Nas últimas décadas, o conceito de cultura tem vindo a adquirir um âmbito muito mais vasto que o tradicional. Este, como é sabido, apenas contemplava a cultura de tipo erudito, isto é, literária, filosófica ou artística. Para isso contribuíram ciências como a antropologia, a etnologia e a sociologia, mas também as novas concepções do homem e da vida, estudadas e veiculadas pela história. Assim, falamos hoje de cultura de povos primitivos, de cultura operária, de cultura industrial ou de cultura material. Em alguns casos, o adjectivo cultural é mesmo utilizado para caracterizar toda uma civilização, como sucede com o recente livro publicado em França, da autoria de Fumarioli, intitulado precisamente L'État culturel. Essai sur une religion modern. Neste contexto, caracterizado por uma certa revalorização e vulgarização do cultural - e, simultaneamente, pelo reforço do papel desempenhado pela empresa -, não surpreende que o interesse pela temática cultura de empresa tenha vindo a aumentar, de forma notória. Já se afirmou não existir hoje discurso sobre a empresa que não fale de cultura. Daí o assunto ter entrado na ordem do dia de publicações, especializadas ou mesmo de carácter mais genérico - como periódicos ou semanários -, conferências, seminários, ensino e investigação. Parece-me, assim, estar suficientemente justificada a inclusão do tema nestas Jornadas, visto tratar-se, como veremos oportunamente, de um instrumento fundamental para uma gestão moderna e actualizada.