BackgroundThe Brazilian undergraduate medical course is six years long. As in other countries, a medical residency is not obligatory to practice as a doctor. In this context, this paper aims to clarify what and when competencies in communication and professionalism should be addressed, shedding light on the role of university, residency and post-residency programmes.MethodsBrazilian family physicians with diverse levels of medical training answered a questionnaire designed to seek a consensus on the competencies that should be taught (key competencies) and when students should achieve them during their medical training. The data were analysed using descriptive statistics and correlation tests.ResultsA total of seventy-four physicians participated; nearly all participants suggested that the students should achieve communication and professionalism competencies during undergraduate study (twenty out of thirty competencies – 66.7%) or during residency (seven out of thirty competencies – 23.33%). When competencies were analysed in domains, the results were that clinical communication skills and professionalism competencies should be achieved during undergraduate medical education, and interpersonal communication and leadership skills should be reached during postgraduate study.ConclusionThe authors propose that attainment of clinical communication skills and professionalism competencies should be required for undergraduate students. The foundation for Leadership and Interpersonal Abilities should be particularly formed at an undergraduate level and, furthermore, mastered by immersion in the future workplace and medical responsibilities in residency.Electronic supplementary materialThe online version of this article (10.1186/s12909-018-1141-2) contains supplementary material, which is available to authorized users.
Objetivo: uma atuação centrada na pessoa é considerada essencial para o médico de família e comunidade considerando-se as mudanças ocorridas na sociedade nos séculos XIX e XX. Este artigo apresenta um estudo de caso, cujo objetivo foi identificar se os componentes que caracterizam inequivocamente o Método de Abordagem Clínica Centrada na Pessoa (MCCP) estão presentes na prática do médico de família. Métodos: os dados foram coletados por meio de entrevistas com médicos de família e com pessoas por eles atendidas, sendo os depoimentos gravados, transcritos e analisados com base no Discurso do Sujeito Coletivo. Resultados: identificaram-se aspectos comuns ou contraditórios nos discursos de pessoas e médicos sobre a aplicação da Abordagem Centrada na Pessoa. Conclusão: ainda não existe por parte dos médicos de família um conhecimento adequado sobre significado e aplicação de uma Abordagem Clínica Centrada na Pessoa.
Hacia una educación basada en competencias: la construcción de la matriz de prácticas en Medicina de FamiliaObjective: To elaborate a blueprint of the competencies to be developed during three months of Family Medicine Clerkship at the Federal University of Health Sciences of Porto Alegre (UFCSPA). Methods: A literature review was carried out on competency-based education, medical schools using this approach and national and international guidelines on medical education. Therefore, the applicability of the recommendations in the context of UFCSPA Clerkship was discussed. Results: Eighteen competencies were established and divided into four axes: General, Individual Approach, Family Approach, and Community Approach. Each competency was depicted in one or more components. For each component, we have identified the teaching and students' assessment methods currently applied in Family Medicine Clerkship. Conclusions: Clerkship competencies, which were previously developed in an intuitive way, were organized in a blueprint that enables the review and adequacy of teaching methods and students' assessment. declaram não haver.
Objetivo: estudar a associação entre história de depressão e hiperutilização de serviços de saúde (HSS) entre usuários da Atenção Primária à Saúde (APS), além de estabelecer a prevalência de HSS, o número médio de consultas e o perfil epidemiológico dos grupos com história positiva e negativa para depressão. Métodos: os dados foram obtidos de prontuários familiares de duas Unidades de Saúde. Para analisar dados sobre o desfecho primário e para comparar o perfil epidemiológico dos grupos foi utilizado o teste qui-quadrado. Para comparar a diferença na média de consultas entre os grupos, utilizou-se o teste t de student. Resultados: foram analisados 278 pacientes. As prevalências de depressão e de HSS na amostra foram, respectivamente, de 15,1 e 4,3%. Houve diferença na prevalência de HSS no grupo com história positiva para depressão, 14,3%, quando comparado ao grupo com história negativa para depressão, 2,5% (RP = 5,62, IC 95% 1,90 a 16,59, p = 0,004). A média de consultas no grupo com história positiva para depressão foi de 5,25 consultas/ano, enquanto no grupo com história negativa para depressão foi de 2,59, com diferença de médias de 2,65 (IC 95% 1,90 a 3,40; p < 0,001). Observou-se também maior prevalência de dispepsia e uso de antidepressivos entre HSS. Conclusão: os resultados reforçam dados da literatura, indicando que pessoas com histórico de depressão tendem a utilizar mais os serviços de APS, apresentando uma prevalência maior de HSS. Dessa forma, um maior conhecimento acerca do perfil dos HSS permitirá desenvolver abordagens mais resolutivas para esses usuários.
