UNIANCHIETAEste é um pequeno esboço, a partir deste célebre auto de Gil Vicente do início do XVI, Auto da barca do inferno, de algumas questões que se pretendem ampliar em estudo de maior proporção com textos ibéricos do XVI e XVII: a possibilidade de se entrever na tessitura da poesia (comédia e tragédia, quiçá da épica, ou mesmo em outros textos retórico-poéticos), a partir da formulação da memória e da ação, os lugares daquele que pronuncia, lê, ouve, escreve, interpreta: o poeta, o orador, o ator, o espectador, o leitor. Seria esta a perspectiva, o que por ora apenas em hipótese refletimos, que dá a ver o corpo em sua realidade textual, proposta em estudos que lê a poética e a retórica antigas redimensionadas em uma postura crítica e teórica da interpretação como a que se vê nos estudos de Roland Barthes, Michel Foucault e Paul Ricoeur, por exemplo. Diferente do que brevemente aponta Ernst Curtius com as metáforas das partes do corpo nomeadas textualmente em autores do cristianismo primitivo (1996, p.188-190), bem como, atendo-se a um interessante conjunto lexical que dá conta de supostas contextualizações do espetáculo dos autos vicentinos, Maria José Palla (1997, VI, p.137-177