A presente edição da Psicanálise & Barroco em Revista traz uma novidade: inauguramos na seção de artigos temáticos, gerenciada por Renata Mattos-Avril, um espaço para o acolhimento de produções voltadas para a articulação entre a voz, a memória e as musicalidades, sobretudo a partir dos acessos abertos pelo diálogo com a psicanálise, em especial a psicanálise lacaniana. Uma rigorosa seleção de artigos voltados para esse tema será publicada nesse, e em alguns outros números, além do espaço destinado a temas livres que acolhemos habitualmente. A vocação transdisciplinar desta Revista nos permite essa ousadia. Nesta seção serão favorecidas reflexões e elaborações teóricas que conjuguem o campo da voz à luz da psicanálise com questões relativas à memória, quer em seu aspecto subjetivo ou social, à música, à musicologia, à etnomusicologia e às artes em suas mais diversas declinações.
No que tange à arte ou ciência de governar a psicanálise só pode ser afeita a políticas não totalitárias, não excludentes, não genocidas, não fascistas. É apenas com essas políticas que a dimensão cidadã, da atividade de um psicanalista pode se comprometer. Pelo fundamento da livre circulação da palavra, no qual a psicanálise foi inventada e prosperou, é em defesa de políticas não totalitárias que faz sentido sua militância nos coletivos diversos nos quais ela se engaja. A abstinência na intimidade da clínica encontra como contrapartida o engajamento na atuação pública. Se assim não for, há que se desconfiar da ética em jogo. Não à toa essa prática da circulação da palavra tem afinidades com a Democracia...
Estamos fechando esse ano, totalmente atípico, com a sensação de termos saído de uma grande batalha, de uma guerra que ainda resta vencer. Sairemos desse ano, mas certamente ele não sairá de nós. A publicação desta edição, testemunha o esforço de tantas pessoas que fizeram da escrita, um meio para atravessar esse momento turbulento que vivemos. Não tem sido fácil, mas quem disse que seria? Vida é insistência, é teimosia pura! Diante de tantas percas, vamos juntando o que resta e ver o que é possível criar. Foi com esse espírito que fechamos esta edição, que conta com artigos interessantíssimos.
Inspirada pela iniciativa da Revue Psychologie Clinique sob o projeto de Olivier Douville, Luis Eduardo Prado de Oliveira que recolheu, traduziu e editou diversos textos que compuseram na revista mencionada, uma seção intitulada: “A psicanálise na tormenta: testemunho de brasileiros”, tivemos a ideia de publicarmos o presente número especial intitulado: Psicanálise e Política: versões e reversões do mundo e do imundo. Para tal, convidamos a escrever, tanto alguns colegas que já haviam colaborado com referida revista, quanto vários outros psicanalistas ou não, que pudessem se pronunciar sobre as memórias desses tempos conturbados.
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