Resumo.A clínica do trabalho vem se fortalecendo pela diversidade de formas e abordagens. No Brasil, seu desenvolvimento acompanhou, principalmente, a divulgação do enfoque teórico e metodológico da Psicodinâmica do Trabalho. A condução clínica no trabalho tem como propósito a emancipação e a construção de laços afetivos, além do desejo de resgatar a capacidade de pensar sobre o sofrimento no trabalho e seu compartilhamento com o coletivo de trabalhadores. No entanto, o contexto de trabalho pautado nos modelos de gestão neotayloristas ensina que não se fale o que se sente ou se vivencia. Existem angústias difíceis de nomear no ambiente laboral, e isso se deve à impossibilidade de sua expressão. Este artigo tem como objetivo discutir o poder da fala na clínica do trabalho como instrumento político, bem como refletir sobre o papel e a posição do clínico do trabalho. A palavra tem um poder de inscrever no simbólico o que escapa ao controle e permite, assim, a elaboração-perlaboração dos eventos; dessa forma, fundamenta-se que a palavra provoca afeto e desbanaliza as injustiças, bem como possibilita a elaboração do que faz sofrer. Destaca-se, ainda, que tal processo é viabilizado pela posição do clínico, que deve estar preparado para receber o que lhe vai ser depositado pelo sujeito.Palavras-chave: clínica psicodinâmica, trabalho, escuta qualificada.Abstract. The Work Clinic has been strengthened by the diversity of forms and approaches. In Brazil, its development followed mainly the dissemination of the theoretical and methodological approach to Psychodynamics of Work. The work clinic in the work environment aims for emancipation A palavra como laço social na clínica Psicodinâmica do TrabalhoThe word as a social bond in the Clinic of Psychodynamics of Work Victoria Ayelén Gómez
Esse artigo, de natureza teórica, objetiva investigar de que maneira o desenvolvimento do conceito dejouriano de mobilização subjetiva no trabalho pode estar atrelado ao conceito freudiano de sublimação. A leitura de Dejours sobre o processo de sublimação concebido por Freud e sua utilização na compreensão da relação do sujeito com o trabalho, permite ampliar a conceituação original e lançar luzes sobre a forma como o sujeito mobiliza-se subjetivamente no trabalho. Este itinerário reflexivo pode contribuir para fundamentar as intervenções propostas pela clínica psicodinâmica do trabalho e instrumentalizar os clínicos do trabalho a atuarem numa perspectiva de emancipação e engrandecimento subjetivo por meio do trabalho. Concebe-se a potência da clínica do trabalho como um dos meios para possibilitar abrir alguns canais na organização do trabalho de modo a favorecer a satisfação sublimatória.
O presente trabalho buscou investigar a queixa depressiva em mulheres na maturidade, a partir de eventos significativos ao longo de sua história de vida. Foram realizadas entrevistas clínicas com nove mulheres com diagnóstico de depressão. A análise das entrevistas indicou que as participantes enfrentaram situações de perda ou abandono dos pais, humilhações e maus-tratos, bem como privações econômicas em sua infância, que tiveram impacto sobre sua saúde física e mental. Já na vida adulta, algumas perderam filhos prematuramente. Há casos de violência conjugal. A queixa depressiva parece estar também relacionada a imagens autodepreciativas sobre o exercício dos papéis de mãe e esposa, com sentimentos de culpa e fracasso. O estudo aponta a necessidade de atenção clínica à história de mulheres que apresentam sintomas depressivos na maturidade. Indica-se ainda a discussão da categoria gênero na área da Saúde Mental, para a revisão de concepções históricas e culturais sobre o ciclo de vida feminino.
Na literatura, a maturidade feminina tende a ser caracterizada pela menopausa, saída dos filhos de casa, cuidado e/ou perda dos pais idosos e questionamento sobre as escolhas de vida. Outra questão associada é a possibilidade de ocorrência de sintomatologia depressiva. Nessa perspectiva, o presente trabalho buscou identificar eventos da maturidade possivelmente relacionados à depressão feminina. Nove mulheres com diagnóstico de depressão, atendidas num hospital público de Brasília, participaram de uma intervenção psicológica grupal. A análise dos encontros sugere que perdas associadas ao seu envelhecimento, como a ocorrência de limitações físicas, modificações na auto-imagem e nas relações interpessoais específicas da maturidade, bem como o receio de dependência familiar futura contribuíram para a sintomatologia em questão. A dificuldade de elaboração de novos projetos de vida, com a depreciação do valor pessoal, foi um outro fator possivelmente relacionado. Cabe avaliar desafios enfrentados pelas mulheres na maturidade para a compreensão da queixa depressiva e desenvolvimento de propostas de intervenção.
