O presente artigo objetiva refletir sobre o discurso moral midiático produzido em torno da Inseminação Caseira e seu uso como tecnologia reprodutiva por casais de mulheres lésbicas. Esta é uma modalidade reprodutiva autônoma, que consiste em uma autoinseminação de baixo custo, feita com o uso de material biológico de doador não anônimo. Para esta reflexão, utilizou-se cinco obras midiáticas produzidas por canais de comunicação de grande alcance no cenário nacional, analisadas sob a ótica da análise do discurso. Foram traçadas cinco categorias analíticas: apresentação textual-imagética das obras; narrativa das mulheres tentantes; discursos promovidos pelos ditos especialistas; e representação da figura do doador. Conclui-se pela necessidade de estímulo ao debate acerca da inseminação caseira realizada por mulheres lésbicas, de modo que tanto profissionais da área da saúde como a sociedade de uma forma geral não se baseiem apenas em discursos morais condenatórios ditos científicos, como aqueles propagados pela grande mídia em relação à Inseminação Caseira. Soma-se a isso a importância em garantir visibilidade para os relatos das mulheres que estão se submetendo à inseminação caseira, compreendendo-as enquanto protagonistas da produção de sua saúde sexual e reprodutiva e projetos parentais e que, por isso, devem ter seus discursos e experiências legitimados.
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