Este artigo objetiva apontar alguns aspectos da participação de diversas etnias indígenas e comunidades tradicionais nos embates que envolvem os governos em suas esferas federal, estadual e municipal. Visa também evidenciar a questão dos acordos comerciais e a implantação de mais um dos empreendimentos de grande porte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que proporcionará grandes impactos ambientais e étnicos para as populações que estão dentro e no entorno da área afetada diretamente pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte - UHBM, no Estado do Pará. O discurso do progresso proferido pelos defensores da hidrelétrica confronta-se com os contextos e objetivos das comunidades que não visualizam os benefícios oriundos do empreendimento, estes indicadores de grandes transformações nos modos de vida, visto que a relação intrínseca com o rio será definitivamente rompida e a nova realidade se sobreporá em seus territórios, de modo que algumas de suas práxis existenciais não poderão ser realizadas em virtude da implantação da UHBM.
A expansão da fronteira agrícola brasileira na Amazônia gerou profundas mudanças nos modos de vida de povos e comunidades tradicionais e em suas relações com os recursos naturais. Os grandes projetos de infraestrutura implementados na Amazônia, na esteira do desenvolvimentismo, promoveram usos desiguais e insustentáveis do solo, tornando vulneráveis as populações indígenas e seus territórios. Neste artigo buscamos analisar as transformações na concepção e uso dos recursos florestais pelo povo indígena Paiter Suruí, na Terra Indígena Sete de Setembro. O estudo baseou-se no método documental e as análises foram conduzidas com base no Ecossocialismo (LÖWY, 2013; 2014). Os resultados apontam para uma compreensão crescente, por parte do povo Paiter Suruí, do valor da floresta em “pé” para geração de renda, principalmente por meio do uso da biomassa florestal para sequestro de carbono; indicam também a introdução dessa etnia no debate internacional sobre a crise ambiental e o aquecimento global.
O Estado de Rondônia apresenta uma imensa diversidade de povos originários do Brasil que mantém vivas as suas culturas, línguas e organizações sociais. Destes povos, as mulheres que fazem parte dos grupos que não se encontram em isolamento voluntário, são vinculadas à Associação de Guerreiras Indígenas de Rondônia (AGIR), primeira organização com caráter exclusivamente feminino e indígena do estado. Para este artigo, entrevistamos duas lideranças femininas indígenas durante a IV Assembleia Ordinária da AGIR, o que nos permitiu notar diferenças entre as realidade dos povos indígenas. A primeira entrevistada é de uma terra demarcada que possui lideranças femininas (cacicas); a terra Kaxarari. E a segunda entrevistada é de Porto Murtinho, considerado um território tradicional não demarcado como terra indígena; comandado por homens. Assim, para este trabalho, traçamos uma perspectiva de gênero a respeito da organização territorial e representação dentro de dois territórios com realidades distintas através da fala de suas lideranças femininas.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.