<p>Segundo o Banco Mundial, a extração dos recursos naturais é uma possibilidade única de financiamento rápido do desenvolvimento econômico e da redução de pobreza, principalmente nos países do Sul Global. Ao contrário dos países centrais, que implementaram progressivamente políticas neoliberais principalmente a partir dos anos 1970, Moçambique apresenta uma trajetória econômica enquanto país independente ainda muito recente. O país começou a implementar reformas de ajuste estrutural do Banco Mundial e do FMI a partir de 1987, com o Programa de Reabilitação Econômica (PRE), que marcou a sua transição para uma economia de mercado. A estabilidade dos indicadores políticos e econômicos no período pós-guerra fez com que Moçambique fosse retratado como um caso de sucesso pelo FMI, Banco Mundial e comunidade de doadores internacionais. O recente expressivo crescimento econômico do país foi impulsionado pela grande quantidade de investimento estrangeiro direto destinada à implementação de megaprojetos no setor extrativo. Neste contexto, a corporação multinacional brasileira Vale S.A. ganhou, em 2004, uma concessão para extração de carvão na Província de Tete. A partir de evidências empíricas da atuação socioambiental da Vale no país, argumenta-se que o processo de neoliberalização gerou uma abertura na governança para que empreendedores privados passassem a atuar enquanto agentes centrais na promoção do desenvolvimento local. Apesar disso, nos arredores das operações da Vale é possível observar espaços normalmente caracterizados por baixos níveis de desenvolvimento humano e conflitualidade latente, o que acentua o paradoxo central da economia política moçambicana contemporânea: crescimento econômico com aumento da pobreza e da desigualdade.</p>
This article offers a review of the recent trajectories of political ecologies as communities of practice and movements for environmental justice, as well as a paradigm of scientific analysis. In this introduction to the 2021 special issue “Decolonial Insurgencies and Emancipatory Horizons: contributions from Political Ecology” of the Ambiente & Sociedade journal, we present a reflection on the contemporary socio-environmental reality, characterized by crises, environmental destruction, and climate emergency, focusing on the role of political ecology as a privileged space to critically discuss the socio-environmental relations that constitute new forms of violent appropriation of nature. Facing the tension of the current context marked by the rise of phenomena such as authoritarianism, climate change denial, and inequality, we highlight the construction of counter-narratives and alternatives that mobilize other horizons of emancipation and living projects through insurgencies and movements that emerge from the protagonism of marginalized populations and struggles for environmental justice.
Nesta entrevista, a socióloga Maristella Svampa, uma das grandes expoentes da ecologia política latino-americana, apresenta reflexões entre a constatação de que vivemos um colapso ecológico global, os limites e omissões das ciências sociais no Antropoceno, bem como a necessidade da transdisciplinariedade e da conexão das agendas de luta em diferentes escalas para se construir novos horizontes.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.