IntroduçãoNeste artigo pretende-se responder a três perguntas: a) qual é a instrumentalidade do poder militar para a condução da política externa de Estados periféricos no pós-Guerra Fria?; b) qual é a instrumentalidade do poder militar para a condução da política externa brasileira contemporânea?; e c) como é possível aumentar o grau de articulação entre a política externa e a política de defesa tendo por base cenários prospectivos que levem em conta a interação entre os planos doméstico e internacional?As respostas, ainda que parciais, às perguntas mencionadas são essenciais para que seja factível discutir a temática da articulação entre as políticas externa e de defesa a partir de um arcabouço conceitual mínimo. A necessidade de exploração de conceitos basilares dá-se pela constatação de que os assuntos de defesa carecem de tratamento mais aprofundado no Brasil. A repetição acrítica de visões simplistas sobre o problema frequentemente empobrecem o (pífio) debate público, reforçando esteriótipos e tornando adicionalmente incompreensível para o cidadão comum questões relevantes que, por suas implicações, deveriam ser objeto de análises sérias e informadas. Logo, este texto possui um inevitável caráter didático, visando a contribuir para o adensamento das discussões sobre o lugar do poder militar na política externa de um Estado com as características peculiares do Brasil. Definição de poder, poder militar e Estado periféricoEmbora o poder seja uno, ele se manifesta sob as mais diferentes formas, nas mais diferentes circunstâncias. Como relação social, o poder pode ser compreendido no contexto de teorias do tipo agente/principal, já que é muitas vezes possível determinar quem exerce o poder e quem sofre os efeitos daquela Artigo rev. Bras. Polít. int. 52 (2): 173-191 [2009] * Mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília -UnB e diplomata de carreira (jalsina@ mre.gov.br).
ArtigoRio Branco, grand strategy and naval power Rio Branco, grande estratégia e poder naval http://dx
Sob o pretexto de que em nosso século é a nação inteira que se bate, não falta quem negue, sem constrangimento, todo valor à formação especificamente militar. [...] Um passo mais e se estabeleceria como princípio que uma nação combate tanto melhor quanto menos preparada se encontra, a exemplo de Emílio, que adquiriu instrução sem ter estudado (Charles de Gaulle, 1934:55-56). INTRODUÇÃOA Estratégia Nacional de Defesa (END), publicada em dezembro de 2008, definiu, do ponto de vista político, a postura do governo Lula em relação a um tema crucial: a forma de recrutamento das Forças Armadas (FFAA) brasileiras. A despeito dessa definição, que pode ser mais ou menos perene, a depender de uma eventual revisão da Estraté-gia, faz-se imprescindível debater em maior profundidade o assunto.Não há como negar a complexidade da questão e as inúmeras vertentes a partir das quais seria possível abordar o problema. Admitidas as dificuldades de empreender estudo nesse campo, o presente texto concentrar-se-á em oferecer elementos de reflexão sobre os seguintes aspec- 469* Nenhum dos conceitos aqui expressos representa necessariamente a posição do Ministério das Relações Exteriores ou do Ministério da Defesa.
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