EditorialA depressão é um dos problemas clínicos mais importantes durante a gravidez, com freqüência estimada de 10-20% 1,2 . Sabe-se também que o período perinatal é desencadeador ou reativador de quadros depressivos e que a depressão pós-parto possivelmente é um quadro que se inicia durante a gestação e não é reconhecido nesta fase. O obstetra tem papel fundamental durante o pré-natal no reconhecimento de sintomas que permitam intervenções precoces e para prevenção dos quadros mais graves.Para a maioria das mulheres com quadros depressivos leves e moderados a psicoterapia é suficiente para o controle dos sintomas. A terapia farmacológica está reservada para os quadros graves, não responsivos à psicoterapia. Dentro do arsenal terapêutico, os antidepressivos cujo mecanismo de ação envolve a inibição seletiva da recaptação de serotonina (ISRS) são os mais comumente prescritos, entre eles a fluoxetina, a paroxetina, a sertralina, a venlafaxina, a fluvoxamina e o citalopram.Como toda droga psicoativa na gestação, os ISRS possuem efeitos conhecidos sobre o feto e o recém-nascido, além de possíveis efeitos em longo prazo sobre as crianças expostas durante a vida intra-uterina. Podemos dividir esses efeitos, de acordo com o período estudado, em três síndromes distintas: teratogênese, perinatal e comportamental.O efeito teratogênico dos ISRS é considerado controverso, mas com evidências recentes mais preocupantes. Um dos maiores estudos foi realizado na Suécia com 6.481 mulheres, totalizando 6.555 recém-nascidos 3 . Todas estas mulheres haviam usado ISRS no primeiro trimestre de gestação, das quais 860 utilizaram fluoxetina, 2.579 citalopram, 908 paroxetina e 1.807 sertralina, e o restante fez uso de fluvoxamina e escitalopram. Como classe farmacológica não houve aumento significativo do risco de malformações maiores (4,7 versus 4,1%, risco relativo -RR=0,89 e intervalo de confiança -IC=0,79-1,07), confirmando os achados de outros dois grandes estudos 4,5 . As doenças renais císticas foram significativamente mais freqüentes nas usuárias de ISRS (RR=3,5 e IC=1,65). No entanto, os autores agruparam diversos tipos de doenças renais (doença policística infantil, rim esponjoso, cistos medulares, doença cística obstrutiva), com diferentes mecanismos patológicos, o que pode enfraquecer a associação com ISRS. Na análise separada de cada droga, a paroxetina elevou significativamente o risco de cardiopatias congênitas (RR=1,63 e IC=1,05-2,23). Ocorreram 20 casos entre as 908 usuárias, sendo que 13 deles foram de defeitos septais atrial ou ventricular, para
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