi possível analisar a dimensão sádico-masoquista que a pulsãoadquire quando sua fonte é a pele, conseguindo-se, assim, delinear aquilo que seria a pulsãode tocar. Diante desse caráter sádico-masoquista da pulsão parcial de tocar e do créditodado por Freud a um estranho costume segundo o qual é costumeiro o olhar substituir otoque (FREUD, 1905/2017a, p. 141), propusemos uma leitura da série de relaçõesambivalentes entre as pulsões parciais de ver/tocar, pulsões de conservação/sexuais e ossentimentos de ódio/amor, tal como as encontramos em Pulsões e seus destinos (FREUD,1915/2017b), como manifestação deste costume freudiano de substituir o toque pelo olhar.De outra parte, por meio de uma revisão bibliográfica das obras Primeiro bosque crítico(1769/2018) e Plástica (1778/2019), de Herder, pudemos analisar detidamente suaconcepção de poeta, o que, mais adiante, se revelou um caminho fecundo no sentido deinterrogar o primado da visão presente na descrição freudiana do fenômeno datransferência como a atualização de imagos parentais na pessoa do analista. Lançando mãode uma concepção estendida de poeta, Herder leva em conta não só o aspecto visual dofantasiar poético (a imagem, o pintor e a pintura), como também seu aspecto tátil (o corpo,o escultor e a escultura). Assim, foi possível redimensionar os aspectos estéticos da práticapsicanalítica, pensando a transferência também a partir do seu aspecto tátil, da arteescultórica. Evidenciou-se, assim, o potencial criativo da dinâmica transferencial, na qual oanalisando é levado a deslocar-se, a fazer circular o desejo através da associação livre, a darvoltas em torno de suas fantasias fundamentais, como se estivesse diante de uma escultura.
Hegel, a modernidade e a (re)invenção do discursoResumo: Nenhum outro filósofo antes de Hegel concedeu à questão do presente e da história um lugar tão central no conjunto de questões que definem um programa filosófico. É a aposta em uma legibilidade integral das estruturas históricas da racionalidade ocidental, unificadas no interior da diversidade de seus momentos constitutivos, que anima, de parte a parte, a experiência intelectual hegeliana. Este artigo busca evidenciar os laços estreitos que ligam o programa filosófico hegeliano às expectativas, cisões e impasses nos quais a filosofia de seu tempoisto é, a modernidadese enredara. Nesse sentido, tratar-se-á de mostrar como, a partir da crítica aos modelos de inteligibilidade do pensamento moderno, Hegel (re)inventa a categoria do discurso, produzindo um modo radicalmente novo de articular noções clássicas tais como as de "entendimento", "representação", "conceito" e "razão".Palavras-chave: Discurso; Modernidade; Conceito; Razão; Negativo.Abstract: Hegel, modernity and the (re)invention of discourse. No other philosopher before Hegel has given the question of present and history such a central place in the set of questions that define a philosophical program. This is a bet on an integral readability of the historical structures of Western rationality, unified within the diversity of its constitutive moments, which animates, from part to part, the Hegelian intellectual experience. This article seeks to highlight the close ties that link the Hegelian philosophical program to the expectations, divisions and impasses in which the philosophy of his time, in other words, modernity, became entangled. In this sense, from the critique of the models of intelligibility of modern thought, we shall demonstrate how Hegel (re)invents the discourse category, producing a radically new way of articulating classical notions such as "understanding", "representation", "concept" and "reason".
Esta pesquisa parte da consideração de que a cultura nos oferece caminhos instigantes eprofícuos no sentido da ampliação e do aprofundamento de nossa compreensão acerca dalógica de produção social e subjetiva da violência no Brasil contemporâneo. Em particular,pensamos aqui no cinema e em sua capacidade de afetar o ser mais íntimo dos sujeitos e dassociedades. Dentre as formas de expressão artísticas na atualidade, talvez seja o cinema -como dizia Benjamin, "a arte das massas" - a que melhor exprime os impasses subjetivos, osdesafios éticos e os paradigmas estéticos em torno dos quais a problemática da violência noBrasil contemporâneo se estrutura. Desse modo, o presente estudo teve como objetivoinvestigar o estatuto da violência no cinema brasileiro contemporâneo, procurandocompreender o papel exercido pelo afeto do medo nos processos de subjetivação e desofrimento psíquico no contexto da sociedade brasileira atual. Para isso, a pesquisa foidesenvolvida em duas frentes de trabalho complementares. Por um lado, e inicialmente,tratou-se de examinar o modo como a problemática da violência – apreendida sob a ótica desuas relações com o medo, com a agressividade e com a ambivalência dos afetos – seestabelece no discurso psicanalítico, bem como explorar algumas das discussões filosóficopolíticasacerca de características e dinâmicas fundamentais das sociedades contemporâneas,especialmente no que diz respeito aos modos de vida instituídos pelo modelo econômiconeoliberal. E, de outro lado, procurou-se analisar, à luz das reflexões proporcionadas pelaexploração teórico-conceitual, algumas obras do cinema brasileiro contemporâneo: Bacurau(Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, 2019), O som ao redor (Kleber Mendonça Filho,2013) e Tropa de Elite (José Padilha, 2007). Do ponto de vista metodológico, adotamos osprincípios da análise de discurso, em sua matriz francesa, articulados aos aportes teóricoclínicosda psicanálise. Nesse sentido, foi possível verificar o papel estruturantedesempenhado pelos fenômenos da violência e da agressividade, e pelo afeto do medo, nosprocessos de formação das subjetividades na realidade brasileira contemporânea. Vimosque a problemática da violência não se esgota na questão de saber se se trata de umfenômeno social ou individual. Mais do que isso, implica a tarefa de delimitar e compreenderas articulações e disjunções entre o individual e o social no processo de constituição do campoda violência, procurando situar aí o sujeito tal como a psicanálise o concebe, isto é, enquantoser ao mesmo tempo individual e social. Por essa via, observou-se implicações do modeloeconômico neoliberal nos modos de subjetivação que, fundados na lógica da segurança, daperformance e do desempenho, conduzem progressivamente a um apagamento dassingularidades, ao cerceamento das subjetividades, e, finalmente, à produção de sofrimentopsíquico. Em conjunto, os filmes analisados no trabalho revelaram-se, cada um à sua maneira,demonstrações da ideia de que a violência não é sinônimo de irracionalidade, na medida emque ela exprime certos ideais de vida, exigências sociais e expectativas de reconhecimentocaracterísticas de uma época.
