O conceito de gênero costuma ser utilizado para se referir aos aspectos socioculturais inscritos no feminino e no masculino, opondo-se às visões biologizantes sobre a distinção sexual. Apesar da vasta importância crítica do conceito, especialmente para os estudos feminista, percebe-se que, com alguma regularidade, sua definição é relacionada ao chamado sexo biológico – uma instância natural ou anterior à construção social dos gêneros. Na tentativa de compreender os efeitos derivados dessa relação, considera-se esses conceitos desde um prisma genealógico, abrindo duas linhas de análise entrelaçadas. Com a primeira delas, realiza-se uma incursão por literaturas feministas e estudos dedicados ao gênero que aproximam – ou distanciam – o sexo biológico do gênero. Na segunda linha é realçado o caráter artificial da distinção sexual e da noção de natureza, concluindo-se pela recusa da relação dualista firmada entre sexo e gênero.
Uma escola são muitas paredes, cada uma com sua própria história pra contar. Uma escola é chão que se estende, recoberto de passos que nunca vão se apagar. Uma escola é o teto manchado, é o lixo espalhado, é o armário que não fecha, é o aviãozinho que nunca voou. São vozes. São pessoas. É, sim, um prédio e um espaço e um lugar e uma escola — e são vidas e histórias.
Propõe-se uma genealogia do debate sobre a pós-modernidade do ponto vista das resistências, com enfoque nas perspectivas de Jean-François Lyotard, Jürgen Habermas e Fredric Jameson. Em que medida os debates sobre a condição pós-moderna silenciaram o problema das resist ências? Como é possível compreender a pós-modernidade, relacionando-a às lutas e resistências do contemporâneo? São as perguntas que se busca responder especialmente a partir das ideias de Michael Hardt e Antonio Negri, apontando as resistências como forças a priori, capazes de transformações ativas
Adèlaïde Herculine Barbin foi uma professora francesa que viveu durante o século 19. Aos 21 anos de idade, foi diagnosticada como intersexo e teve seu status civil retificado, passando a ser considerada um homem, agora chamado Abel Herculine Barbin. Aos 30 anos, sua história encontrou um fim repentino: Herculine cometeu suicídio. Ao lado de seu corpo, foi encontrado o manuscrito Minhas Memórias. Seus relatos narram os prazeres e as desventuras do que ela nomeia como sua dupla e estranha existência. Ao mesmo tempo, as Memórias nos mostram como a vida e a anatomia de Herculine foram investigadas e debatidas pelos médicos da época. Repetidamente, uma pergunta era endereçada a Herculine: qual seu verdadeiro sexo? Neste artigo, traçamos, junto às Memórias de Herculine Barbin, duas linhas de investigação interligadas. Na primeira delas, nos dedicamos a investigar, de forma breve, como a medicina europeia do final do século 19 se mostrou obstinada em desvendar o verdadeiro sexo dos indivíduos. Realçamos algumas discordâncias no campo das ciências quanto aos corpos “ambíguos”, demonstrando que esses saberes se viam às voltas com incertezas quando se tratava das características a serem analisadas para a atribuição do sexo de pessoas como Herculine. Na segunda linha, delineamos um caminho diferente. Trata-se de ler as Memórias a contrapelo, ou seja, de ir de encontro às potencialidades dessa narrativa para transtornar a questão do verdadeiro sexo, revolvendo-a na direção de novas conexões coletivas, afetivas e inventivas. Herculine coloca em ação uma escrita enérgica e fragmentada, na qual o sexo já quase não conta mais. Com isso, ela devolve ao sistema sexo/gênero, de maneira metamorfoseada, a interrogação sobre o seu verdadeiro sexo, abrindo a seguinte questão: nós realmente precisamos de um verdadeiro sexo? Essa pequena questão, instaurada por Herculine no seio do sistema sexo/gênero, liga-se a aspectos coletivos mais amplos, que ultrapassam a sua condição singular e o seu contexto histórico.
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