IntRodUçãoQuando se problematiza a escrita no quadro da instituição escolar, duas vertentes podem ser imediatamente identificadas. A primeira perspetiva a escrita como conteúdo escolar a adquirir e desenvolver, sobretudo no espaço reservado à língua materna. É na escola que o indivíduo adquire e desenvolve as competências do domínio do escrito, quer no plano da receção, quer no da expressão. Ao contrário do que acontece com a linguagem oral, cuja aquisição e desenvolvimento se processa pela interação habitual da criança com o meio em que está inserida, sem
Students are expected to write complex text genres in higher education contexts. Such complexity stems not only from the nature of the knowledge they convey but also from the norms and conventions adopted by the academic communities that use such texts. Among those genres, the dissertation seems particularly complex, considering both the set of problems related to its configuration (structure, language, norms of reference), and the factors that constrain its production (methodological procedures, student/supervisor relationship, time management, institutional constraints, individual nature of the writing process). The present study seeks to identify and analyze (i) students' perspectives and representations of the dissertation writing process, and (ii) the problems that arise in the writing process. It is based on semi-structured interviews with students, at three different universities in the North of Portugal, who recently completed their dissertations in Humanities, Education and Engineering. The analysis is based on the assumption that writing a dissertation involves not only cognitive, linguistic and social dimensions, but also emotional aspects that can condition it decisively.
Apresentação O ensino da Língua Portuguesa no Brasil e em Portugal Portuguese Language Teaching in Brazil and PortugalComo qualquer outro fenômeno complexo, a trajetória da Língua Portuguesa como disciplina obrigatória nos currículos escolares do Brasil e de Portugal possui aspectos que merecem ser discutidos. Essa trajetória, marcada por avanços e retrocessos, é naturalmente objeto de discussão e crítica tanto por parte de professores, pesquisadores e comunidade escolar quanto da sociedade, de modo geral.A disciplina de Português ou Língua Portuguesa, conforme as designações adotadas em diferentes lugares e tempos, caracteriza-se por aspectos próprios que a distinguem das outras disciplinas escolares, nomeadamente os que decorrem do fato de o seu objeto ser simultaneamente o meio da sua transmissão (CASTRO, 1995) 1 . Além disso, sendo esse objeto a língua materna da maioria dos aprendizes no Brasil e em Portugal e a língua oficial desses países e, portanto, a língua usada pela escola para configurar e transmitir o conhecimento, a sua relevância é tanto maior quanto da capacidade do seu uso depende, para além da sua própria participação na vida escolar, a afirmação dos alunos enquanto sujeitos e enquanto participantes ativos nos múltiplos contextos sociais em que são ou serão chamados a intervir.Entendendo, pelas razões que acabamos de enunciar, a Língua Portuguesa como a disciplina mais importante dentre todas as outras que constituem a grade curricular dos alunos da Educação Básica, principalmente, apresentamos um breve relato a respeito de como se deu a entrada dessa disciplina nas escolas brasileiras e portuguesas, realidades que se aproximam e, ao mesmo tempo, se distanciam quando o que se discute é o ensino de língua materna. Tendo em conta toda esta complexidade e o reconhecimento do papel da disciplina no desenvolvimento da competência discursiva dos alunos, a escolha do tema do ensino da Língua Portuguesa para esta edição da revista Letras e Letras revela-se altamente pertinente.Observando as semelhanças e diferenças com relação ao ensino de Língua Portuguesa nas realidades brasileira e portuguesa, este volume objetiva, então, tratar de diferentes aspectos desse ensino nesses dois contextos, e para além deles. Considerando as diferentes preocupações dos autores dos dez artigos produzidos porautores brasileiros e portugueses que compõem este volume, foi possível organizamos os textos em três eixos: políticas de ensino; práticas de ensino de Língua Portuguesa e ensino da literatura.Do primeiro eixo, constam os seguintes artigos:1. "Minha pátria é a língua portuguesa: ações do governo brasileiro e português para o ensino de língua portuguesa no exterior", em que a autora chama a atenção para algumas 4 CASTRO, R. V.de. Para a análise do discurso pedagógico. Constituição e transmissão da gramática escolar. Braga: U.M. -I.E.P. -C.E.E.P., 1995. ações linguísticas desenvolvidas pelos governos brasileiro e português para a internacionalização da Língua Portuguesa. O objetivo do artigo é tanto apresentar estas ...
A perspetiva dos alunos sobre a escrita constitui o eixo que percorre transversalmente este texto, a partir do contributo de estudos desenvolvidos em Portugal, desde a década de noventa até à atualidade. Nos primeiros três estudos considerados, essa perspetiva é captada no decurso do processo de escrita, focada na resolução de problemas por parte dos alunos, ao escreverem. As metodologias assentaram na escrita colaborativa e na integração, no processo, de estratégias facilitadoras da revisão. O segundo conjunto de estudos incide sobre as representações dos alunos em relação à escrita, considerando a pluralidade de contextos, géneros, recursos, saberes e atividades que implica. Metodologicamente, estes estudos mobilizaram textos explicitadores, questionários, entrevistas, diários, notas de campo. Os resultados mostram, em relação ao processo, uma progressão que torna salientes as limitações dos níveis de escolaridade mais baixos relativamente à reformulação e revisão. Quanto à relação com a escrita, surge em evidência o contraste entre a escrita escolar e extraescolar. As implicações remetem para a consideração didática das limitações encontradas e das potencialidades de dispositivos colaborativos e outros, facilitadores do processo, ao serviço de uma relação com a escrita que abranja a diversidade de géneros e motivações, em contextos escolares e extraescolares. Palavras-chave: Escrita; Didática da escrita; Alunos; InvestigaçãoRevista Portuguesa de Educação, 31(2), pp. 132-152.
As escolhas e decisões na escrita académica incluem o próprio título. As escolhas podem envolver estruturas linguísticas, marcas de pontuação, estratégias comunicativas, aspetos gráficos. Elas refletem-se na adequação aos objetivos sociocomunicativos do género e na projeção alcançada na comunidade científica. O presente estudo incide sobre os títulos dos relatórios de mestrado em quatro instituições de ensino superior portuguesas de formação de educadores de infância e professores. O objetivo do estudo é observar se as características dos títulos diferenciam as instituições, apontando para a existência de comunidades próprias de implementação destes mestrados e de escrita académica. Para a realização do estudo, reuniu-se um corpus de 800 relatórios de mestrado e efetuou-se a análise comparativa dos títulos quanto ao número de elementos, estrutura, estratégias comunicativas, e outros indicadores facultados pela Linguística de Corpus, como frequência de palavras e palavras-chave. Os resultados revelam diferenças entre as instituições quanto à predominância das escolhas em relação aos títulos, designadamente quanto ao número de elementos, estruturas sintático-semânticas, estratégias e palavras-chave. Estes resultados indicam que as instituições se constituem como comunidades locais, nas quais predominam determinadas escolhas. As diferenças remetem para o seu funcionamento enquanto comunidade científica de formação, comunidade discursiva e também comunidade de escrita académica. Nesta última dimensão, o desafio é que a comunidade de cada instituição, sem anular a sua identidade, não se feche, devendo facultar a consciência da amplitude das escolhas possíveis. O presente estudo, revelando essa amplitude, contribui para que os elementos de uma comunidade descubram nas outras novas possibilidades de escolhas.
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