As políticas linguísticas são entendidas, de modo geral, como um conjunto de decisões sobre o uso das línguas na esfera social, normalmente impostas pelo Estado através de documentos prescritivos oficiais. Contudo, quando analisamos a história do ensino de línguas no mundo ocidental, percebemos o surgimento de um conjunto de gestos de intervenção linguística (PONTE, 2010), que se contrapõe às macropolíticas instituídas pelas instituições governamentais que, muitas vezes, se fundamentam a partir de um paradigma da exclusão. Estes gestos de intervenção linguística também podem ser chamados de políticas de resistência, e são implementados por instituições periféricas, que não gozam do poder estatal como, por exemplo, as associações de professores e os movimentos estudantis. Com o objetivo de problematizar o processo pelo qual as políticas de resistência se transformam em políticas linguísticas oficiais, fundamentados em autores como Cooper (2000) e Ponte (2010), trataremos, neste artigo, do ensino de espanhol na região Nordeste de Brasil sob a perspectiva das micropolíticas que se opõem à revogação da Lei nacional nº 11.161/2005. As análises mostram que, no caso do espanhol, políticas de resistência vêm se transformando em políticas oficiais, garantindo o ensino desse idioma neolatino nos currículos de escolas estaduais e municipais.
No contexto da globalização, a internacionalização da educação se apresenta como um processo complexo e em transformação (KNIGHT, 2020), atualizando-se nas instituições de ensino de formas diversas e vinculando--se, sobretudo, à educação linguística no contexto do Sul Global. Partindo dessa premissa, este dossiê temático objetiva criar inteligibilidade sobre interfaces possíveis desses fenômenos, interessando-se em avaliar a Internacionalização da Educação a partir das lentes do Sul Global, cujo conceito, além de questionar o colonialismo e o imperialismo, aponta para a construção de uma identidade mais participativa do Sul do mundo no contexto internacional. Constituindo-se de nove textos, notadamente oito artigos e uma entrevista, que desvelam interfaces possíveis sob o prisma da Linguística Aplicada, este dossiê temático traz representações de quatro das cinco regiões brasileiras a partir da vinculação dos autores dos textos a suas instituições de educação. Representando o Nordeste, há autores de dois institutos federais e três universidades, a saber: Instituto Federal do Maranhão (IFMA), Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Em relação à região Centro-Oeste, fazem-se presentes autores vinculados ao Instituto Federal de Brasília (IFB) e à Universidade de Brasília (UnB). O Sudeste se faz representado por autores vinculados ao Instituto Federal de São Paulo (IFSP), ao Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) e à Universidade Federal de São Carlos (UFS-Car). Em relação ao Sul, há autores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). A multiplicidade de pontos de vista sobre a internacionalização da educação e a educação linguística, oriundos de contextos sociais diversos, de quatro das cinco regiões do Brasil, garante um rico registro histórico e acervo acadêmico sobre as interfaces propostas no dossiê. Claudete Santana de Assis e Antonio Henrique Coutelo de Moraes contribuem para o debate sobre as interfaces entre a internacionalização da
Este artigo trata da constituição de paradigmas de ensino no contexto de atuação de professores de língua(s) estrangeira(s). Nesse sentido, buscamos situar e definir a noção de paradigma(s), tendo como base teórica os estudos de Kuhn (2003), Lowy (1993), Rajagopalan (2014), Vasconcellos (2002), entre outros. Por conseguinte, propomos aproximar o conceito de paradigma(s) de ensino à formação de professores de língua(s) estrangeira(s), apoiando-nos nas contribuições de estudiosos como Almeida Filho (2004), Lopes (2013), Moita Lopes (1996), entre outros. Apontamos neste artigo para dois aspectos importantes para a formação docente em LE: o primeiro diz respeito à formação de paradigmas, no qual sinalizamos que o professor em atuação move-se, mesmo que inconscientemente, em um paradigma, seja ele o tradicional ou o emergente; o segundo aspecto relaciona-se ao processo de formação acadêmica, a partir do qual discorremos sobre quatro etapas que caracterizam o movimento de formação do professor de LE: a) enquanto usuário da língua; b) enquanto pesquisador; c) atuando em um dos paradigmas: tradicional ou emergente e d) no signo da incompletude profissional.
