Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições, desde que o trabalho original seja corretamente citado. EDITORIAL EDITORIALNas últimas décadas, houve um crescimento vertiginoso, tanto no Brasil como em outras regiões do mundo, na quantidade de publicações em saúde que abordam a temática étnico--racial. Ao realizar uma busca na base PubMed, utilizando-se os termos "race", "ethnicity" e "Brazil", são 1.294 resultados entre 1990 e 2019. Esse mais de um milhar de referências está longe de se distribuir de forma homogênea nas três décadas. Assim, 75 (5,8%) foram publicadas entre 1990 e 1999 e 1.030 (79,6%) entre 2010 e 2019. Ao conduzir a busca com os termos "race" e "ethnicity" para o mesmo período, sem restringir país, são 135.027 referências, também com aumento expressivo ao longo dos anos, nessa que é uma das mais importantes bases de indexação em saúde no mundo.Conforme amplamente analisado nas ciências sociais e humanas, raça é um conceito que apresenta trajetória extremamente complexa na história social e na ciência do Ocidente. Vincula-se intimamente a regimes de opressão, hierarquização e exclusão social e política, tendo alicerçado o colonialismo ao longo de muitos séculos. Se até poucas décadas atrás, em meados do século XX, raça era tida como uma categoria analítica central para abordar a diversidade da espécie humana numa perspectiva biológica, desde então vêm se acumulando críticas a essa acepção do conceito, não mais vista, nos dias atuais, como cientificamente válida. Mas há outros "lados da moeda" no que se refere ao conceito de raça. Se erodida do ponto de vista científico, raça, em suas várias nuances, é uma categoria social com imenso impacto sobre a vida cotidiana das sociedades humanas, incluindo, claro, o campo da saúde. Nesse sentido, parcela expressiva das publicações que são recuperadas em bases, como a PubMed, em particular no campo da saúde pública, se relacionam a análises que empregam raça e categorias associadas em investigações acerca das iniquidades em saúde.É nesse contexto de um substancial e crescente volume de publicações que abordam raça e conceitos associados que periódicos de ampla circulação internacional, como o Journal of the American Medical Association ( JAMA), têm veiculado recomendações acerca do uso dessas categorias na pesquisa biomédica 1,2 . Vale mencionar que a publicação de tais recomendações pelo JAMA foi, em parte, motivada por um episódio polêmico ocorrido no início de 2021: a divulgação do podcast Structural Racism for Doctors -What Is It? e sua ampla promoção em redes sociais, no qual os dois participantes questionaram a pertinência
This paper presents the experience of conception and execution of an expography of genderthat taps in the potential of archaeological and ethnographiccollections to promote debates about sexism, racism, homophobia and other common practices of daily oppression. Conceived from two transversals segments of dispute the exhibit rejects the elitist and hegemonic discourses as much as it feeds the criticism about the masculinism scientific/academic discourse that forms supposedly neutral representations of the past that naturalizes all the gender, race-ethnicity, sexuality and class inequities that exists nowadays. Bravas Mulheres is a display of photos, things and narratives of subjects that resisted and resist the subjugation, their process of collective and self-affirmation, their material worlds, knowledge and subjectivities. ‘Bravas Mulheres’ Discutindo Gênero Através da Expografia O artigo relata a experiência de concepção e execução de uma expografia de gênero que explora o potencial de acervos arqueológicos e etnográficos para estimular a reflexão e o debate sobre o sexismo, o racismo, a homofobia e outras práticas de opressão cotidiana. Concebida a partir de dois segmentos transversais de contestação, a narrativa expográfica tanto rejeita os discursos hegemônicos e elitistas de patrimônio quanto busca fomentar a crítica ao masculinismo do discurso científico/acadêmico que constrói representações do passado supostamente neutras, mas que naturalizam as desigualdades de sexo/gênero, raça/etnia, sexualidade e classe que existem hoje. Bravas Mulheres é uma exposição de fotografias, coisas e narrativas de sujeitas que resistiram e resistem à subalternização, seus processos de afirmação individual e coletiva, seus mundos materiais, saberes e subjetividades.
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