Let England Shake, álbum conceitual de PJ Harvey de 2001, e a coletânea de curta-metragens homônima dirigida por Seamus Murphy em colaboração com a cantora, consistem em um exemplo contemporâneo de narrativa de guerra. As letras do álbum se concentram principalmente – mas não exclusivamente – na Primeira Guerra Mundial, especialmente na campanha de Galipoli, enquanto o filme de Murphy aborda os recentes conflitos no Oriente Médio. Este artigo evidencia como a imagem da guerra em Let England Shake é esteticamente construída tanto em canção quanto em imagens, apoiado pelas teorias de literatura de guerra – especialmente de Samuel Hynes – e por debates acerca da (est)ética da representação da violência.
Com a temática “1918: O fim do século XIX, 100 anos depois”, este dossiê da Revista Literatura e Autoritarismo contempla uma seleção de debates sobre o centenário do fim da Primeira Guerra Mundial, que não pretende de forma alguma esgotar a pletora de leituras que oferece, mas sim oferecer pontos de apoio para a continuidade desses estudos por todos os interessados em compreender as guerras modernas através das narrativas que delas emergem.
Mulher Maravilha, adaptação para o cinema de 2017, dirigida por Patty Jenkins, oferece um olhar contemporâneo sobre a Primeira Guerra Mundial. Contudo, as histórias em quadrinhos que servem de material fonte para a adaptação são produtos da chamada “Era de Ouro” dos quadros de super-herói estadunidenses, e são marcadamente produtos do período da Segunda Guerra Mundial. Portanto, a adaptação efetua um processo de deslocamento cronológico da ambientação tradicional da personagem Mulher Maravilha. Esse deslocamento tem efeitos diretos na recepção da obra – efeitos em grande parte causado pelas profundas distinções entre os mitos de cada uma das duas guerras mundiais (HYNES, 1992, 1998). Esse trabalho investiga os efeitos desse deslocamento e suas consequências para um olhar contemporâneo sobre a Primeira Guerra Mundial.
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