Pelo menos desde 2006, o senador Eduardo Suplicy vem defendendo, em diversos textos, a tese de que o programa Bolsa Família será o caminho para se instituir a Renda Básica de Cidadania no Brasil (Suplicy, 2006; 2007; 2008; 2010). O Programa Bolsa Família beneficia atualmente quase 13 milhões de famílias ou 45 milhões de pessoas e é o principal programa de transferência direta de renda vigente no Brasil; o crescente número de beneficiários incorporados ao programa desde sua criação em 2003,1 certamente contribui para que haja certo otimismo quanto a sua possível universalização, justificando em parte a tese de que ele caminharia em direção à instituição da Renda Básica de Cidadania. Ademais, se em seu início os debates e as experiências de transferência direta de renda no Brasil foram, em grande medida, impulsionados pelo debate internacional em torno da ideia de renda básica, atualmente, pela dimensão que assumiu, o Programa Bolsa Família se tornou uma das grandes esperanças daqueles que postulam a instituição da Renda Básica Universal (Van der Veen, 2010).
Resumo Partindo de estudos sobre a experiência de tempo no capitalismo tardio, o artigo concentra-se nos temas de tempo de trabalho e renda básica, vinculando-os às crises social e econômica que vivenciamos atualmente. Com base na análise desses dois temas relacionados, eu lido com o debate a respeito dos mesmos desde os anos 1970 até o momento presente. Argumento que a opção neoliberal por fundamentalismo de mercado levou ao crescimento da pobreza e da desigualdade social, situação agravada pela atual pandemia de Covid-19. Para combater as extremas pobreza e desigualdade social, concluo propondo a adoção de uma renda básica universal não apenas durante a pandemia, mas como estratégia permanente para proteger o tecido social dos efeitos destrutivos de uma expansão descontrolada da lógica de mercado sobre a vida das pessoas.
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