O objetivo deste artigo é examinar o estatuto do movimento de “retorno aos fenômenos” na filosofia de Merleau-Ponty, mais precisamente em sua obra seminal, a Fenomenologia da percepção, de 1945. Trata-se de interrogar as motivações, pressupostos e estruturas fundamentais desse movimento. Parte-se de uma retomada dos aspectos centrais da crítica de Merleau-Ponty ao pensamento moderno, para, em seguida, colocando uma lupa sobre o projeto do filósofo francês, e situando-o no contexto de suas tensas e fecundas relações com a filosofia de Husserl, buscar apreender alguns dos traços que conferem fisionomia singular a esse projeto. Na segunda parte do trabalho, questiona-se as razões do privilégio da percepção no campo fenomenológico tal como Merleau-Ponty o circunscreve. O que nos permite reconhecer a função de abertura primordial ao ser do mundo desempenhada pelos fenômenos perceptivos, trazendo para o centro do debate filosófico as inflexões e paradoxos em torno dos quais se organizam as relações entre ser e fenômeno.
Em um contexto cultural marcado por rigorosos ideais estético-corporais, não é de seestranhar o crescimento significativo dos quadros de Transtornos Alimentares na clínica deum modo geral, especialmente entre mulheres jovens. Partimos, neste trabalho, daconsideração de que sintomas não são fenômenos naturais, inteiramente determináveis noplano da objetividade empírica, mas respostas do sujeito às exigências psicossociais quesobre ele recaem, estas, por sua vez, organizando-se em função de determinadas condiçõeshistóricas, culturais e, sobretudo, políticas. Concebendo o sintoma como uma mensagemendereçada ao Outro, a pesquisa buscou identificar algumas das modalidades de satisfação ede relação com o campo da fala e da linguagem implicadas na constituição dos sintomasanoréxicos. Para isso, adotamos os princípios metodológicos da Análise de Discurso dematriz francesa, articulados aos aportes teórico-clínicos da psicanálise. O material de análisefoi construído por meio de entrevistas semi-estruturadas com uma paciente diagnosticadacom Anorexia e recém-saída de um período de internação em clínica de tratamentopsiquiátrico. As entrevistas foram gravadas, e posteriormente transcritas. Hipotetizamos,com base na literatura lacaniana, que a recusa do alimento reenvia o sujeito anoréxico auma Outra cena, fantasística, na qual se evidencia aquilo de que se trata: da fome de amor.As análises foram planejadas por meio de dois eixos centrais: (i) a função do significante"anoréxica" na estruturação das dinâmicas psíquicas e afetivas da entrevistada; e (ii) oestatuto das relações entre Real, Simbólico e Imaginário na constituição do sintomaanoréxico. Em relação ao primeiro eixo, pudemos verificar que o significante "anoréxica" -vindo, como qualquer significante, do campo do Outro - desempenha uma verdadeirafunção subjetivante, na medida em que sua fixação demarca, no conjunto dos significantesque constituem a história do anoréxico, o lugar vazio no qual o sujeito (o do inconsciente,que é o único a nos interessar) se instalará. Já quanto ao segundo eixo, vimos que o sintomaanoréxico, ao contrário de mera manifestação fenomenológica de certas disposições ouconflitos psíquicos, deve ser localizado e pensado nas intersecções entre os registros dalinguagem (Simbólico), da imagem corporal (Imaginário) e do corpo pulsional (Real). Nessesentido, nossa hipótese de trabalho, explorada sob o ângulo desses dois eixos de análise,revelou-se um caminho interessante para pensarmos o gesto da recusa em suas dimensõesSimbólica (pois que dirigida ao próximo), Imaginária (já que implica a rivalidade com osemelhante) e Real (na medida em que deixa o corpo um resto não simbolizável).
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