Veio a público há pouco uma coleção de cartas jesuíticas extraídas de duas edições espanholas publicadas em 1551 e em 1555, retraduzidas para o português e anotadas pela professora Sheila Moura Hue,da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio).Das dez cartas coletadas,seis foram retiradas da edição de 1551 e quatro da de 1555.Seus autores são Manoel da Nóbrega, Juan de Azpilcueta Navarro e José de Anchieta, com duas cartas cada,e Antônio Pires,Afonso Brás,Leonardo Nunes e Pero Correia,com uma carta cada.Embora seja uma pequena amostra, a edição tem o mérito de pôr à disposição do leitor algumas cartas importantes que relatam a primeira etapa do trabalho de colonização e catequese realizado pelos jesuítas. A edição mais completa dessas cartas é ainda aquela feita por Serafim Leite e publicada em três volumes (1956-1958) sob o título geral de Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, abrangendo documentos que circularam entre 1538 e 1563. Na primeira carta do volume, escrita por Nóbrega e datada de agosto de 1549,o jesuíta trata,de forma muito objetiva,da extensão,da povoação,do clima,das frutas,das carnes,dos povos e de seus hábitos ("fazem buracos nos beiços e nas ventas"), da ausência postulada de vida espiritual ("Esta gentilidade a nenhuma coisa adora, nem conhece a Deus"),de rituais conduzidos por feiticeiros,de comportamentos dos gentios como a comunhão de bens e a hospitalidade, do apego às coisas sensíveis ("perguntam se Deus tem cabeça, e corpo, e mulher, e se come, e de que se veste"). A outra carta de Nóbrega presente no volume, datada de 1551, é um papel muito breve e nele se destaca o relato de um milagre em que dois barcos de pesca que levavam índios cristianizados e gentios se perderam, resultando na morte de todos os gentios e na conservação de todos os cristãos. Além desse sinal da intervenção divina no trabalho missionário,des-CRÍTICA DEZ CARTAS JESUÍTICAS