O presente ensaio apresenta uma discussão sobre os interstícios entre literatura e imigração. Para tanto, nossas problematizações consideram as especificidades da América Latina como um espaço em conflito que ilustra os trânsitos territoriais de povos fronteiriços na contemporaneidade. Dando importância a uma série de eventos recentes, que enfatizam a complexidade da imigração, através da violação dos direitos humanos de imigrantes de diversos países, propomos uma reflexão sobre a seguinte pergunta norteadora: Pode a literatura latino-americana nos ensinar a respeitar o outro? A partir desta indagação, analisaremos dois poemas não-canônicos sobre a experiência do imigrante em terras estranhas, ressaltando a importância do acesso e, por consequência, da leitura de literatura em espaços diversos, como objeto que nos permite conhecer a nossa própria história e nos humanizar. Quanto à fundamentação teórica, dialogamos, sobretudo, com textos de Antonio Candido (2004), Regina Dalcastagnè (2012; 2018) e Marcia Tiburi (2018).
No Brasil, a década dos anos 1980 caracteriza-se por uma efervescência político-cultural, a partir de eventos importantes, tais como o fim da ditadura cívico-militar, a redemocratização do Estado brasileiro e a epidemia de AIDS. Nessa conjuntura social, Leila Míccoles e Herbert Daniel publicam em coautoria um texto intitulado Jacarés e Lobisomens: um ensaio sobre a homossexualidade (1983), o qual debate, como bem sugere o subtítulo, questões de gênero e sexualidade. Neste artigo, interessa-nos apresentar um exame analítico do primeiro ensaio da obra citada, com o objetivo de problematizar sobre de que modo Herbert Daniel debate a homossexualidade em tempos de autoritarismo, preconceito e estigmas sociais diante da AIDS. Como resultado, notamos que Herbert Daniel traz um conjunto de reflexões que partem da sua própria vivência como homossexual. Além disso, o romancista não busca teorizar – ou se apresentar como um teórico – a homossexualidade, uma vez que abandona discursos científicos e epistemológicos, dando maior importância as suas vivências e reflexões pessoais.
Aunque fue la ley 11.161/05 que dio más visibilidad al idioma de Cervantes en Brasil, es importante decir que tenemos un extenso histórico acerca de la oferta de cursos de lengua española en nuestro país, y que empieza en 1919, cuando el Colegio Pedro II, en Rio de Janeiro, seleccionó un profesor para impartir clases de esta lengua neolatina. Desde entonces, el español ha pasado por movimientos de exclusión e inclusión en el currículo nacional. En este artículo, buscamos presentar la evolución histórica de la presencia del español en la educación brasileña, una reflexión sobre el contexto de enseñanza y aprendizaje del castellano en las instituciones de enseñanza superior (IES) del estado de Rio Grande do Norte y poner de manifiesto algunos de los motivos por los cuales los brasileños deben aprender español. Como resultado, entre otras cosas, vale resaltar dos puntos: que la formación inicial de calidad ofrecida por instituciones públicas de Rio Grande do Norte contribuye con la difusión del castellano en el estado y que la apertura de posibilidades de investigación en cursos de posgrado que reciben profesores de español funciona como un importante mecanismo de formación continuada para los docentes de esta lengua. Palabras clave: Enseñanza de español. Histórico en Brasil. Enseñanza superior en Rio Grande do Norte.Resumo: Ainda que a lei 11.161/05 tenha sido a que mais deu visibilidade ao idioma de Cervantes no Brasil, é importante dizer que temos um extenso histórico sobre a oferta de cursos de língua espanhola no nosso país, que começa em 1919, quando o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, selecionou um professor para ministrar aulas dessa língua neolatina. Desde então, o espanhol tem passado por movimentos de exclusão e inclusão no currículo nacional. Neste artigo, buscamos apresentar a evolução histórica da presença do espanhol na educação brasileira, uma reflexão sobre o contexto de ensino e aprendizagem do castelhano nas instituições de ensino superior (IES) do estado do Rio Grande do Norte e destacar alguns dos motivos pelos quais os brasileiros devem aprender espanhol. Como resultado, entre outras coisas, vale ressaltar dois pontos: que a formação inicial de qualidade ofertada por instituições públicas do Rio Grande do Norte contribui com a difusão do castelhano no estado e que a abertura de possibilidades de investigação em cursos de pós-graduação que recebem professores de espanhol funciona como um importante mecanismo de formação continuada. Palavras-chave: Ensino de espanhol. Brasil. Rio Grande do Norte.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.