O artigo discute o trabalho de crianças e de jovens brasileiros pobres, enfatizando as relações entre modelos de família, socialização e trabalho. Passa-se por uma revisão histórica abrevida, que chega até o ECA, discutindo os avanços reais e as incongruências de todo processo que guarda, subjacente possibilidades de desvio dos reais objetivos das lutas para assegurar o não trabalho infanto-juvenil, sobretudo quando ele representa perigo par o desenvolvimento físico, psíquico e social do iindivíduo.
É possível eliminarmos o conhecimento que temos da língua escrita e compartilharmos o mundo do analfabeto, vendo a cultura letrada como ele a vê? A resposta é negativa. Nem em fantasia podemos compartilhar a relação do analfabeto com as letras e as palavras porque, para nós, esses signos se naturalizaram de tal modo que é impossível estranhá-los. Mesmo numa língua em que as letras não são familiares a idéia básica da significação permanece. Analfabeto convive com os signos sem poder ter a experiência do seu significado, embora tenha familiaridade com eles. O analfabeto, sobretudo o analfabeto urbano, tem que conviver com uma deficiência extraordinária por não dominar os símbolos da escrita. Uma das faces da deficiência é a sua exclusão de um mundo ao qual não pode ter acesso, exclusão real e exclusão simbólica. [...]
A importância de estudar-se as múltiplas dimensões da questão familiar deriva em grande parte, do processo de modernização da sociedade brasileira em seu conjunto. Não há dúvida, a familia é o centro de convergência de todas as tensões sociais, além de ser o palco em que se realizam transformações radicais no que tange aos papéis sociais masculinos e femininos (papéis de gênero), à distribuição da autoridade, à aprendizagem da relação au- toridade/submissão, à sexualidade, e outras mais. Assim, quando a sociedade tradicional vai, pouco a pouco, perdendo as bases de sua vitalidade — sobretudo em decorrência dos processos de urbanização, industrialização e massificação da produção, da comunicação, do consumo e até mesmo do lazer —, a família sofre tanto efeitos diretos quanto indiretos. Em consequência, aumenta a tensão interna entre seus membros, ao mesmo tempo em que o grupo familiar vai assumindo nova conformação e nova dinâmica, ade- quando-as aos padrões modernos de comportamento individual e social. Destarte, é natural que a tentativa de melhor compreender a sociedade e os cidadãos contemporâneos, aqui e acolá, tenha acabado por fazer renascer as investigações sobre a organização e a dinâmica familiares. Não obstante a relevância dos estudos realizados até agora na área, a maior parte deles tem em comum o viés etnocêntrico: investigam grupos familiares no interior de uma camada — de preferência nas camadas médias e altas —, e passam a supor o padrão encontrado como típico daquela sociedade; o padrão de referência. De tal maneira que, à semelhança do narciso, o que lhe é igual ou semelhante é família; o diferente é não-famí- lia ou, no mínimo, família em estado de desorganização ou, ainda, na linguagem corrente, família desorganizada. [...]
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