O anticomunismo foi, sobretudo, nas décadas iniciais do século XX, vinculado ao antissemitismo. Para diversos grupos conservadores, o povo israelita integrava uma conspiração internacional visando à expansão do comunismo. No processo de abertura da ditadura civil-militar brasileira, a partir do no final da década de 1970, indivíduos e grupos de extrema-direita praticaram diversos atentados terroristas, acreditando que as mobilizações em favor da democracia teriam embutido um projeto comunista de inserção social e tomada do poder. Os extremistas chegaram a atacar e ameaçar judeus e entidades israelitas, tendo-se em contar o apoio que parte da comunidade judaica manifestou à democratização do País. Em paralelo, realizaram proselitismo a favor do nazismo, por meio de pichações, panfletos e até com a organizações de grupos políticos.
O Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), no Ceará, foi usado como prisão política durante a ditadura civil-militar (1964-85). Ali cumpriram pena militantes da esquerda armada nos anos 70, os quais tiveram de se defrontar com novos desafios e vivências. Nesse processo, se redefiniram enquanto indivíduos e sujeitos políticos. Usando das brechas do sistema, os ativistas buscaram contornar as imposições do corpo dirigente prisional. Deram mesmo outros sentidos às estruturas físicas da prisão. Entre as maiores mobilizações dos presos políticos cearenses esteve a de produzirem peças de artesanato e de arte. As vendas das peças possibilitaram alguns recursos pecuniários que ajudavam no sustento das famílias dos encarcerados. Havia, porém, outras significâncias quanto aqueles objetos. Foi forma de identidade e vínculos entre os militantes de esquerda; forma dos encarcerados denunciarem a ditadura e a existência de presos políticos; forma dos presos políticos manifestarem seus posicionamentos políticos em favor da luta armada; foram vistas como manifestação de subversão pela ditadura; instrumentos de terapia e desenvolvimento de sensibilidades e aptidões artísticas; meios de endossar a Campanha da Anistia e estimular e agradecer os que se engajavam na defesa da democracia e libertação dos encarcerados políticos.
Os assassinatos de “inimigos da revolução” feitos pelas organizações de esquerda durante a ditadura civil-militar (1964-85) eram usados pelo governo ditatorial para justificar a repressão e provocavam polêmicas entre os próprios militantes. Um dos mais controversos deu-se no Ceará, quando do justiçamento do comerciante José Armando Rodrigues pela Ação Libertadora Nacional na cidade cearense de São Benedito, em agosto de 1970. O artigo trata de detalhes da ação, abordando aspectos políticos e representações dos grupos armados, a exemplo da crescente militarização e a crença no triunfo da revolução. É igualmente realizada uma discussão sobre as várias memórias construídas acerca do chamado “Caso de São Benedito” que, no geral, buscam diminuir a ênfase política da ação e ressaltar aspectos morais e pessoais.Palavras-chaves: ditadura militar, esquerda armada, memórias.
O Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), no Ceará, foi usado como prisão política durante a ditadura civil-militar (1964-85). O artigo aborda como a campanha da Anistia, na segunda metade da década de 70, e a aprovação da Lei da Anistia, em 1979, foram vistas e recebidas pelos ativistas da esquerda armada encarcerados no IPPS. A campanha da Anistia mobilizou amplos setores da sociedade brasileira. Houve, porém, forte oposição à proposta do projeto de Anistia que os militares defendiam e aprovada pelo Congresso Nacional. Temendo futuras punições, o projeto anistiou também os militares e civis responsáveis por torturas e mortes durante a ditadura. A Lei da Anistia, por outro lado, deixou de fora os ativistas de esquerda encarcerados por “crimes de sangue”. Daí a intensa mobilização dos militantes denunciando a ditadura e o projeto. A defesa de uma redemocratização do País provocou resistências por parte de alguns dos ativistas presos, visto que a luta armada dos agrupamentos revolucionários dos anos 1960 visava à conquista do Estado e à implantação de um governo popular∕socialista. Os encarcerados, porém, mudaram as concepções, fundamentando uma reconstrução de memória que a luta armada feita era parte da resistência democrática.Palavras-chaves: ditadura, luta armada, lei da Anistia.
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