Ao enredar vozes e identidades e histórias, rasuradas à exaustão, as páginas de O sol se põe em São Paulo descortinam um mis-en-abyme vertiginoso, base para o jogo e a trapaça narrativa, marca do escritor e jornalista Bernardo Carvalho na cena literária contemporânea."Não vejo nenhuma metáfora no que eu digo. É como se tudo estivesse na sombra.": 1 com essa advertência o narrador abre o romance, que evidencia no seu decorrer, de maneira sistemática, uma poética da sombra, constituição decisiva para sua estrutura.Além de aludir à penumbra do fim da tarde, o título sugere a diferença cultural -entre ocidente e oriente, referenciados mais exatamente em São Paulo e Japão -presente no livro e delineada pelo movimento do sol, que "se põe quando devia nascer e nasce quando devia se pôr". 2 Em São Paulo também, como conta o narrador a um misterioso personagem com lábio leporino em Tóquio, o pôr-do-sol "é reputado como um dos mais espetaculares, por causa da poluição." 3 1.
Este artigo propõe uma reflexão sobre as condições de emergência do sentido, reflexão que demanda o estudo da hermenêutica literária e do papel do leitor, pensados a partir das Estéticas da Recepção e do Efeito – representadas respectivamente pelas teorias de Hans Robert Jauss e de Wolfgang Iser.
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