Introdução: Associado a implementação de pisciculturas em tanques-rede, um input de matéria orgânica ocorre no ambiente aquático adjacente, influenciando a biota local, em especial a alimentação de peixes silvestres. Objetivo: Avaliar a influência desse modelo de cultivo sobre a composição alimentar, guilda trófica e amplitude de nicho trófico de Metynnis lippincottianus, espécie abundante no reservatório de Ilha Solteira, SP. Materiais e Métodos: Foram realizadas coletas em duas áreas amostrais (controle e tanque) em 2019. Vinte dois conteúdos estomacais na área tanque e 17 na área controle, foram quantificados por meio do método volumétrico. Resultados: Diferenças na dieta entre as áreas foram observadas (PERMANOVA, p<0,001). Macrófitas (20,4%), algas Cladophoraceae (20,3%) e Elodea sp. (17,7%), foram os principais itens consumidos na área controle, enquanto ração (46,7%) e Elodea sp. (23,4%) na área tanque. Os itens que mais contribuíram para diferença entre as áreas foram ração, Elodea sp., macrófita e as algas Ulthricaceae e Rhodophiceae (SIMPER). Na área controle, como os itens predominantes foram algas (48,2%) e macrófitas (41,4%), a espécie foi classificada como herbivora, enquanto na área tanque, observou-se tendência a herbivoria (24,7% alga e 23% macrófita), mas a maior predominância é de ração. A mediana da amplitude de nicho trófico (PERMDISP, p<0,001) também diferiu entre as áreas (tanque, 0,51; controle, 0,64), sendo menor na área tanque. Conclusão: Observou-se alterações na composição da dieta, com consequentes, mudanças na guilda trófica e amplitude de nicho trófico. Metynnis lippincottianus passou a consumir ração na área tanque, reduzindo assim o consumo da variedade de vegetais aquáticos, corroborando com a contração do nicho trófico. Por se tratar de um consumidor primário, a mudança na alimentação da espécie pode interferir na dinâmica da comunidade da biota aquática local e na ciclagem de nutrientes. Ainda, foi observada a presença de fragmentos de plásticos no estômago de alguns indivíduos. Tais resultados demonstram a influência negativa de atividades antrópicas sobre a ictiofauna local, ressaltando a importância de estudos sobre a ecologia trófica de espécies silvestres que forrageiam o entorno de tanques de cultivo.
We evaluated the differences in the diet and trophic guild of Metynnis lippincottianus under the influence of cage fish farms in the Neotropical reservoir. We collected samples from two areas (cage farm and control) in March and June 2019. Stomach contents were examined, and food items were identified and quantified using the volumetric method. Differences in diet composition were evaluated using PERMANOVA and SIMPER analyses, while trophic niche breadth was determined using PERMDISP. The trophic guild for each area was also determined. Significant differences in diet between cage farm and control areas were observed, due to consumption of pelleted feed, microcrustaceans, Egeria sp., and filamentous algae. In both sampling areas, M. lippincottianus was classified as algivorous. Despite the pelleted feed consumption in the cage farm area, no differences were observed in trophic niche breadth and the trophic guild. In addition, algae and macrophytes still accounted for the majority of this species' diet in both areas, indicating partitioning of resources. This resource partitioning may favor coexistence, but it is worth mentioning that pelleted feed consumption still indicates the influence of cage fish farms on the diet of wild fish.
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