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GENERALIDADES SOBRE MIfASESOs ataques de larvas de dípteros ao homem e aos animais despertaram a atenção de vários cronistas e missionários na América Latina, desde os albores da colonização.Já no século XVI encontramos várias referências à presença de larvas no corpo do homem ou dos animais.Frei Bernardino de Sahagún, que viveu na Nova Espanha (México), de 1529 a 1590, em sua "Historia General de las cosas de Nueva Espana", onde compilou o conhecimento de história natural dos Astecas, dizia da existência de "gusanos que se crían en los brazos o miembros de los conejos y ratones"; esses vermes podiam ser vistos "metidos dentro de la carne y miran hacia fuera". Estas larvas, certamente de Cuterebra, eram chamadas nacaocuilin Campo, 1947 : 50). Neste trecho, talvez a primeira referência a um cuterebrídeo, Frei Bernardino descreve magistralmente a abertura da chaga onde habita a larva, e seus espiráculos posteriores "que miran hacia fuera".Pedro de asma de Xara y Zejo, em carta de 26 de dezembro de 1568, endereçada ao médico sevilhano Nicolás Monardes, menciona a presença de larvas de dípteros encontradas em feridas ("l1agas"'), sem dúvida alguma re· ferindo·se a Cochliomyia (Manardes, 1580; Lamas, 1981).Gabriel Soares de Souza, descrevendo a Bahia em 1587, foi um dos primeiros a citar as bicheiras por Cochliomyia e seu tratamento: "~ notório a todos, como é matarem com o seu sumo (extrato de fumo ou petume) os vermes que se criam em feridas e chagas de gente descuidada: com a qual curam também as chagas e feridas das vacas e das éguas sem outra cousa, e com o sumo desta erva lhe encouram" (Souza, 1938).Simón (1626) Caso após caso de bicheiras acumulam-se na literatura científica e dos viajantes, em todas as partes do mundo.Em 1840, em seu trabalho de síntese, " On insects and their larvae occasionally found in the human body", o reverendo Hope cunhou o termo " myiasis" (de myia = mosca) .Desde então vem este termo sendo usado nas mais variadas acepções, existindo, entretanto, uma tendência para restringi-lo à síndrome geral caracterizada pelo ataque de larvas de dípteros a vertebrados vivos. Zumpt (1965: xi) forneceu a seguinte definição:"Miíase é a infestação de vertebrados vivos por larvas de dípteros que, pelo menos durante certo período, se alimentam dos tecidos vivos ou mortos do hospedeiro, de ~uas substâncias corporais líquidas, ou do alimento por ele ingerido."A importância dessa definição, segundo o autor, é de que as larvas completem pelo menos por um certo período o seu desenvolvimento normal dentro ou sobre o corpo do vertebrado.Tais larvas podem ser separadas em dois grupos biologicamente distintos: os parasitos obrigat6rios e os pa(asitos facultativos.São parasitos obrigatórios os que têm larvas que normalmente se desenvolvem dentro ou sobre o corpo de vertebrados vivos. Este grupo inclui as larvas que (i) vivem nas cavidades nasofaríngeas e outros sistemas internos de certos mamíferos herbívoros (Fam. Oestridae) ; (ii) as que vivem nos tecidos dérmicos e subdérmicos de certos mamíferos (Fams. Hyp...

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JOSÉ RAUL VALÉRIO 1 JOSÉ HENRIQUE GUIMARAES 2The horn Ily, Haematobia irritans ( L.) (Dipt era, Muscidae) , is reported as introduced into Boa Vista, Roraima, Brasil, possibly Irom Northern South America (Venezuela) .Desde 1980 os técnicos do Centro Nacional de Pesquisas do Gado de Corte -Embrapa, têm conhecimento da existência de uma pequena mosca hematófaga que vem atacando o gado bovino em propriedades rurais e abatedouros no município de Boa Vista, Roraima. As moscas formam bandos, sugando os animais em várias áreas do corpo não atingidas pela cauda ou a cabeça dos animais. O gado atacado torna-se irritadiço, procurando refúgio em áreas de bosques.As primeiras coletas destes dípteros na região foram feitas em vii . 1980 pelo Engenheiro Agrônomo Antônio Nascimento Rosa. Novas colelas foram realizadas em x.1981 pelo Médico Veterinário José Antônio Paim Schenk e enviadas para estudo a um dos autores (J . R. V . ); acreditando tratar-se da Haematobia irritans (1.), tal amostra foi encaminhada ao Dr. Adrian C. Pont, British Museum (Nat. Hist.) para confirmação. O Dr. Pont prontamente identificou a amostra como Haematobia irritans (1.) , confirmando as suspeitas anteriores.Tal díptero, conhecido na literatura entomológica como " horn-fly", é uma séria praga do gado, bem conhecida nos países do Novo Mundo, da Venezuela ao Canadá.Haematobia irritans assemelha-se externamente à mosca dos estábulos, Stomoxys calcitrans, diferenciando-se desta principalmente por apresentar o palpo espatulado, quase tão longo quanto a probóscida. A biologia e hábitos desta espécie foram revistos por McLintock & Depner (1954) . Os adultos são hematófagos, causando grandes prejuízos à pecuária. Os animais, perturbados pelo ataque da mosca, alimentam-se mal, . com redução no ganho de peso ou na produção de leite. A perda de sangue pode ser considerável quando as moscas são abundantes.Esta praga, originária do Velho Mundo, foi introduzida nos Estados Unidos entre 1884 e 1886 em gado importado da Europa; em 1898, já tinha se espalhado por todo o continente norte-americano (Marlatt, 1910) .A Hematobia sempre viaja com o seu hospedeiro . Myers (1938) acreditava que tal díptero fora introduzido nas Antilhas a partir de gado importado dos Estados Unidos. Na América do Sul, esta praga é conhecida em quase todos os países . Segundo Fiasson (1934) a Haematobia foi introduzida na Venezuela em 1937, de gado originário da Colômbia . Gonzalez (1968), registrou a introdução desta espécie em i. 1967 no Chile. Até o presente não se tinha conhecimento da existência deste díptero no Brasil. Pont (1972) , em seu catálogo da família Muscidae para a Região Neotropical , assinala a ocorrência desta espécie em nosso país . Entretanto, tal informação vem de registros não confirmados existentes na literatura, como o de Laake (1949) que relata a presença desta espécie em Minas Gerais. Não temos ainda conhecimento do país de

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Macatuba, São Paulo, Brazil, between July 1981 and April 1982.

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