Neste artigo, discutimos como a linguagem cinematográfica produz verdades, a partir das contribuições dos filósofos Michel Foucault, sobre sexualidade e relações de poder, e Judith Butler, sobre gêneros inteligíveis. Ao longo do texto, a discussão é ilustrada através de filmes que trazem emblemáticas noções de masculinidades e feminilidades. Dentre as verdades neles produzidas, destacamos: o culto ao amor romântico; a repetição de regras que sustentam identidades de gênero tidas como hegemônicas; a relação entre masculinidade e violência; e a não inscrição das prá-ticas homoafetivas na concepção binária de masculino e feminino. Os enredos dos filmes nos mostram que tais verdades são constantemente negociadas e indicam ainda que as normas sobre sexo, desejo, prazer, masculinidades e feminilidades não são somente reproduzidas pois seus efeitos sobre os enredos particulares não terminam com o fim dos filmes. Palavras-chave Gêneros inteligíveis Relações de Poder Cinema Abstract Keywords Intelligible Genders Power Relations CinemaThis paper aims to discuss how cinematographic language produces truths about men and women. Throughout the text, we have used to illustrate some iconic films that bring notions of masculinity and femininity. The film we have chosen are works that have a distinct esthetic and markets, they are able to raise issues related to gender and sexuality in discussions against romantic love, identity, homosexuality, violence and techniques confession of truths, among others. We analyze the films from Michel Foucault perspective concern sexuality and power relations and Judith Butler about gender intelligible. The plots of the films show that such truths are constantly negotiated and further indicate that norms about sex, desire, pleasure, masculinity and femininity are not only reproduced as its effects on private plots do not end with the end of the film.Galvão-Viana, Luciene e Santos Carvalho, Isalena (2014). Gêneros inteligíveis em cena: o cinema e a produção de verdades sobre os corpos. Athenea Digital, 14(2), 171-193. http://dx.doi.org/10.5565/rev/athenea.1149 A vida é mais parecida com o cinema do que se sonha. (Quentin Crisp, no documentário O outro Lado de Hollywood, Friedman & Epstein, 1996).As artes em geral e o cinema em particular são, por vezes, concebidas como formas livres e desinteressadas de entretenimento. No entanto, a afirmação de que os filmes são somente ficção ou fonte de entretenimento é um poderoso efeito discursivo pelo qual o cinema pode se tornar um lugar de não questionamento das relações de poder que o constituem. Ao considerar que um filme é somente uma ficção, poupamo-nos de discutir a relação de retroalimentação entre os modos de vida e as narrações fílmicas, as 171
Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.Resumo. Na psicose, há um sujeito da linguagem, que, através do delí-rio, tenta reconstruir para si algum lugar possível de existência no mundo. Assim, é a função do delírio na psicose que o presente trabalho discute por meio do caso de uma paciente atendida em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da Ilha do Maranhão (MA). A discussão se pauta nas teorizações de Freud e, especificamente, de Lacan, sobre a clínica das psicoses. São contextualizadas as histórias de vida e de inserção no CAPS da paciente, de modo a abordar o desenvolvimento do delírio nesse percurso. Discute-se como da relação com um pai-de-santo à expectativa de envolvimento com um pastor, há uma tentativa de suplência do significante Nome-do-Pai. A construção delirante fornece um nexo às questões da paciente. A ausên-cia de uma necessária escuta do delírio interfere na avaliação pela equipe de seu trabalho diante do endereçamento que o paciente faz à instituição de saúde mental.Palavras-chave: psicose, delírio, significante Nome-do-Pai.Abstract. In psychosis, there is a subject of language, which through the delirium, tries to rebuild a place for its own existence somewhere in the world. The role the delirium plays in psychosis is discussed in this paper, focusing on the case study of a patient treated at a CAPS of Ilha do Maranhão (MA). The discussion is guided by Freud's, and specifically Lacan's theories, on the clinic of psychosis. The life stories and the admittance of the patient into CAPS are contextualized, in order to address the development of the delirium. It discusses how the patient's relationship with a "pai-de-santo", and the hope of one with a preacher, were attempts to substitute the signifier Name-of-the-Father. The patient's delusional construction provides a link to the patient's questions. Not listening to the delirium, which is necessary, interferes with the evaluation of the patient's addressing to the mental health service.
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