O hiato entre a investigação e a prática, que se traduz numa deficiente utilização de práticas baseadas em evidências, é uma questão que preocupa muitos investigadores no campo da Intervenção Precoce. Neste trabalho procurámos perceber, através dum estudo de caso, se, entre nós, à adesão às práticas centradas na família, correspondiam de facto conteúdos e/ou práticas idênticas às que hoje se defendem com base em evidências. O nosso objectivo não era a generalização dos resultados, mas a compreensão da implementação destas práticas de uma forma mais descritiva e processual, identificando eventuais áreas a aperfeiçoar. Os resultados apontam para a existência de lacunas a nível das práticas dos profissionais que nos deixam pistas de reflexão que podem ser úteis, quer para a melhoria da qualidade das práticas, quer para futuras investigações que visem aprofundar algumas das questões levantadas, tais como: a necessidade de diversificar as respostas em função das problemáticas, bem como a necessidade de uma maior eficácia a nível da utilização do PIAF, da mobilização das redes de apoio social da família, da coordenação recursos e serviços, da formação e supervisão dos profissionais e da investigação.Palavras-chave: Diversificação de respostas, Hiato entre investigação e prática, Intervenção centrada na família, Intervenção precoce, Práticas baseadas em evidências. (Shonkoff & Phillips, 2000), refere-se que existem hoje evidencias suficientes para se afirmar que programas que desenvolvem intervenções cuidadosamente desenhadas, com objectivos bem definidos podem influenciar o comportamento dos pais e o desenvolvimento das crianças, quer com deficiências ou incapacidade diagnosticadas, quer em situação de desvantagem socioeconómica e/ou com famílias disruptivas. Nas conclusões do relatório do Committee on Integrating the Science of Early Childhood DevelopmentOs programas que hoje se consideram de qualidade no âmbito da intervenção precoce (IP), enquadram-se nas teorias actuais do desenvolvimento, nomeadamente, nas teorias transaccionais, bioecológicas e sistémicas (Bronfenbrenner, 1995;Bronfenbrenner & Morris, 1998;Lerner, 2002;Sameroff, 1995;Sameroff & Fiese, 1990 Turnbull & Turnbull, 1986;Wachs, 2000), que se foram progressivamente afirmando nesta área, chamando a atenção para a importância das interacções dinâmicas que se estabelecem entre a criança e o meio envolvente e para o impacto directo e indirecto que os diferentes contextos têm no seu desenvolvimento. 5A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para:
Tendo como quadro conceptual de referencia o modelo de Bronfenbrenner (1979,1998) para a teorização e práticas da Intervenção Precoce, os autores vão, na primeira parte deste artigo, analisar o “estado da arte” da Intervenção Precoce nos EUA, à luz do trabalho de Bailey e Wolery (2002). Em seguida, vão confrontar os principias problemas referenciados nesta ´área nos EUA, com os problemas detectados na situação portuguesa através do estudo de Bairrão e Almeida (2002). Desta análise comparativa ressalta a grande distância que nos separa dos EUA em matéria de intervenção Precoce, tanto no domínio teórico como no das práticas. Os principais problemas que a Intervenção Precoce revela entre nós, aliás comuns aos demais domínios da educação, são: a inexistência de uma organização eficaz de recursos, a ausência de uma planificação realizada com base em opções e objectivos bem determinados e, claro está, um financiamento ajustado às necessidades das crianças com necessidades educativas especiais e suas famílias.DOI: http://dx.doi.org/10.17575/rpsicol.v17i1.436
Este artigo apresenta o trabalho desenvolvido pelo Grupo Técnico de Investigação (GTI), que resultou de uma parceria da Associação Nacional de Intervenção Precoce (ANIP) com diferentes instituições do ensino superior nacionais e que contou com a orientação científica do Professor Robin McWilliam. Esta parceria teve como objectivo organizar e implementar uma formação para profissionais de Intervenção Precoce (IP) designada a promover práticas centradas na família e baseadas nas rotinas. O enquadramento conceptual subjacente a este modelo de formação baseia-se em teorias desenvolvimentais--contextualistas que fundamentam práticas de IP inseridas em oportunidades de aprendizagem em contextos naturais. De acordo com esta perspectiva McWilliam (2005) refere os conceitos de envolvimento, independência e relações sociais, bem como quatro dimensões do processo de ensinoaprendizagem em contextos de educação, nomeadamente ambiente, actividades, abordagem inicial e interacções, e especifica como estes podem ser utilizados para planificar intervenções promotoras da qualidade das interacções da criança. São descritas as componentes do modelo de formação, bem como linhas de investigação decorrentes deste projecto. Com o apoio inicial da Fundação Luso-Americana, constituiu-se o Grupo Técnico de Investigação (GTI), que resultou do estabelecimento de parcerias entre a ANIP, as Universidades Palavras-chave: 83A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para:
