Propõe-se, aqui, investigar as relações editoriais, ideológicas e estilísticas estabelecidas entre as imagens publicadas n’O Malho e seus produtores no contexto do “Bota-Abaixo” (1902-1906). Defende-se a sobreposição das disputas políticas às estéticas que, através da mobilização do “gosto” ou do “belo”, impunham ideais específicos de “civilização” e “progresso” ao projeto urbano da cidade do Rio de Janeiro na Primeira República. Dispõe-se de 682 imagens e da análise de trajetória de 45 agentes, dentre proprietários, dirigentes e colaboradores da revista, localizados a partir de suas assinaturas nos desenhos coletados. Os resultados apontam para uma vinculação profunda entre os campos da arte, da intelectualidade e da política, para além de um reposicionamento da revista no espaço da imprensa da época: de um jornalismo “de combate” às práticas de manutenção do status de dominação.
Este artigo investiga as dinâmicas de circulação e as condições de acesso e manutenção do grupo de caricaturistas na cidade do Rio de Janeiro na virada do século XX. Sob uma perspectiva prosopográfica, o espaço da imprensa ilustrada da época é delimitado em relação à posição ocupada pela revista O Malho naquele contexto e às posições de seus colaboradores e dirigentes. Com o objetivo de reconstituir representações e práticas a fim de identificar estratégias de distinção dos agentes em pauta, individual e coletivamente, foram coletadas informações biográficas sobre 45 pessoas, entre caricaturistas, jornalistas, escritores e fotógrafos (que muitas vezes acumulavam essas funções), dentre as quais se destacam as que dizem respeito aos percursos escolar e profissional e aos engajamentos. A metodologia abarca a análise de trajetórias, bem como a análise de correspondências múltiplas (ACM). Os resultados apontam para a implantação de um projeto híbrido de “identidades estratégicas”, deslocando-se do espaço da imprensa aos domínios da arte, da política e da intelectualidade.
Investiga-se condições de produção e difusão das revistas ilustradas no Rio de Janeiro na virada do XIX e o papel dessa imprensa na construção da identidade nacional. A hipótese aponta os espaços de circulação dos agentes e as dinâmicas de importação de valores estéticos, modelos gráficos e técnicas de impressão europeias. Nesse contexto, a emergência do Zé Povo e sua reprodução massiva em caricaturas políticas e de costumes é exemplar. São acionadas trajetórias escolares e profissionais dos agentes para uma análise de redes, assim como instâncias de consagração e militância para uma análise de correspondências múltiplas (ACM). Os resultados indicam relações estreitas entre Brasil e Portugal na formação das “elites culturais” e uma não especificação da ocupação “caricaturista” que transitava entre os campos da arte, dos intelectuais e da política.
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