ResumoOs autores foram designados pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) a desenvolver uma Oficina para capacitar preceptores nesta especialidade. A capacitação teve como objetivo nortear a formação de médicos a partir das diretrizes nacionais em virtude da abertura de novos Programas de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade (PRMMFC) e da adequação dos já existentes. A tarefa foi cumprida, a multiplicação teve início e sofreu avaliação. Queremos compartilhar essa experiência, através deste artigo, com outros profissionais que tenham interesse em formar recursos para qualificar a atenção em saúde em nosso país. AbstractThe authors were designated by the Brazilian Society of Family Medicine and Community (SBMFC) to develop a workshop to train preceptores this speciality. The training aimed to guide the training of doctors from national guidelines because of the opening of new programs in Medical Residency in Family and Community Medicine at (PRMMFC) and the adequacy of existing ones. The task has been fulfilled, multiplication started and suffered evaluation. We want to share this experience through this article with others who have an interest in forming resources to qualify the health care in our country.
O texto trata da utilização do afeto como ferramenta essencial na relação clínica que se estabelece na prática entre o Médico de Família e Comunidade (MFC) e as pessoas sob seus cuidados. Relação diferente do que acontece em outros cenários de prestação de cuidados à saúde. Entender o processo desta relação, identificar a troca de emoções que nela acontece, reconhecer as reações e dificuldades de forma consciente, torna o desfecho favorável, melhorando o cuidado prestado e a satisfação.
Diante da polêmica estabelecida1, as perguntas a serem respondidas neste tema são:1-É necessário uma CH de 40 horas semanais para realizar um trabalho de qualidade na APS?2-Uma CH de 40 horas permite uma qualidade de vida ao MFC?3-É necessário um MFC trabalhar 40 horas semanais para justificar uma remuneração que permita ter uma vida com qualidade?4-A APS é um cenário que permite um trabalho qualificado?5-Cuidar da saúde, fazendo consultas e outras intervenções, é como uma linha de montagem, onde cada atendimento é um produto que pode ser “confeccionado” oito horas por dia, cinco dias por semana?Então QUALIDADE é a palavra-chave. Qualidade do trabalho, qualidade de vida, remuneração qualificada. Não é a somente as 40 horas que determina a qualidade. O tempo é relativizado por diversas variáveis: a pessoa que o utiliza, a qualificação individual, a equipe em que está inserido, as tarefas a serem executadas, a satisfação que a atividade gera, o contexto em que estamos atuando, a complexidade das tarefas e as condições disponibilizadas (como ser responsável por uma população de no máximo 2.200 pessoas). Talvez oferecer contratos opcionais de 30 e de 40 horas seja uma alternativa. A APS não é cenário tranquilo. Cumprir 40 horas de trabalho efetivo em APS, com a diversidade da demanda e a responsabilidade que caracterizam a atuação do MFC, e as condições usuais das Unidades é extremamente desgastante.Somos mais realistas que o Rei. Como temos uma “veia” ideológica e nos responsabilizamos por fazer as coisas darem certo, temos a tendência de nos tornar nossos próprios patrões, e com isso exigimos mais que eles de nós mesmos. O tempo é relativizado por diversas variáveis: a pessoa que o utiliza, as tarefas a serem executadas, a satisfação que a atividade gera, o contexto em que estamos atuando, a complexidade da tarefa e as condições disponibilizadas.Com tudo isso dizer que para trabalhar na APS e fazer um bom trabalho é necessário 20, 30 ou 40 horas é uma falácia. Como estas variáveis são difíceis de estabelecer para cada local, o que sabemos e desejamos é que exista uma homogeneidade em todas elas, com uma remuneração aproximada.Ao longo de 27 anos de prática em regime CLT, passei por vários momentos. O primeiro foi do contrato por 24 horas semanais, pois nenhum médico tinha contrato por mais tempo que isso para poder ter seus três ou mais empregos. Nossos ideais como médicos emergentes na APS eram tempo integral e dedicação exclusiva com salário condizente, é claro ($ 8.000 era o almejado)! Só assim conseguiríamos fazer uma APS de qualidade. Conseguimos 48 