O presente artigo descreve projectos de Intervenção Precoce (IP) e de investigação que Joaquim Bairrão dinamizou, desde a década de 1980, aquando da introdução pioneira desta área em Portugal, até ao momento actual. Serão descritos os principais resultados da implementação do primeiro programa de IP no nosso país, o Modelo Portage para Pais, bem como trabalhos de mestrado e de doutoramento subsequentes e que reflectem a evolução conceptual dos modelos de IP a nível internacional. A concretização destes estudos, sob a orientação de J. Bairrão, reflecte o seu papel inovador na implementação de estudos pós-graduados em IP, bem como na ligação entre investigação e trabalho na comunidade, desenvolvido no âmbito do Projecto de IP de Matosinhos. A implementação de práticas inovadoras e baseadas em recomendações internacionais no âmbito de tais estudos e projectos, não só reflectem uma forte convicção que orientou o trabalho científico de J. Bairrão, como constituem um valioso legado no domínio da Psicologia do Desenvolvimento e da Educação da Criança.DOI: http://dx.doi.org/10.17575/rpsicol.v23i2.325
BACKGROUND: Examining changes in brain activation linked with emotion-inducing stimuli is essential to the study of emotions. Due to the ecological potential of techniques such as virtual reality (VR), inspection of whether brain activation in response to emotional stimuli can be modulated by the three-dimensional (3D) properties of the images is important. OBJECTIVE: The current study sought to test whether the activation of brain areas involved in the emotional processing of scenarios of different valences can be modulated by 3D. Therefore, the focus was made on the interaction effect between emotioninducing stimuli of different emotional valences (pleasant, unpleasant and neutral valences) and visualization types (2D, 3D). However, main effects were also analyzed. METHODS:The effect of emotional valence and visualization types and their interaction were analyzed through a 3×2 repeated measures ANOVA. Post-hoc t-tests were performed under a ROI-analysis approach. RESULTS: The results show increased brain activation for the 3D affective-inducing stimuli in comparison with the same stimuli in 2D scenarios, mostly in cortical and subcortical regions that are related to emotional processing, in addition to visual processing regions. CONCLUSIONS: This study has the potential of clarify brain mechanisms involved in the processing of emotional stimuli (scenarios' valence) and their interaction with three-dimensionality.
A Intervenção Precoce dirige-se às famílias e às crianças. Deverá, portanto, preocupar-se com os aspectos ligados à promoção do desenvolvimento da criança, assim como com o apoio global à família. Na perspectiva ecossistémica, que hoje se defende, estas respostas deverão ser integradas e inserir-se nos contextos de vida das famílias. Pôr em prática este tipo de abordagem não é fácil emesmo em países como os Estados Unidos, se reconhece a existência de uma discrepância entre as práticas ideais dos profissionais e as suas práticas reais (Bailey,1994). E em Portugal, o que se passa? Sobre isto tentámos deixar algumas pistas com base em alguns dados empíricos.
Research studies on Early Childhood Intervention (ECI) in Portugal are diffuse regarding both program components and the geographical area under scrutiny. Since the 1990s, a growing body of knowledge and evidence in ECI is being gathered, based on postgraduate teaching, inservice training, and research. This article draws on the systems theory perspective outlined in the Developmental Systems Approach to Early Intervention (Guralnick, 2001, 2005a, 2011) in order to: (a) depict paradigmatic shifts and scientific evidence, as well as social and political factors, setting the ground for the development of ECI policies and services in Portugal; (b) describe the current Portuguese legislation that recently established a statewide ECI system, and deductively analyze its content regarding the structural components of Guralnick´s Model; (c) examine the current status of ECI services according to the core principles and components of the Developmental Systems Model. Inspired in Guralnick´s suggestion (2000) the discussion addresses existent problems at different levels of the system, proposing an agenda for change in ECI in Portugal, underlining the need for the co-construction of a new culture based on scientific evidence and on in-depth dialogues between researchers, practitioners, and communities.
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