Resumo: A falta de integração acadêmica e social tem sido considerada importante para explicar as razões institucionais que produzem evasão. Neste artigo, investigamos as relações entre a integração dos estudantes do Instituto de Física da Universidade de Brasília e sua origem social. Um instrumento baseado no modelo de Tinto foi elaborado e aplicado a uma amostra representativa do corpo discente (n = 160). A evidência indica que: (1) entre os ingressantes, a ocorrência de motivação para a docência é independente da motivação para pesquisa; (2) os estudantes intelectualmente mais confiantes são os mesmos que reportam um convívio mais regular e agradável com os colegas; (3) os estudantes de periferia tendem a ser menos integrados social e academicamente, ainda que não existam diferenças motivacionais significativas entre eles e os estudantes mais privilegiados ao ingressar no curso. Em conjunto, os resultados recomendam um olhar mais sensível aos desdobramentos das diferenças sociais sobre as relações humanas nos Institutos de Física.
RESUMO: Em que medida a evasão e as experiências discentes nos cursos de graduação em Física estão relacionadas à pressão por excelência acadêmica? Baseados em leituras da sociologia da educação, realizamos uma análise de dados coletados no curso de Física de uma universidade brasileira. As evidências indicam que estudantes de famílias privilegiadas tendem a abandonar o curso, mas os que permanecem costumam ser bem-sucedidos. Ao mesmo tempo, a evasão não se relaciona com o desempenho acadêmico: há estudantes excelentes que desejam sair, bem como estudantes de baixo desempenho que desejam permanecer. A austeridade da organização curricular contribui para que os estudantes tenham lacunas em sua formação. Com algumas exceções, os professores são descritos como figuras opressoras, exigentes e sem empatia. Por outro lado, relações competitivas são percebidas entre os próprios estudantes. Enfim, ainda que a evasão não tenha relação com o desempenho acadêmico, a busca por excelência estrutura as experiências dos estudantes no curso.
Recentemente, o baixo desempenho dos estudantes brasileiros nas avaliações internacionais ganhou os noticiários, levantando a suspeita de que a qualidade da educação científica no país esteja em queda. Neste artigo, inspirados pela sociologia da educação de Pierre Bourdieu, nós investigamos o efeito da desigualdade social no desempenho dos estudantes brasileiros em Ciências da Natureza. Uma amostra representativa de todos os participantes do ENEM entre 2012 e 2019 (n = 489.167) foi submetida a uma análise de correspondência múltipla ajustada e inserida em um modelo linear multivariado. Como primeiro resultado, observamos que a origem social é capaz de explicar mais de 35% do desempenho em ciências dos estudantes. Logo, grande parte do sucesso escolar é devido ao privilégio de classe. Por outro lado, frequentar uma escola privilegiada é mais importante que nascer em uma família privilegiada, pois o efeito social da escola mostrou-se quase quatro vezes superior ao efeito social individual. Esses resultados trazem implicações importantes para pensarmos criticamente a educação científica em vista da ideologia do mérito e da distribuição desigual de recursos e oportunidades no sistema educacional.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.