ResumoO modelo de gestão nas Secretarias Municipais de Saúde -SMS sofre influência da racionalidade gerencial hegemônica, o que traz uma fragilidade na gestão da atenção básica, dificultando a transformação do Modelo Tecnoassistencial e distanciando a equipe de gestão do seu objeto de trabalho: a produção do cuidado pelas Equipes de Saúde da Família -EqSF. A Fundação Estatal Saúde da Família -FESF-SUS, criada em 2009 na Bahia, tem como um de seus objetivos o desenvolvimento da gestão municipal, através da gestão compartilhada dos serviços contratualizados. Para isso, tem produzido estratégias, como o Plano de Desenvolvimento da Gestão e do Cuidado -PDGC, construído entre a equipe de apoiadores institucionais e Comissões de Acompanhamento e Avaliação -CAA, referências para o acompanhamento do Contrato de Gestão. A elaboração dos PDGC ocorreu em 22 municípios e preconizou a identificação de necessidades prioritárias entre apoiador institucional e CAA, na perspectiva da gestão compartilhada. Uma importante necessidade identificada por alguns destes foi a reorganização do processo de trabalho na coordenação da atenção básica e a implantação do apoio institucional municipal. O apoio institucional enquanto uma "forma de fazer" a gestão da atenção básica pode produzir transformações no processo de trabalho das equipes, qualificando o cuidado.
Este artigo toma as manifestações de violência em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas de Salvador, Bahia, Brasil, como analisadoras da produção do cuidado com as pessoas em situação de rua usuárias desse serviço. Utilizou-se a abordagem qualitativa, em uma perspectiva cartográfica, seguindo pistas que apareceram no acompanhamento do serviço por um semestre, registradas em diário cartográfico, e em quatro encontros mensais com a equipe para discussão sobre cenas de violência. Os resultados apontam para deslocamentos do sentido sobre a violência como desdobramento natural da vulnerabilidade e do uso de drogas, tornando visíveis outros elementos envolvidos na sua produção, como os racismos estrutural e institucional vividos por essas pessoas. Reforçam a necessidade de estratégias de educação permanente que tomem as violências e o racismo nos serviços de saúde como matéria-prima da formação dos trabalhadores de saúde.
This study takes the manifestations of violence in a Psychosocial Care Center for Alcohol and Other Drugs in Salvador, Bahia, Brazil, as analyzers of the production of care for homeless people who use this service. It used a qualitative approach in a cartographic perspective, following clues which appeared in the monitoring of the service for a semester, recorded in a cartographic diary, and in four monthly meetings with the service care team to discuss scenes of violence. Results point to a shift in the view of violence as a natural unfolding of vulnerability and drug use, making visible other elements involved in its production, such as the structural and institutional racism experienced by these people. They reinforce the need for permanent education strategies which take violence and racism in health services as raw material for the training of health workers.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.