Este artigo investiga uma revolta ocorrida em Angola em fins do século XIX, quando esta era colônia de Portugal. A investigação tem como referência os relatos de um ex-combatente, publicados na década de 1930, na forma de um artigo, nos Cadernos Coloniais. A publicação tinha como objetivo fazer apologia da colonização portuguesa em África. Através de uma leitura a contrapelo, evidenciamos as formas de resistências da população local, sobretudo no episódio de vacinação do gado, com a qual não concordavam as lideranças locais.
Resumo: Neste artigo investigamos dois testamentos feitos no século XIX, na freguesia (hoje bairro) do Recife, por africanos que passaram pela experiência do cativeiro e posteriormente conquistaram a liberdade. Um deles, de um senhor, solteiro, e que tinha uma filha com a qual vivia desde a mais tenra idade; o outro, de uma viúva que não tivera filhos. Estes testamentos nos revelam um pouco da trajetória destes dois africanos, tais como: o círculo de amizade, a crença, a concepção de mundo, o local onde moravam. Portanto os testamentos revelam aspectos da vida, para além da hora da morte.
Muito se tem discutido sobre a atuação da população negra no movimento abolicionista brasileiro e no imediato pós-abolição. Descobriu-se que, apesar de todas as limitações impostas pelo sistema escravista e pelo racismo estrutural, a população negra esteve em evidência e transformou a realidade a partir de suas experiências mutualistas, fazendo uso de suas redes de proteção. Feliciano André Gomes, um dos filhos do africano livre Feliciano André Gomes da Costa, foi um homem negro que conseguiu, através do associativismo, dos estudos e da militância política, ascender política e socialmente. Entre o fim da escravidão (1888) e a Primeira República (1889-1930) conseguimos acompanhar a trajetória desse líder político e intelectual negro e suas atuações tanto no movimento abolicionista, quanto no movimento operário e intelectual em Pernambuco. Feliciano André Gomes foi um dos muitos homens negros que impuseram à sociedade o reconhecimento de suas habilidades, contradizendo as teorias raciais em voga. Veremos que, ao mesmo tempo em que Feliciano André Gomes fazia parte de uma “elite negra”, também representava categorias como escravizados e artífices, posteriormente chamados de operários ou “trabalhadores nacionais”, fazendo-se um líder das camadas populares. A nossa iniciativa, longe de querer esgotar o debate sobre a participação política da população negra entre a abolição e a primeira república, é a de acender uma tocha, através da vida de André Gomes, para que possamos desconstruiras imagens de anomia e de “bestialização”, que, durante muito tempo, recaiu sobre a população negra brasileira.
Através da leitura de processos crimes, investiga-se a trajetória de dois ex-escravizados africanos nos primeiros anos do regime republicano, na então província de Santa Catarina. Os referidos processos apontam para a difícil experiência em que passaram alguns ex-escravizados, africanos ou crioulos no período recente à abolição da escravidão no Brasil. No entanto eles criaram suas estratégias de sobrevivências em meio às mudanças em curso, qual seja, do Imp ério para a República.
Este artigo tem como objetivo revisitar, através das fontes orais, alguns terreiros de candomblé da cidade de São Gonçalo dos Campos, no Recôncavo da Bahia. É o desdobramento de uma pesquisa que investigou a trajetória de uma família de descendentes de africanos que, desde o século XIX, conseguiu manter, malgrado a escravidão, o sobrenome africano Cazumbá. Os relatos apontavam a presença de membros dessa família nos principais terreiros de Candomblé na cidade de São Gonçalo dos Campos e região, a partir da segunda metade do século XX. Destaque para o Terreiro da Lama, que existiu até meados dos anos sessenta do século passado.
O artigo investiga dois processos cíveis envolvendo africanos e crioulos na cidade do Recife, nos anos de 1883 e 1884. No primeiro processo analisado, uma escravizada reivindica sua liberdade, a partir do argumento de que era africana livre, pois que desembarcara no Império do Brasil após a Lei de 7 de novembro de 1831. O processo revela que outros africanos desembarcaram com ela no mesmo navio negreiro na região do Cabo de Santo Agostinho. Esses malungos – companheiros de barco – foram as testemunhas no processo movido contra a senhora de Maria, corroborando a tese de que era uma africana livre. O segundo processo é emblemático, trata- se de uma mãe brigando na justiça contra a reescravização de sua filha, que teria o direito à liberdade por haver sido abandonada por sua senhora, em virtude de estar doente. Amparada na Lei de 28 de setembro de 1871, ela busca o direito à liberdade da filha.
O artigo é sobre a presença dos Missionários do Espírito Santo em Angola nos séculos XIX e XX, a partir dos relatórios de Luiz Alfredo Kelling sacerdote, que, além de uma testemunha ocular, também mencionou outros relatórios missionários. Embora seja uma visão etnocêntrica, somos capazes de ver as formas de resistência dos colonizados, se fizemos uma leitura a contrapelo de tais relatos.
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