No decorrer das primeiras décadas republicanas a capital catarinense vivenciou transformações tanto estéticas e urbanísticas quanto no âmbito das relações sociais. Tais alterações chamaram a atenção dos pesquisadores, que desenvolveram e produziram diversas investigações buscando compreender essas alterações e apontar as correlações entre o desejo de se desenhar uma nova cidade, o que efetivamente foi executado para isso e quais os novos parâmetros de sociabilidade que se estabeleceram entre a população. (Ver ARAÚJO, 1989) Para tal intuito, essas pesquisas esquadrinharam leis, jornais, relatórios e ofícios produzidos pela administração pública. Os devaneios e as alterações urbanísticas foram localizados, o que se findou em desejo de um determinado grupo, propalada, mas não executado, também. Por fim, muitos desses trabalhos trouxeram a aspiração que se tinha para a cidade, em um projeto modernizante. Entre projetos e a conclusão das obras, distâncias e debates. Entre a concretude das obras e as dinâmicas das relações sociais, um fosso. A dificuldade para adentrar nessas relações talvez se deva as formas pelas quais se tentou acessar esses grupos. Na documentação escolhida para a realização de tais pesquisas é com dificuldade que podemos vislumbrar as camadas mais pobres da população e as formas que essas alterações possam tê-los impactado. No compor da cena por muitos desenhada, estes personagens acabaram seqüencialmente encobertos nas tramas engendradas pela gente letrada, ou através das falas governamentais, ou pelas tintas da imprensa. (Ver KUPKA, 1993) Nos embates desse grupo designado genericamente aqui como classes populares, encontramos os policiais. Estes são freqüentemente localizados como os responsáveis por fazerem cumprir as novas regras. Todavia, pouco estudada é a figura dos pertencentes a esta corporação; se lembrarmos que suas fileiras eram compostas na maioria das vezes por populares, que estes moravam também nas regiões afetadas pelas reformas, e que possuíam vínculos para além do seu próprio grupo, a dinâmica de suas ações abre um campo vasto de possibilidades. O cumprimento da lei não é altruísta ou neutro, mas sim feito de escolhas e
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