horas semanais (40 de segunda a sexta + um final de semana com sábado e domingo das 8-20), para justificar um salário adequado. Por contingências trabalhistas da instituição, isto foi tendo que se adequar e hoje é uma CH de 36 horas semanais com banco de horas, de segunda a sexta, o que representa realizar 6 horas e 18 minutos por dia. Com o banco de horas podese cumprir no mínimo 4 horas e 28 minutos num dia. As horas faltantes podem ser compensadas a mais em outro dia. Isto facilita, pois em determinados dias pode-se trabalhar mais e em outros menos. Como tudo tem prós e contras. Mas é bom.Com relação ao desempenho e cumprimento das tarefas em APS, é possível desempenhar em 30 ou 36 horas o que fazemos em 40 horas? Acredito que sim, é apenas uma questão de organizar o tempo, redefinir papéis e metas da equipe e ser responsável por uma população de no máximo 2.200 pessoas. Cumprir 40 horas de trabalho efetivo em APS, com a diversidade da demanda e a responsabilidade que caracterizam a atuação do MFC é extremamente desgastante. Se contarmos os tempos de deslocamento ao local de trabalho, ser médico da APS torna-se escolha de abnegados. Além do que muitos gestores começam a inventar metas para rechear esta carga: número de VDs/mês (absurdo! pois VD é cara e deve ter critérios em sua realização); número de atendimentos/mês (o ideal é que as pessoas tenham o cuidado disponível, o utilizem com critério de acordo com suas necessidades, mas não o necessitem a partir do momento em que sua saúde melhora), e outras tantas.A vida pessoal, a família é a razão de trabalharmos, não o contrário.Quando passamos mais tempo no trabalho (ir-estar-vir) é porque algo esta mal. Diz-se que não se pode flexibilizar a APS para que não se desestruture. Acho que esta se desestruturando pela rigidez, pela baixa inclusão tecnológica, pela insuficiente polivalência das equipes, pela demora em atender a classe média, pelos vínculos precarizados, por estabelecer metas que retiram a autonomia do MFC e pela falta de perspectiva enquanto carreira.Consensos são difíceis, criar alternativas e oferecer opções pode ser uma saída.
Carlos Grossman formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1951. Participou da criação da primeira Residência Médica do Rio Grande do Sul na UFRGS. Além disso, participou também da criação de um dos primeiros programas de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade (MFC) do Brasil, no Centro de Saúde Escola Murialdo - em Porto Alegre - e, posteriormente, foi coautor na criação da Residência em MFC do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), a qual é, hoje, referência nacional. Foi eleito global doctor em outubro de 2004, pela WONCA – World Organization of Family Doctors – , e, acima de tudo, contribuiu enormemente para o desenvolvimento da MFC como especialidade médica e para as bases da criação do Programa de Saúde da Família, de 1994. Mais do que um médico, Dr. Carlos Grossman é um sábioque, como ele mesmo diz, soube aproveitar bem todas asoportunidades que a vida lhe proporcionou. Filho de imigrantes russos, Carlos Grossman nasceu no dia 2 de janeiro de 1928 em Porto Alegre. A escolha pela medicina não foi simples. A profissão do pai – agrônomo e pesquisador – sempre lhe trouxe a certeza de que cursaria agronomia; entretanto, nos meses que antecederam a inscrição para as provas, Grossman começou a considerar a possibilidade de cursar medicina. Escolheu ambos, porém agronomia foi colocada como segunda opção. Para sua surpresa, Grossman foi aprovado em primeiro lugar no vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) de fevereiro de 1946 e, apesar de as dúvidas persistirem, deu início ao curso de Medicina.Ao longo do curso, Carlos pouco expressou sua face humanista que tanto diferenciou posteriormente sua atuação – talvez pelo fato de que na época não era realizada a prática do estágio obrigatório pelas faculdades de medicina. Foi num estágio opcional na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre que Grossman conheceu o professor Maurício Seligmann, o qual promoveu o contato do jovem com os pacientes, despertando, talvez pela primeira vez, o interesse deste pela medicina.Em 1951, Grossman formou-se e foi visitar a família nos Estados Unidos. Neste período, solicitou bolsas de estudo em genética e estatística – não