RESUMO:As políticas públicas relacionadas ao ensino superior brasileiro atual vêm estabelecendo seus parâmetros nos moldes da "globalização" econômica, visando sua inserção no mundo moderno, a partir de um modelo econômico "neoliberal" assumido como inevitável. As novas formas de organização do trabalho deles decorrentes impuseram um novo tipo de formação, onde o domínio do conhecimento e o tempo de escolarização passaram a ser estratégicos. Porém, a aplicação das recomendações dos órgãos internacionais no Brasil "neoliberal" privilegia a formação de nível superior fora do sistema universitário público, apontado como "atrasado" devido aos seus custos, preferindo-se uma outra, onde os critérios de "qualidade" são os empresariais. As conseqüências são evidentes, acentuando-se o atraso econômico e tecnológico, distanciando-se cada vez mais o país da modernidade. Palavras-chave: Brasil -Universidade; Educação e desenvolvimento econômico; Política pública e educação superior; Educação superior e globalização; Ensino superior e trabalho; Ensino superior público e privado.Examinar a Universidade brasileira e, por extensão, o ensino superior, através de uma perspectiva da globalização, traz a lembrança da metáfora da caverna de Platão na República. A sombra prismática por ela projetada permite vislumbrar parcelas dos objetos sem que se consiga observar a sua totalidade. Assim, a imaginação atua procurando desvelar o que são as obscuras formas apreendidas. Justificadas por uma compreensão peculiar dos processos identificados com a globalização, a educação superior no Brasil vem sendo questionada e pressionada a se adequar a certas demandas, oriundas dos desejos de inserção no mundo moderno, o que tem sido disseminado como inevitável.
desejo de influência preponderante da religião sobre o Estado e a sociedade não é novidade no Brasil. Depois do Império, onde o padroado estabeleceu o vínculo entre o poder monárquico e o catolicismo como religião oficial, a República, mesmo estando constitucionalmente separada da Igreja, desta sempre sofreu, de forma mais ou menos explícita, a pressão ideológica pelo comando de corações e mentes de seus cidadãos.Nos tempos mais recentes, de recrudescimento do fundamentalismo religioso de diversas confissões em todo o mundo (com a conseqüente intolerância que legitima a violência e o terror contra os inimigos de sua fé), a disputa entre as crenças ocupa cada vez maiores espaços. Em suas devidas peculiaridades, o Brasil faz parte desse movimento, e a educação é dele parcela estratégica. Nesse aspecto, é possível traçar uma linha de continuidade desde a República Velha, que passa pelo período da ditadura getulista, pelo interregno democrático de 1945 a 1964, pela imposição da infame Educação Moral e Cívica na ditadura militar, até chegar à concorrência religiosa nas escolas públicas em pleno regime democrático. 1 As concessões atuais se verificam desde o preâmbulo da Constituição em vigor, promulgada "sob a proteção de Deus". O comprometimento do Estado laico com as influências religiosas no âmbito educacional se mostra, por exemplo, no parágrafo 1º do artigo 210 da Constituição ("O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá * Doutor em Educação e professor do
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