Este artigo busca elaborar uma visão panorâmica e uma análise crítica sobre a vasta obra de crítica de arte desenvolvida por Mário Pedrosa entre os anos 1933 e 1981. Busca-se, através da compreensão contextualizada desta produção crítica, examinar as principais problemáticas relacionadas ao desenvolvimento das artes visuais no Brasil, procurando examinar como os diversos contextos sociais, políticos e culturais se expressam no trabalho de Mário Pedrosa e iluminam as próprias produções artísticas que eram objeto de sua reflexão.Hoje em dia, já é quase um truísmo dizer que avaliar a história da crítica de arte no Brasil implica em pensar, concomitantemente, a importância de Mário Pedrosa (1900-1981 neste campo. O período áureo da crítica de arte no Brasil e a produção crítica de Mário Pedrosa praticamente se recobrem. Mário Pedrosa começa a produzir os seus primeiros textos críticos na década de 1930, passando a partir daí por fases que já examinaremos. Ao lado disso, é nessa mesma época que a crítica de arte toma maior impulso e começa a se difundir amplamente pelo Brasil, produzindo reflexões e polêmicas que conseguiam disputar a atenção pú-blica em pé de igualdade com notícias em geral, com o mundo do entretenimento de massa ou com as atividades esportivas. Essa época áurea, conforme já observaram alguns autores, parece declinar na década de 1970 por razões que logo mencionaremos 1 . Quanto a Mário Pedrosa, ainda escreve nesta última década textos fundamentais sobre a arte em geral e sobre a arte brasileira, até seu falecimento em 1981. Mas não há como negar que a recepção da reflexão crítica sobre a arte havia então se esvaziado, deixando saudades de um tempo em que a crítica de arte conseguia mobilizar gerações de artistas e apreciadores, interferindo com constância e intensidade nos rumos desta última.À parte o esforço de veteranos como Mário Pedrosa e Ferreira Gullar, e de autores mais novos como Ronaldo Brito -que se empenha em manter viva a chama da crítica de arte em publicações alternativas como o "Opinião" -com a década de 1970 ocorre uma nítida retração da produção e recepção da crítica de arte. Os jornais dedicam grandes espaços às proezas do esporte, ao mundo do entretenimento de massa, às notícias que não possam perturbar o regime de exceção que fora instalado pela ditadura militar. Estimula-se um grande consumo cultural de produtos importados, particularmente dos Estados Unidos da América, embora sempre tenha havido espaços de resistência importantes como foi o caso de certos setores da música popular brasileira. Os artistas -músicos, pintores, escultores ou poetas do espaço -seguem produzindo obras da maior relevância, mas só com dificuldade elas encontram um espaço de discussão mais séria nos grandes meios de imprensa.