Desde 1996, o Brasil mantém políticas internacionalmente conhecidas como de acesso universal ao tratamento especializado em HIV/AIDS. Observa-se, que o impacto da iniciativa tem sido desigual entre diferentes populações e regiões brasileiras. Desde uma perspectiva de gênero, o estudo buscou avaliar o acesso a um serviço especializado em HIV/AIDS localizado em Salvador, Bahia, identificando fatores facilitadores e obstaculizadores ao acesso e continuidade do uso vivenciados por mulheres vivendo com HIV/AIDS. Foram realizadas observação participante e entrevistas semi e não estruturadas com 13 usuárias. Resultados indicaram que a organização das rotinas do serviço e as relações travadas entre usuários e entre eles e trabalhadores em saúde condicionavam-se por valores, concepções e práticas associados a gênero, classe e aparência. O acesso e continuidade do uso no Serviço de Atenção à AIDS de Salvador eram condicionados à disponibilidade de bens sociais e simbólicos; o serviço apresentava capacidade limitada de adequação às especificidades dos usuários. Os achados apontam para limitações da operacionalização das políticas de acesso universal; e reforçam a necessidade de estudos que considerem a noção de vulnerabilidade e regionalização da epidemia no Brasil.
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