havia, afinal, desistido inteiramente da pesquisa – e, enquanto esperava o resultado, observou que, naquele país, os médicos somente consideravam-se preparados a exercer a medicina após fazerem especialização através da residência – no Brasil, só havia tais programas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Grossman se inscreveu na residência de Medicina Interna, em Washington, e teve como preceptor John Fitzgerald Smith, renomado internista que discutia casos complexos com seus alunos, contribuindo fortemente para a formação da personalidade médica de Grossman. No segundo ano de residência, chegou resposta em relação a um de seus pedidos de bolsa: havia sido aprovado, mas recusou. Já havia se decidido pela medicina. De volta ao Brasil, na década de 60, junto de Eduardo Faraco e Rubem Maciel, Grossman participou da criação da primeira Residência Médica do Rio Grande do Sul na UFRGS. Depois disso, tendo em vista a sua residência nos EUA e a sua experiência nessa criação, em 1975, Ellis Busnello e Isaac Lewin o convidaram para elaborar uma das primeiras Residências em Medicina de Família e Comunidade (MFC) do Brasil, no Centro de Saúde Escola Murialdo. Em 1979, Grossman retornou ao Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) – onde já havia sido diretor por um breve período em 1973, quando se afastou por discordar da demissão injusta de uma auxiliar de enfermagem – para coordenar todos os programas de residência médica do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Assim, “com a faca e o queijo na mão” – como relata Grossman – criou a residência em MFC do GHC. Percebendo a necessidade de locais para os residentes atuarem, unido a Carlos Dora e José Mauro Lopes, Grossman em 1982 coordenou a implementação da Unidade de Medicina de Família do HNSC, a qual culminou na implementação do Serviço de Saúde Comunitária (SSC) com doze Unidades de Saúde da Família em Porto Alegre. Grossman ressalta que todas essas iniciativas deram certo devido ao empenho dos profissionais que o fizeram pela satisfação em melhorar a saúde pública. No início da década de 90, avaliadores do Ministério da Saúde visitaram o SSC, impressionaram-se com a qualidade dos serviços ali prestados e usaram-no como modelo para criar, em 1993, o Programa Saúde da Família, auxiliando ainda mais no desenvolvimento da MFC. Para Grossman, o médico de família e comunidade deve ser a “porta de entrada do SUS”: conhece e é conhecido por todos, é acessível à população e geralmente acerta seus diagnósticos. Para isso, é preciso que o médico seja qualificado e permaneça em sua comunidade. Tendo isso em vista e o fato de que, para ele, “aprender a atender é ver atender”, compreendemos por que ele aproveitou todas as oportunidades que teve para criar novas residências médicas e auxiliar na qualificação dos médicos em formação. Além dessa trajetória de grandes feitos, Grossman também é muito conhecido pelo seu senso crítico e por seus ensinamentos. Para ele, há três questões cruciais para uma boa saúde: alta qualidade dos serviços, baixo custo e fácil acesso pelas pessoas. Sabendo da dificuldade de superar esses desafios na prática, ele sugere que “se use mais a cabeça (referindo-se ao aprimoramento dos exames realizados durante a consulta) e menos a caneta (diminuir gastos com exames, remédios e internações)”. Outro legado de Grossman – marcado pelo seu bom-humor e sabedoria – é o de que a medicina também “se faz muito com a bunda”, pois, segundo ele, quem não tem tempo de sentar e ouvir o que o paciente tem a dizer devia fazer outra coisa. Ressalta também a importância de acreditar no que se ouve a fim de criar um vínculo de confiança com o paciente. Pensando nisso, podemos entender os seus “princípios”: (1) O paciente sempre tem razão; (2) O paciente sempre diz a verdade; (3) Sempre é orgânico; (4) Sempre duvide de si mesmo. Hoje, ele possui um consultório no Hospital Moinhos de Vento, onde atua como clínico geral, e é instrutor de Residência de MFC no GHC. De maneira descontraída e divertida, Carlos Grossman resume sua vida até o momento como uma surpresa boa, a qual inclusive se encontra registrada numa inscrição feita em uma placa em sua homenagem pela equipe da Unidade de Saúde Floresta que diz: “Nem você acreditava que este lance daria tão certo!”.1-5
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