O presente trabalho busca analisar o desenvolvimento do complexo industrial-militar indiano, seus avanços e problemas. Partimos do princípio que o avanço na capacidade de se desenvolver armamentos domesticamente é um ativo estratégico alcançado por poucos Estados. O caso indiano é de relevância especial, posto que, a despeito de o país ter conseguido desenvolver sofisticados produtos de defesa, ainda há forte dependência de importação de equipamentos estrangeiros, comprometendo a autonomia buscada por Nova Délhi. Desse modo, para melhor analisarmos a questão, dividimos o trabalho da seguinte maneira: “Produção histórica de armamentos na Índia”, “o complexo industrial-militar indiano: entre a autonomia e a dependência”, “o complexo industrial-militar indiano: estrutura, empresas e projetos estratégicos”, e “o setor privado indiano”.
IntroduçãoA Índia, ex-colônia britânica, é um país com profundas raízes culturais e um passado que oscilou entre períodos de prosperidade e dominação. Sua burocracia foi formada, parcialmente, no período da dominação britânica e, de acordo com Raja Mohan (2013), foi o que permitiu que não houvesse uma desagregação territorial entre as diversas províncias e organizações histórico-identitárias regionais (MOHAN, 2013). Essa dominação teve fim em 1947, quando Mahatma Ghandi e Jawaharlal Nehru lideraram o movimento pela independência. No entanto, buscaremos neste trabalho analisar a nação moderna do século XX, já muito influenciada pelo modus operandi do sistema interestatal capitalista (FIORI, 2015). Especificamente, analisaremos o Complexo Industrial-Militar 2 -ou Base Industrial de Defesa -do país. A Índia buscou forjar uma ideia de grande potência, mesmo que no início, uma potência não agressiva e não-alinhada por influência do pensamento nerhuviano 3 . Contudo, os conflitos que marcaram o país já em seu início independente, com Paquistão, em 1947 e 1971 e com China, em 1962, além de uma série de ameaças constantes na fronteira, ajudaram a formar a necessidade de se construir capacidade militar para responder 1 É doutorando em Economia Política Internacional no PEPI-UFRJ e mestre na mesma área e mesma instituição. Fez graduação em Relações Internacionais na PUC -GO (2007) e especialização na mesma área na UCAM (2011). Pesquisador integrante do Núcleo de Avaliação da Conjuntura do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Escola de Guerra Naval. Tem interesse acadêmico em: Economia Política Internacional, a relação entre o processo de desenvolvimento e a geopolítica, pensamento estratégico brasileiro e indiano,Política Externa Brasileira e Indiana, complexo industrial-militar e política industrial voltada à defesa nacional. Email: joao.barcellos@pepi.ie.ufrj.br 2 Este termo foi inicialmente cunhado pelo presidente estadunidense Dwight Eisenhower, em 1960, quando ele diz que o país deveria precaver-se de tornar-se refém da economia voltada para a guerra. Muitos estudiosos de Segurança e Defesa se apropriaram do termo para se referir à base industrial em que o Estado e agentes privados desenvolvem dispositivos do mais básico ao mais complexo no campo militar. 3 Conjunto de ideias que abarcam conceitos como não-alinhamento e pacifismo. Todavia é importante ressaltar que Nehru não descartava o uso do dispositivo militar e outras medidas consideradas como realistas. Outro elemento importante do pensamento nehruviano é a ideia de ordem internacional justa e multipolar. RESUMO Estudar o que seja um Complexo Industrial-Militar" não é objeto tradicional das abordagens de Segurança ou Relações Internacionais, ainda mais quando se trata de um país emergente. No entanto, a Índia é um país ainda em desenvolvimento, porém com ambições estratégicas cada vez mais claras. Há uma percepção dos principais agentes do Estado e da sociedade de que a nação da Ásia Meridional precisa ocupar um lugar da maior relevância no sistema interes...
O pensamento militar brasileiro, em sua modalidade política e estratégica, está naorigem do projeto de modernização e desenvolvimento nacional. Desde o fim daGuerra do Paraguai e a introdução do positivismo na caserna, os militares colocamsediante da necessidade de se pensar o Brasil e sua vocação de se tornar umagrande potência. Nosso trabalho visa analisar as principais ideias e momentos emque as Forças Armadas, mas, principalmente, o Exército Brasileiro, chamaram parasi a responsabilidade de serem coadjuvantes ou protagonistas do processo políticode modernização. Para cumprir com o nosso objetivo, dividimos o trabalho em trêspartes. A primeira se propõe a analisar a criação de doutrinas de segurança e aconstrução do ideal de potência mundial; a segunda será uma investigação sobre opensamento geopolítico com foco em três militares: Mário Travassos, Meira Mattose Golbery do Couto e Silva; a terceira e derradeira parte versa acerca da participaçãodos militares diretamente na política governamental por meio do Regime Militar de1964-1985.
O objetivo deste artigo é analisar sob o guarda-chuva teórico da Economia Política Internacional (EPI), ou seja, pela relação entre economia e política, riqueza e poder, Estado e mercado, a questão da integração como instrumento para o desenvolvimento das nações. Abordaremos as tendências teóricas do liberalismo (funcionalismo, neofuncionalismo, institucionalismo e regionalismo aberto) e do nacionalismo (realismo, desenvolvimentismo e comércio estratégico). O artigo dividir-se-á em duas partes, mais uma introdução e conclusão. Na primeira, analisaremos criticamente a visão liberal de integração e suas máximas, tal como o “jogo de soma positiva” e outros. Na segunda, investigaremos a perspectiva realista da integração.
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